O ASSASSINATO DE ZUMBI: O SADISMO DE UM CRIME*
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1. Qual a Estrutura Física de Zumbi? | |||
A trajetória de Zumbi, apesar de ter sua origem na violência,
no ódio e no preconceito então existentes, contém uma rara
beleza, pois se trata de uma história onde mistério, religião
e habilidade militar misturam-se. Pode, por isso, ser dividida
em três fases distintas: a da infância, a da adolescência
e, finalmente, a adulta.
A fase da infância e da adolescência é um misto de mistério
e religião. Explico-me: narra-se em duas cartas que existiam
na casa da marquesa de Cadaval que “foram copiadas em 1978
a pedido do historiador gaúcho Décio Freitas” antes que fossem
“roubadas por um pesquisador disfarçado de paralítico em cadeiras
de rodas”, que quando Francisco Barreto era governador da
capitania de Pernambuco, Brás da Rocha Cardoso, em 1655, comandou
uma expedição punitiva aos Palmares onde foi capturada uma
criança negra recém-nascida. Esta criança foi entregue a um
padre chamado Antônio de Melo que, movido pela compaixão,
a batizou com o nome de Francisco (talvez porque seu batismo
realizou-se no dia destinado a este Santo) e a criou e educou
nos moldes destinados exclusivamente aos filhos brancos dos
poderosos senhores de engenho, ensinando-a português e latim
e, inclusive, tornando-a coroinha, nas colinas verdejantes
de Porto Calvo de onde se ouvia o cantar das aves nas florestas
dos Palmares.
Numa bela noite de luar de 1670, “Francisco”, já então
com quinze anos de idade, movido pelo amor humano e divino,
é claro que à sua gente e aos deuses africanos, tomou uma
decisão inaudita: internou-se nas matas dos Palmares e se
transformou em Zumbi.
Bela história! Mas, não parece uma lenda?
Porque a necessidade da participação do branco na formação
do grande guerreiro negro?
Já a fase adulta de sua vida que inicia com a fuga,
e termina em 20 de novembro de 1695, com o seu assassinato,
encontra-se fartamente documentada e caracteriza-se pelas
sucessivas derrotas militares, morais e diplomáticas impostas
a seus adversários, pela não aceitação do Pacto de Cucaú e,
principalmente, por sua permanência nos Palmares respondendo
a altura os absurdos e infames castigos aplicados a seus semelhantes
nas áreas urbanas e rurais da então Capitania de Pernambuco.
Que brusca mudança na personalidade do coroinha! Em
vez de uma vida sossegada e cheia de paz sob a proteção da
Igreja, optou por ficar em Palmares onde não havia nada para
ele a não ser a guerra, a dor e o sofrimento.
O único documento, até aqui descoberto, que fornece
elementos que nos possibilitam respondermos a pergunta inicial,
é o denominado por Décio Freitas de “A
Cabeça de Zumbi”. Nele afirma-se que o físico de Zumbi
era raquítico, pois o mesmo possuía “um corpo pequeno e magro”
(1) (Fig. 01).
Esta afirmação difere completamente do que diz “A Relação das guerras feitas aos Palmares
de Pernambuco no tempo do Governador D. Pedro de Almeida,
de 1675 a 1678” onde, entre outras informações, consta que os chefes
palmarinos eram “corpulentos e valentes todos” (2).
As duas fontes históricas foram produzidas pelos vencedores.
Porque, então, a aparente disparidade? É que a primeira foi
escrita quando o líder negro já estava morto, por pessoas
que lhe devotavam um ódio imortal e por isso tinha o objetivo
de diminuir, de desmoralizar. É necessário, portanto cautela
em sua interpretação porque, ao invés do que afirma o referido
documento, “O Tigre dos Palmares” poderia ter sido um guerreiro
alto e de porte atlético.
Os objetivos da segunda eram diferentes: propalar uma
das maiores mentiras da história dos Palmares disseminando
a notícia de que o capitão Fernão Carrilho havia destruído
a “República Negra”, supervalorizando assim as realizações
do então governador da Capitania de Pernambuco, D. Pedro de
Almeida e as habilidades militares do mencionando capitão.
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Fig. 01. Zumbi: “corpo magro e pequeno”?
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2. Onde, Quando e Quem
feriu Zumbi?
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____Os mais renomados historiadores
da “Tróia Negra” atribuem a Manuel Lopes
Galvão o mérito de ter sido o primeiro a ferir
Zumbi, à bala. Este ferimento “o deixaria coxo”,
ou seja, aleijado de uma perna (Fig. 02). Como o combate realizou-se
em 1676, num ponto de impossível localização,
pois situado no vastíssimo território que constituía
os Palmares, Zumbi tinha apenas vinte e um anos.
____Não considero esta opinião totalmente inaceitável. Acho, porém, que ela é passível de discussão por dois motivos principais: primeiro, porque um dos aspectos da vida militar de Zumbi que mais impressionam é a sua extrema mobilidade: ele percorria a imensa e difícil região palmarina com uma rapidez inacreditável. Em pequenos espaços de tempo irrompia nos mais diversos e distantes locais. Fato que, por várias vezes, deixou seus algozes perplexos. ____Nós perguntamos: como uma pessoa que guiava guerreiros, conduzia e cuidava de mulheres, velhos, velhas e crianças e ainda era coxo, ou seja, “aleijado de uma perna”, podia se movimentar tão rápido nas intrincadíssimas e perigosíssimas selvas palmarinas? ____De imediato surgem duas explicações: ou existia mais de uma pessoa com o nome de Zumbi, ou o único Zumbi existente não foi ferido em 1676! Mas, se Zumbi não foi ferido em 1676 por Manuel Lopes Galvão, quando ele foi ferido, por quem e onde? ____Nossa resposta iremos buscar nos itens 9º e 11º do documento número 54, do livro “As Guerras nos Palmares” (subsídios para a sua história), de Ernesto Ennes, onde Domingos Jorge Velho afirma que por ocasião da queda da Fortaleza em 06 de fevereiro de 1694, Zumbi não morreu, e sim, “levou duas pelouradas” e que sua morte deu-se somente “em vinte de novembro de seiscentos e noventa e cinco” (3). ____O que significa pelourada? Segundo o Aurélio, pelourada é um “tiro de pelouro” e pelouro é uma “bala de ferro ou de pedra, esférica, empregada antigamente em peças de artilharia”. ____Em 1694, Zumbi tinha trinta e nove anos de idade. Por maior que seja a nossa perplexidade ou mesmo nosso conservadorismo sabemos que esta hipótese além de explicar determinados fatos é perfeitamente plausível. ____Às vezes a verdade encontra-se tão perto de nós que deixamos de enxergá-la. |
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Fig. 02. Ferimento de Zumbi: Manuel Lopes
Galvão ou Domingos Jorge Velho?
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3. O assassinato de
Zumbi
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____Os
que fugiram dos engenhos para a região que ficou conhecida
com o nome de Palmares encontraram uma segunda Canaã,
uma segunda Terra Prometida. Apesar das profundas cicatrizes
deixadas pela saudade do torrão natal e pelos desumanos
tratos recebidos, se contentaram com a tranqüilidade de
nossos bosques, com a fartura de nossa fauna, com a fragosidade
de nossa flora e com a exuberância de nosso solo. Queriam
apenas viver em paz. Serem tratados como seres humanos. Ter
o direito a terra. Trabalhá-la e dela retirar sua subsistência.
Não puderam porque os ditos supercivilizados da época
lhes impuseram um pavoroso regime: o do terrorismo. Achando
pouco a quantidade de terras e de escravos que possuíam,
invadiam seu território, incendiavam suas plantações,
destruíam suas criações, queimavam suas
povoações, raptavam suas crianças e mulheres,
matavam seus guerreiros e, os poucos que sobreviviam, eram submetidos
a uma bárbara escravidão. As perdas causadas por
estas investidas eram terríveis. Para evitá-las
eram obrigados a viver como ciganos, ou seja, em constante processo
de mudança. Se por um lado este comportamento “resolvia”
a situação, por outro, só piorava, pois
cada vez que isto acontecia tudo o que havia sido construído
através de árduo trabalho, era deixado para trás,
destruído. É difícil, muito difícil,
viver sempre recomeçando.
____Cansado de tantos “começar de novo” Zumbi decidiu se fixar em determinado ponto, construir uma fortaleza e partir para o “tudo ou nada”. Tinha consciência de que se vencesse o que se conhece por “Lei Áurea” entraria em vigor em 1694, pois a repercussão de sua vitória seria tão grande que todos os escravos se rebelariam e a escravidão acabaria. ____Sabedoras desta decisão as tropas luciferinas se puseram em marcha. Nunca se vira tão grande exército. Tantos demônios juntos. Sitiaram a fortaleza. Após vinte e dois dias de combates, onde coragem, valentia e inteligência não faltaram a seus defensores, o gigantesco baluarte erguido para defender o direito de ser livre e de ser humano é incendiado. Ardeu como no passado arderam as fogueiras da Inquisição, o castelo de Montségur, com os cátaros e como no futuro arderia os fornos de Auschwitz com os judeus! Que destino trágico para a liberdade! ____Zumbi, não podia morrer. Era fundamental que permanecesse vivo. De sua incontestável liderança, indômita bravura e insubstituível presença física dependia a reunificação do pouco que restara. Seus guerreiros o defenderam e ele, mesmo atingido por “duas pelouradas” (4) conseguiu livrar-se da morte. ____Internou-se nas matas mais inóspitas a procura de um lugar seguro. De um lugar onde pudesse recobrar suas forças, colocar sua consciência e seu raciocínio em ordem e reagrupar seus guerreiros. Encontrou-o e lá construiu o seu esconderijo que consistia de “um sumidouro que artificiosamente havia fabricado” (5). ____Aos poucos a localização de seu esconderijo tornou-se razoavelmente conhecida por outros que se tornariam seus piores inimigos: aqueles que apesar de fazerem parte de seu círculo intimo eram, na realidade, verdadeiros parias, calhordas e judas camuflados, pois só esperavam uma única oportunidade para mostrar sua verdadeira face. ____Um deles, chamado Antônio Soares, em troca de mercês, foi quem guiou o capitão André Furtado de Mendonça ao esconderijo. Neste local, onde Zumbi “pelejou valorosa ou desesperadamente, matando um homem ferindo alguns e não querendo render-se...” (6), foi cometido um dos mais hediondos e sádicos crimes de que se tem notícia em toda a história do Brasil: Zumbi foi assassinado por “quinze ferimentos de bala e muitos de lanças vendo-se ainda que o membro da virilidade do dito negro se havia cortado e enfiado na boca também lhe faltando um olho e se lhe cortara a mão direita” (7) (Fig. 03). |
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Fig. 03. O assassinato de Zumbi: o sadismo
de um crime
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____O
cadáver foi levado para Porto Calvo. Testemunhas confirmaram
tratar-se de Zumbi. Como anteriormente, por inúmeras
vezes, afirmara-se, falsamente, terem conseguido sua morte,
resolveram mandar um negro decepar sua cabeça (Fig. 04)
e salgá-la “com sal fino” (Fig. 05) para
enviá-la ao “Governador de Pernambuco Caetano de
Melo de Castro” (8) como prova irrefutável e definitiva
de sua morte.
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Fig. 04: Decapitação da cabeça
de Zumbi
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Fig. 05: A Cabeça de Zumbi sendo salgada
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____O
governador ao receber o macabro presente determinou que “se
pusesse em um pau, no lugar mais público daquela praça,
a satisfazer os ofendidos e justamente queixosos, e atemorizar
os negros que supersticiosamente julgavam-no imortal”
(9) (Fig. 06).
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Fig. 06: A Cabeça de Zumbi espetada
em um pau
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____Porque
lhe deceparam a cabeça? Cortaram-lhe a mão direita?
Arrancaram-lhe um olho? Castraram-no e enfiaram o pênis
em sua boca? Porque tanto sadismo?
____Não devemos procurar as respostas em explicações desmoralizantes. Estas são totalmente descabidas. As explicações estão nos documentos que nos informam, direta ou indiretamente, o porque deste crime. Em resumo, poderíamos dizer que tamanho sadismo foi devido ao fato de Zumbi, com toda a razão, ter, na medida do possível, pago com a mesma moeda todo o mal que fizeram a sua gente. ____Qual não foi a surpresa dos escravos ao verem a cabeça de seu amado líder naquele estado? Aquela seria mesmo a sua cabeça? Não estariam querendo enganá-los? Como poderiam matá-lo se ele era imortal? ____Zumbi estava realmente morto. É impossível imaginar o tamanho da dor, do desespero e da falta de esperança que sua morte causou aos escravos. Ele não era fisicamente imortal como acreditavam. Imortal era e continua sendo a sua luta, pois neste País os grandes e pequenos engenhos com suas grandes e pequenas senzalas foram simplesmente substituídos pelas grandes e pequenas cidades, aquelas com suas favelas e estas com seus mutirões. ____Zumbi é um exemplo a ser rigorosamente seguido. Aloisio Vilela de Vasconcelos
Bibliografia
(1) FREITAS, Décio. República
dos Palmares: pesquisa e comentários em documentos históricos
do século XVII. Maceió: EDUFAL: IDEÁRIO,
2004, doc. 43, p. 193.
(2) Relação das guerras feitas aos Palmares de Pernambuco no tempo do Governador D. Pedro de Almeida, de 1675 a 1678. RIHGB, tomo XXII, 1859, pp. 303-329. (3) ENNES, Ernesto. As guerras nos Palmares (Subsídios para a sua história). Rio de Janeiro. Companhia Editora Nacional, 1938, doc. 54, pp. 317-344. (4) Ibid.p. 323. (5) Ibid.p. 261. (6) Idem. (7) FREITAS, Décio. República dos Palmares: pesquisa e comentários em documentos históricos do século XVII. Maceió: EDUFAL: IDEÁRIO, 2004, doc. 43, p. 193. (8) Idem. (9) ENNES, Ernesto. As guerras nos Palmares (Subsídios para a sua história). Rio de Janeiro. Companhia Editora Nacional, 1938, doc. 39, pp. 260-261. (*) Este artigo foi publicado, parcialmente ou totalmente, nos seguintes meios de comunicação: a. Portal Caruaru. 26.12.2005; b. InformeSergipe. Variedades. 30/11/2005; c. http://www.vicosadealagoas.com.br/pg_livros.htm#. http://www.aloisiovilela.com/artigos.htm |
Academia Portocalvense de História, Letras e Arte – com sigla A.P.H.L.A, fundada em 26 de abril de 2012, Porto Calvo, Alagoas, é uma academia de letras brasileira. Fundada por intelectuais alagoanos, entre eles Jefferson Murilo Palmeira Chaves , Carlos Henrique Palmeira Chaves, Amaro Patrúcio, Adelmo Monteiro, Jossana Cabral, Severino dos Ramos Barbosa, Cláudia da Cunha entre outros.
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
O ASSASSINATO DE ZUMBI: O SADISMO DE UM CRIME - PROFESSOR ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS -UFAL
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
O MILAGRE DOS PÁSSAROS - ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS
O MILAGRE DOS
PÁSSAROS
ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS
Somos viajantes do
tempo. Estamos no Recife no dia 14 de abril de 1631, observando o conturbado
início da invasão holandesa. Vemos chegar o general Pater com quatro navios e
centenas de militares com ordens expressas da Assembléia dos XIX, da Companhia
das Índias Ocidentais, para que o Governador e o Conselho Político incluíssem
ao domínio holandês a ilha de Itamaracá.
Em 22 de abril, uma
expedição composta por quatorze navios e 1260 homens, parte para o seu destino.
Por engano, desembarcam num canal ao sul de onde pretendiam, ou seja, longe da cidade
e da fortificação e aí, após algumas explorações infrutíferas, resolvem acampar
e construir um forte.
Ato contínuo relata
Joannes de Laet, à página 206, do Livro Oitavo, de sua “História dos Feitos da
Companhia Privilegiada das índias Ocidentais, desde o seu começo até o final do
ano de 1636”: “Antes de deixarmos este forte, vamos referir um fato admirável. Um
pouco ao norte do acampamento havia uma pequena ilhota, distando menos de um tiro
de pistola, e que com a maré cheia ficava inundada, e estava coberta de
pequenos arvoredos e arbustos; nesse mato vinha aninhar-se todas as noites, às
seis horas, uma quantidade extraordinária de pássaros de tamanho regular e
pequenos, que, ao chegarem, quase faziam escurecer o céu como uma nuvem, e no
dia seguinte pela manhã, às seis horas, retiravam-se. Mas o que causou
estranheza foi que, apesar da presença tão próxima da nossa tropa e de todos os
tiros e gritos, essas aves nunca deixaram de chegar à hora habitual, até todo o
mato ficar arrasado pela nossa gente e a fortificação ser ocupada”.
Trata-se de um fato
admirável, pois sabemos que os pássaros, com o menor barulho, se assustam e
fogem desesperados. Por que, então, os pássaros de que fala Joannes de Laet, apesar
do barulho infernal causado pela máquina de guerra, a presença humana com os
gritos de ordem, de dor e de desespero, só abandonaram o local após a completa
destruição da vegetação e ocupação da fortificação?
É, realmente,
estranho. Tão estranho que não se pode hesitar em classificá-lo como um fato
milagroso, uma vez que acontecimentos milagrosos ocorrem quando o Intangível
interfere no curso normal da natureza. O homem primitivo, não
completamente destituído de razão, atribuía origem sobrenatural a certas anomalias do mundo natural. Os Livros Sagrados,
das mais diversas culturas, estão repletos de relatos de milagres e aparições e
determinados casos nos fazem crer que esta interferência no mundo físico
continuou através das diversas Idades atribuídas a nossa História – Antiga,
Média, Moderna, início e meados da Contemporânea – e continua na atualidade,
pois manifestações e aparições de Jesus e da Bem Aventurada Sempre Virgem Maria
têm aparecido em diferentes épocas, locais e materiais: a inexplicável imagem
do Santo Sudário, da tilma do índio Juan Diego e as incontestáveis aparições de
Nossa Senhora de Guadalupe, no México, de Lourdes, na França e de Fátima, em
Portugal são apenas alguns exemplos mundialmente conhecidos e famosos.
O que mais impressiona é o fato de que se
levarmos em conta o caráter rural, a complexidade do ambiente, o estímulo a
religiosidade, a consonância com a crença religiosa, a devoção a “Rainha do
Céu” e a existência de fenômenos paranormais em nosso mundo, o que Joannes de
Laet considerou como “fato admirável” obedece, rigorosamente, a alguns dos mandamentos
básicos das teofanias e aparições.
Portanto, salvo exagero
– já que não há nenhum motivo para fraude, pois Joannes de Laet era um rigoroso
protestante – não vejo nenhum absurdo em se rotular o ocorrido na ilha
pernambucana de Itamaracá como “O Milagre dos Pássaros”.
Os exércitos
holandeses e luso-espanhóis não sentiram o exuberante cheiro do perfume do
Transcendente e nem entenderam a sua doce e solene intervenção, pois
continuaram a se digladiar.
Por isso, não posso conceber
este acontecimento sem que nossa Divina Mãe, com lágrimas nos olhos, por ver
seus amados filhos se matando, não tenha exclamado o que escrito foi pelo
Profeta Jeremias em Lamentações 1, 12:
"Ó vós todos que passais pelo caminho,
parai e vede se há dor semelhante à minha dor".
PROFESSOR ALOISIO
VILELA DE VASCONCELOS
( UFAL)
http://www.aloisiovilela.com/
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Vladimir Gracindo Soares Palmeira, 63, foi um dos principais líderes estudantis durante o regime militar. Entre outros feitos, Palmeira ajudou a organizar da Passeata dos Cem Mil. Por esse e outros motivos, ele acabou preso pelos militares três vezes.
"Movimento estudantil está parado no tempo", diz protagonista da resistência de 1968.
"Vladimir Gracindo Soares Palmeira, 63, foi um dos principais líderes estudantis durante o regime militar. Entre outros feitos, Palmeira ajudou a organizar da Passeata dos Cem Mil. Por esse e outros motivos, ele acabou preso pelos militares três vezes".
"Movimento estudantil está parado no tempo", diz protagonista da resistência de 1968
WANDERLEY PREITE SOBRINHO
colaboração para a Folha Online
colaboração para a Folha Online
Vladimir Gracindo Soares Palmeira, 63, foi um dos principais líderes
estudantis durante o regime militar. Entre outros feitos, Palmeira
ajudou a organizar da Passeata dos Cem Mil. Por esse e outros motivos,
ele acabou preso pelos militares três vezes.
17.dez.2005/Folha Imagem |
Wladimir Palmeira foi um dos líderes do movimento estudantil em 1968 no Rio |
Sua última prisão ocorreu durante um congresso clandestino da UNE (União
Nacional dos Estudantes) em Ibiúna (SP) em 1968, quando o ex-ministro
José Dirceu também foi detido.
Palmeira foi libertado somente em setembro de 1969, quando a resistência
armada seqüestrou o embaixador americano Charles Burke Elbrick e pediu
em troca a libertação dele e de outros 14 líderes estudantis. Depois de
solto, Palmeira ficou dez anos no exílio.
Em entrevista para a Folha Online, Palmeira lembra de sua atuação
naquele período e fala com desânimo sobre o movimento estudantil do
século 21. "O movimento tenta repetir o que fizemos no passado. Os
tempos são outros", diz.
06.ago.1968/Folha Imagem |
Polícia contém manifestação contra prisão de Vladimir Palmeira, no centro do Rio |
Folha Online - Quando foi que o senhor decidiu cuidar não só dos interesses universitários e lutar contra a ditadura?
Wladimir Palmeira - Era impossível ser de outro jeito. Em
primeiro lugar, eu já era de esquerda antes do movimento estudantil. Eu
achava que para evitar a derrubada de Jango, [presidente deposto pelo
golpe militar], nós deveríamos aderir à luta armada. Mas quando
ingressei no movimento, acabei sendo impelido a lutar contra a ditadura
porque a própria polícia politizava tudo. Não podíamos pedir qualquer
melhoria na universidade que a polícia invadia e reprimia tudo. A
solução era lutar contra todo o sistema político.
Folha Online - Qual foi o momento que o colocou entre os líderes estudantis?
Palmeira - Fui líder de massa quase por acaso. Eu nem sabia que
tinha vocação. Tudo começou quando o diretor da UFRJ (Universidade
Federal do Rio de Janeiro) em 1966 suspendeu o nosso candidato ao centro
acadêmico e tirou do cargo do então presidente Antonio Serra. Contra
essa medida, organizamos um protesto, mas ele estava sendo mal
conduzido. Eu estava cuidado da segurança e fui para assembléia. Como
faltava um discurso que desse força à manifestação, acabei tomando a
palavra e falando aos estudantes. Todo mundo gostou, eu gostei e, a
partir de então, fui me tornando uma liderança. Meu início foi naquele
ano, quando eu já estava no terceiro de faculdade. Eu já estava velho
para militar porque o quarto e quinto anos de faculdade são os mais
difíceis e é quando os universitários diminuem sua militância para
estudar.
Folha Online - O senhor foi preso três vezes. Chegou a ser torturado?
Palmeira - Não fui torturado. Só levei uns tapas da polícia de
Minas quando me recusei a responder as perguntas que me faziam. As duas
primeiras noites foram as mais tensas. Eles colocaram revolver na minha
cabeça, tiraram minhas roupas e sumiram com meus remédios contra a asma.
Não vi gente morrer, mas ouvia muitas torturas. Eu escutava tudo da
minha cela: das surras, aos pedidos de clemência. Às vezes, algum
torturado passava na frente da minha cela sendo arrastado pelo chão para
outro lugar. Mas terrível mesmo era ouvir os policiais no banheiro
contando os detalhes da tortura como quem comenta com jogo de futebol.
Folha Online - O senhor não pegou em armas, mas pensou em aderir àquele movimento?
Palmeira - Eu sempre apoiei a violência para tirar a ditadura
militar porque ela sim era violenta. Mas eu tinha muitas restrições. Não
apoiava assalto a banco e nem que uma pequena vanguarda decidisse mudar
tudo de uma hora para outra. Para mim, a luta armada só faria sentido
se camponeses, operários e estudantes participassem dela. Seria preciso
mobilizar a sociedade. Quando fui preso, fiz um discurso em que não
reconhecia as autoridades que me detinham e defendia um exército
revolucionário, mas não falava daquele tipo de luta armada que tivemos
no país.
Folha Online - Mas foi o seqüestro do embaixador americano, Charles
Burke Elbrick, que libertou o senhor e outros 14 presos da cadeia. O
senhor não apoiou aquela ação?
Palmeira - É claro que sou muito agradecido por aquela ação, mas
eu realmente não aprovava o método. O seqüestro foi feito por uma
pequena vanguarda. Sem um apoio popular, aqueles métodos ficaram muito
acima das nossas forças, tanto que pagamos muito caro por ela. Muita
gente morreu pelo caminho. Por outro lado, ela atingiu o objetivo de
soltar as lideranças estudantis e de abalar a credibilidade dos
militares.
Folha Online - O senhor sabia que estava na lista dos 15 estudantes que deveriam sair da cadeia?
Palmeira - Eu nem sabia o que estava acontecendo. Foi um oficial
provisório, um cabo que não era de carreira, que me avisou da
"libertação dos terroristas". Mas eu não acreditei e nem sabia que a
Dissidência [Comunista da Guanabara], o grupo que eu tinha ajudado a
fundar, tinha entrado na luta armada. Eu só tive certeza de que algo
tinha acontecido quando certa noite eles queimaram meus papeis de
anotação, mandaram arrumar a roupa e me mandaram sair. Lá fora estavam
vários generais. Assim que eu entrei no camburão, disseram que iriam me
matar. Depois chegaram José Dirceu, Luís Travassos [então presidente da
UNE e Antônio Ribas [líder secundarista da Ubes]. Eles me olharam e
perguntaram por que eu estava emburrado. Foi então que eu soube de tudo.
Folha Online - O senhor achava mesmo que iria morrer?
Palmeira - Sim! Aquela não tinha sido a primeira vez. Quando
fomos presos depois do congresso da UNE em Ibiúna, fomos levados para o
Dops (Departamento de Ordem Política e Social), em Santos. Nós três e
outros estudantes paulistas fomos colocados no Camburão. Em certo ponto
da viagem, a gente sabia que se dobrássemos à esquerda, iríamos para o
Dops, mas se virássemos à direita iríamos para Itaipu ou seríamos
assassinados. Quando chegamos naquele ponto, dobramos a direita e o
veículo passou de Itaipu. Não tínhamos dúvidas de que morreríamos. Então
fiz um discurso em voz alta para que todos os presentes e os oficiais
soubessem que morreríamos com honra. Mas logo depois o carro parou e os
policiais disseram que tinham errado o caminho. Quase morri de vergonha
(risos).
Folha Online - Depois de solto o senhor foi para o exílio. Qual foi o
momento mais difícil nos 10 anos que o senhor passou fora do Brasil?
Palmeira - Foi em Cuba. Fiquei três anos brigando com cubano. Eu
nunca gostei de ditadura. Mas apesar do regime intolerável, o povo foi
fantástico. Fui bem acolhido e recebi livros, comida e casa, mas não
podia trabalhar e manter uma vida social. No último ano, fui obrigado a
fazer luta militar.
Folha Online - Obrigado por quem?
Palmeira - Não é que eu fui obrigado, é que eu fazia parte de um
grupo e me submetia à decisão da maioria, e muitos de nós quis o
treinamento. Eu sempre me alinhei às decisões da minha organização, mas
sempre fui muito crítico a ela internamente. Dentre os que defendiam a
luta armada, eu era tido como um moderado.
Folha Online - E como era esse treinamento militar?
Palmeira - A luta de guerrilha em Cuba era muito tradicional
mesmo antes da revolução. Mas depois virou um mito. E todo mundo que se
exilava em Cuba, acabava passando por ele. Depois essas pessoas voltavam
para seu país de origem, entravam para a guerrilha e acabavam morrendo
porque não estavam mesmo preparados.
Folha Online - Sobre a Passeata dos Cem Mil. Como foi que vocês tiveram a idéia de uma manifestação tão ambiciosa?
Palmeira - Não tivemos essa idéia. Íamos fazer só mais uma.
Sabíamos apenas que ela seria grande. Uma semana antes, decidimos usar a
violência pela primeira vez porque fomos acusados pelo jornal "O Globo"
de só fazer agitação e não resolver nada. Na quinta-feira ocupamos a
reitoria da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Levamos
coquetel molotov, pedra, bastões. A polícia cercou a reitoria, e tivemos
de sair na marra. Depois da confusão, ninguém sabia quem estava vivo ou
preso. Na sexta, cheguei à praça Tiradentes às 8h. Os donos das bancas
de jornal nos viam chegando e fechavam a porta, mas durante a passeata
fomos aplaudidos pela população. Terminamos na embaixada dos Estados
Unidos. Quando nos viram, a polícia partiu para o ataque, mas, ao
reagir, muitos manifestantes acabaram mortos e presos. Depois dessa
"Sexta-Feira Sangrenta", [como aquele dia ficou conhecido], marcamos uma
passeata para a semana seguinte.
Folha Online - Era a Passeata dos Cem Mil?
Palmeira - Sim. Saímos daquela confusão já com a idéia de fazer
uma grande manifestação para terça-feira. O governo passou a discutir a
possibilidade de permitir a passeata, então adiamos o evento por mais um
dia. A gente sabia que seria grande, mas não esperava aquelas 100 mil
pessoas.
Folha Online - O senhor acha que iria tanta gente se o governo tivesse proibido o protesto?
Palmeira - Certamente não iriam as 100 mil pessoas, mas
apareceria muita gente porque a população estava muito descontente com a
repressão. E mesmo permitindo a passeata, o governo decretou ponto
facultativo naquele dia com a intenção de esvaziar o protesto.
Folha Online - Depois de 40 anos, como o senhor avalia o movimento estudantil?
Palmeira - Não dá para comparar. Naquele tempo a gente vivia para
mudar o mundo. Hoje quem dá a vida por um deputado? Mas a verdade é que
o movimento estudantil ficou parado no tempo. Ele é muito
partidarizado. As entidades ficam nas mãos dos partidos políticos, que
passam a elas seus programas. O resultado é que os dirigentes não
conseguem tratar objetivamente das reivindicações estudantis. A luta
agora é corporativa, luta política e muita dependência do governo
federal.
Folha Online - Mas o movimento era essencialmente político, não?
Palmeira - É por isso mesmo. Eu me espanto com o fato de o
movimento estudantil tenta repetir o que fizemos no passado. Os tempos
são outros. É preciso renovar.
Folha Online - E o que deveria ser feito?
Palmeira - Eles deveriam discutir o atual papel da universidade
com a população. O movimento perdeu de vista o que pode fazer pela
sociedade. A dengue, por exemplo: como a universidade pode ajudar na
conscientização das pessoas? As faculdades não estão inseridas na
sociedade. Ficar tentando eleger deputado está ultrapassado. Tínhamos de
fazer uma política de outro tipo. Os estudantes têm um horizonte enorme
pela frente, mas é preciso se renovar.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Arte de comprar votos em Alagoas - Golbery Lessa
Arte de comprar votos em Alagoas
Golbery Lessa
• 14 de outubro de 2013 • 1:37 pm
Comentários
Nas
Alagoas das últimas décadas, enquanto as outras artes são desprezadas
pela elite econômica e os gestores públicos, uma delas viceja, recebe
milhões de reais, tem mestres reconhecidos, instâncias de legitimação do
mérito, complexos equipamentos arquitetônicos e ostenta uma longa
tradição. Trata-se da arte de comprar votos.
É
falso imaginá-la como uma arte menor. O seu aprendiz eleva-se com
dificuldade a mestre, galga cada degrau do ofício com perdas
significativas de tempo e dinheiro. Precisa encontrar professores
interessados na elevação espiritual dos discípulos e, de fato, capazes
de transmitir o cerne do conhecimento necessário. Comprar votos não é
apenas angariar dinheiro e distribui-lo no dia das eleições. O nome
encobre a essência da coisa. É a construção de todo um sistema, uma
série articulada de procedimentos e práticas para domar a democracia e
fazê-la funcionar de acordo com o interesse exclusivo de uma
personalidade ou um grupo político.
Alagoas
é prodigiosa em grandes artistas. O português contemporâneo usado no
país deve muito aos estilos de Graciliano Ramos e Jorge de Lima (e ao
trabalho lexicográfico de Aurélio Buarque de Holanda). A Música Popular
Brasileira (MPB) não teria a mesma qualidade sem Hermeto Pascoal e
Djavan. São menos enaltecidas as contribuições alagoanas à arte de
comprar votos. Alguém vai dizer que a degradação do sistema eleitoral é
idêntica em todo Brasil. Engano. O fenômeno tem singularidades em cada
estado e mesmo cidade, falta é pesquisa acadêmica suficiente para
revelar essas especificidades.
A
compra de votos, no seu sentido estrito, ocorre no interior de uma
totalidade na qual estão inseridas a violência, a prática do favor, o
patrimonialismo e a disputa ideológica. Em Alagoas, como em outras
formações sociais, os grupos políticos representantes da Ordem procuram,
avidamente, dominar os meios de comunicação. Fato demonstrativo de que
as oligarquias percebem a potencialidade crítica da sociedade civil e
procuram neutralizá-la por meio do monopólio dos instrumentos de difusão
de ideias e informações. Esses grupos disputam e ganham o imaginário
social e, nesse empreendimento, usam o monopólio das mídias, as emendas
parlamentares (para vincular seus representantes políticos às obras
públicas), o patrimonialismo, a opinião favorável de milhares de
indivíduos com cargos comissionados, redes permanentes de cabos
eleitorais difusoras da narrativa oligárquica, a restrição da liberdade
de expressão dos adversários por meio da violência e a prática do favor.
Portanto,
ao contrário do que pode parecer, as oligarquias alagoanas fundam o seu
poder político em uma hegemonia ideológica, isto é, na imposição de sua
narrativa sobre as realidade estadual ao resto da população, como
ocorre com todos os grupos dominantes, mas se diferenciam de vários
desses grupos por focarem de modo mais radical nas dimensões
coercitivas, mercantis e patrimonialistas garantidoras das condições do
seu domínio do imaginário social. Isso acontece devido ao caráter
radicalmente excludente que o capitalismo alagoano adquiriu nas últimas
cinco décadas. A incapacidade de a economia oferecer o mínimo de
bem-estar ao resto da população impõe à classe dominante estadual uma
disputa ideológica muito mais crua, expressa no uso mais radical de
elementos ilegítimos na retórica do jogo democrático moderno.
Em
Alagoas, como em vários outros estados brasileiros, o voto, ou seja,
uma expressão prática da consciência do eleitor, não é comprado apenas
no dia da eleição. A própria disposição de vender o voto é construída na
subjetividade do eleitor pelas oligarquias ao longo do tempo e no
interior de uma dura disputa por hegemonia ideologia com a sociedade
civil organizada e o resto da população. Nessas condições, toda a
atitude que expresse falta de combatividade, covardia ou derrotismo no
interior da sociedade civil estadual é uma infâmia, pois corrobora a
essência das condições subjetivas do projeto oligárquico de poder e
sociedade.
http://reporteralagoas.com.br/novo/?p=71244
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
De que serve a bondade - Bertolt Brecht
De que serve a bondade - Bertolt Brecht
1De que serve a bondade Se os bons são imediatamente liquidados, ou são liquidados Aqueles para os quais eles são bons?De que serve a liberdade Se os livres têm que viver entre os não-livres?De que serve a razão Se somente a desrazão consegue o alimento de que todos necessitam?2Em vez de serem apenas bons, esforcem-se Para criar um estado de coisas que torne possível a bondade ou melhor: que a torne supérflua!Em vez de serem apenas livres, esforcem-se Para criar um estados de coisas que liberte a todos E também o amor à liberdade Torne supérfluo!Em vez de serem apenas razoáveis, esforcem-se Para criar um estado de coisas que torne a desrazão de um indivíduo Um mau negócio!
Eugen Berthold Friedrich Brech, ou Bertolt Brecht (Augsburg,
Alemanha, 10 de fevereiro de 1898 - Berlim, Alemanha, 14 de agosto de 1956) -
Além de poeta, foi um dos mais influentes dramaturgos e encenadores do século
XX. Seu trabalho contribuiu profundamente com o teatro moderno que é estudado e
montado até hoje. Criou e dirigiu o grupo mundialmente conhecido Berliner
Ensemble. As traduções dos poemas foram feitas por Paulo César de Souza
HERÓIS DE VERDADE - Por que os heróis de verdade não aparecem nas páginas das belas histórias? - Carlos Henrique Palmeira Chaves
HERÓIS DE VERDADE
21/08/2008
Carlos Henrique Palmeira Chaves
Por
que os heróis de verdade não aparecem nas páginas das belas histórias? Não
recebem as homenagens e títulos? Na verdade eles são esquecidos nas entrelinhas
do discurso nacionalista. Os heróis que recebemos são de papeis e tinta, nunca
existiram a não ser na literatura científica, na historiografia positiva.
Nossos ditos heróis são homens épicos, imbatíveis e insuperáveis. São dotados
de super poderes, capacidades extra-humanas e possuidores de perfeições
divinas. Nossos grandes homens têm sobrenomes ilustres e linhagem nobre, são
seres fenomenais.
Os
verdadeiros heróis brasileiros são bravos heróis humanos. Feitos de
imperfeições e devaneios, dotados da maior capacidade de sonhar, imaginar e
lutar por um mundo melhor. Sobre esses impetuosos seres ninguém necessita
escrever uma linha sobre os seus sentimentos ou feitos. Quando falam, discursam
para a humanidade como alguém que anseia a liberdade.
O
maior exemplo de herói da humanidade é Jesus Cristo, que em momento algum
escreveu uma vírgula e morreu por aquilo que acreditava: a redenção da espécie
humana. Cristo vivenciou suas palavras e enfrentou as velhas concepções humanas
egoístas e perversas. Sua vida foi um exemplo de renúncia e heroísmo. Viveu para
sua fé e morreu afirmando a sua convicção: “amar ao próximo como a ti mesmo”.
Talvez
seja por isso que grandes homens nunca aparecem como heróis de verdade, são
pessoas simples que não almejam a glória e o sucesso, são seres iluminados, que
com sua humildade engrandecem a vida terrena.
O
herói de verdade é humano, uma pessoa de carne e osso, de alegrias e tristezas.
São seres que não buscam vir ao mundo através dos anais da história, e sim,
trazer a sua satisfação ao seu próximo, constatando o brilho da paixão de viver
no olhar de seu semelhante. É acreditar na humanidade quando esta não lhe der
nenhum motivo para crê-lo. É saber que sempre haverá um novo dia e novas
oportunidades para viver, viver sim e também ser feliz.
Só
há uma certeza que heróis de verdade não são fabricados, nascem com a fibra e a
dignidade de seres superiores capazes de renunciar suas vidas e prol do seu
próximo. Talvez seja por não conseguimos ser grandes homens que necessitamos de
heróis, nem que sejam de papeis, salvadores de sonhos nossas doces ilusões.
ESCONDIDINHO É MAIS GOSTOSO!!! - Carlos Henrique Palmeira Chaves
ESCONDIDINHO É MAIS GOSTOSO!!!
Carlos Henrique Palmeira Chaves
Eu estava ali em
mais um saboroso ócio criativo, deslocando-me de uma cidade para outra, indo
fechar a minha insignificante carga laboral de muitas horas semanais quando eu
comecei a pensar em nossos "queridos políticos".
Concatenei esses
caras têm problema. Eles devem ter alguma trama, ou algum tipo de
“psiquisopatia”, então utilizei o meu precioso tempo para bolar uma solução
para essas pessoas desvalidas.
Eles fazem isso
porque é escondido, se fosse declarado, escancarado e permitido não fariam
isso, deve ser algum tipo de trauma de infância ou na adolescência.
No mínimo tinham
alguma criança pateta que perseguiam eles. Não tem para onde, algum
problema eles devem ter! É muito dinheiro
que não dá para gastar em uma vida só..... È........ deve ser mesmo egoísmo de Classe.
Como diz o ditado popular: "tudo o que é escondido é mais gostoso...". Então vamos deixar as claras para
que todo mundo possa ver. Que tal legalizar a "corrupção"!!!??????
Já sei, vamos
criar um projeto de lei que regulamente a usurpação do erário público.
Perái, vamos com calma, as coisas não podem
ser assim.
Temos que
"definir" com quem ficará a verba da merenda, pois todo mundo quer, se não vai
dar briga.
Será que só assim as coisas mudem??? Estar na hora de mudar!!!!!
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