DRª. IVANILDA SOARES DE GUSMÃO VERÇOSA









IVANILDA SOARES DE GUSMÃO VERÇOSA 






















Ivanilda Soares de Gusmão Verçosa, mais conhecida como Ivanilda Verçosa, devido a seu casamento com Elcio Verçosa, companheiro de vida, de profissão e de trajetória política e sindical, com quem teve dois filhos: Elcio Filho e Catarina e tem um neto – Diógenes Verçosa Domed, nasceu em Maceió. Oriunda de família humilde e trabalhadora aprendeu, desde cedo, a valorizar a educação escolar como via principal de mobilidade social para todos e todas que buscam vencer as necessidades geradas pela condição social dos muito pobres em uma sociedade desigual. Estudou o Curso Primário no Instituto Sul Americano, antiga escola do Professor Corintho Campelo da Paz, tendo concluído o Ginásio e o Colegial no Colégio de São José, graças a uma bolsa de estudos conquistada por concurso, junto ao governo Federal, via Diretoria Seccional, depois DEMEC. Na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFAL cursou e foi diplomada em Letras – Português/Francês, tendo recebido diploma de Bacharela e Licenciada. Por conta de sua formação e tendo perdido o pai ainda no início da adolescência, Ivanilda fez-se professora de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira já como estudante, mediante licença especial da DEMEC, podendo, ainda com 18 anos, começar a ajudar a sua mãe no sustento da casa.
 Como professora/estudante, atuou no Colégio Élio Lemos, no Colégio Olavo Bilac, no Crispiniano Portal, no Colégio da Imaculada Conceição e no Colégio Madalena Sofia, sendo convidada, ainda como estudante, por conta de seu desempenho acadêmico, para atuar no Colégio Estadual de Alagoas, donde foi transferida para o anexo logo criado e em seguida transformado no Colégio Cônego Machado, que iria representar o início da grande expansão do ensino público estadual do final dos anos1960 e início dos anos 1970. É pós-graduada em Língua Portuguesa-Redação, pela PUC/Minas Gerais e em Educação e Movimentos Sociais, pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. A energia e o compromisso político de Ivanilda Verçosa, porém, não se esgotariam com os múltiplos afazeres da sala de aula: como estudante universitária, expressando mais fortemente os ideais sorvidos na JEC, ainda como secundarista, ela engaja-se no Movimento Estudantil e Político, fazendo-se militante da Ação Popular e militante do Diretório Estudantil de Letras, de onde sai para exercer a função de secretária-geral do DCE da UFAL, nos anos de 1968/1969. No contexto de plena Ditadura Militar, quando o regime autoritário endurecia contra as vozes discordantes, editando o Decreto 477, voltado diretamente para estudantes e docentes das universidades, por conta de sua militância política, Ivanilda vem a responder um Inquérito Policial Militar (IPM), do qual saiu fichada pelos órgãos da Ditadura. Mesmo assim, no seio da AP e, depois do PCdoB, Ivanilda, junto com outros companheiros e companheiras de partido e o apoio de democratas dos mais variados matizes, deu apoio e guarida, junto com seu marido Elcio, a muitos militantes que viviam em clandestinidade, inclusive alguns saídos do combate contra a Ditadura na Guerrilha do Araguaia, resistindo a um governo ilegítimo, que impunha a todos a censura e o alinhamento com sua política antidemocrática e de entrega das riquezas da nação brasileira ao capitalismo internacional. Sempre entusiasta e de alma vibrante, Ivanilda foi participante ativa das atividades extraclasse de sua faculdade, tendo atuado no grupo de teatro “Os Corujas”, em peças como: “O Pagador de Promessas” e “Revolução dos Beatos”, de Dias Gomes; “Mortos sem Sepultura”, de Jean-Paul Sartre, que punham em questão o preconceito, o autoritarismo e a opressão que, naquele momento, eram impostos ao povo brasileiro.
A Professora Ivanilda Verçosa exerceu o magistério, ainda como estudante, via concurso público, na Escola Técnica Federal de Alagoas, (depopis CEFET e, hoje, IF-AL) onde trabalhou até se aposentar como Professora de Língua Portuguesa. Como professora da Rede Pública Estadual, onde também trabalhou até se aposentar, buscou promover atividades de formação extraclasse, sobretudo no Colégio Estadual Professor Benedito Moraes, do qual foi fundadora. Juntamente com seu marido, Elcio, vice-diretor do Colégio à época, promoveu eventos como gincanas e festivais, tendo participado da criação do Festival Estudantil de Música Popular (FEMPOP), que teve várias versões e que promoveu importantes vocações para o mundo da música.

Sendo a militante política que foi, lutou ativamente pela anistia como fundadora e integrante da Sociedade Alagoana de Defesa dos Direitos Humanos, vindo a ser também fundadora e primeira presidente da União das Mulheres de Maceió (UMMA), enquanto lutava, com seus companheiros e suas companheiras, para a democratização da Associação dos Professores de Alagoas (APAL). Tendo integrado a diretoria da APAL após a democratização da entidade, como presidente da sub-sede de Maceió, foi fundadora do SINTEAL enquanto participava entusiasticamente da construção da união de todos os trabalhadores da educação. Integrou o primeiro corpo docente da Faculdade de Formação de Professores de Arapiraca e do curso de Letras do CESMAC. Foi membro do Conselho Estadual de Educação, quando, integrando uma lista de nomes de destacados militantes do movimento unificado do magistério, foi nomeada pelo governador da época como Conselheira, representando as entidades de educadores, no final da década de 1980. Foi a primeira tentativa de democratizar o Conselho Estadual de Educação de Alagoas, composto, majoritariamente, por representantes de instituições privadas de ensino. Na década de 1990, participa das lutas de democratização pós-LDB/1996, assumindo as batalhas pelo desenvolvimento do Conselho Municipal de Educação de Maceió (COMED/MACEIÓ), do qual foi Presidente, tendo sido, ainda, principal responsável pela criação do Sistema Municipal de Educação do Município de Maceió. Com atuação destacada, representando o SINTEAL, conseguiu colocar o COMED/MACEIÓ no circuito nacional, na condição de representante deste na União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação – UNCME- como sua Coordenadora Estadual em Alagoas, enquanto, atuando em parceria com o Conselho Estadual de Educação de Alagoas, numa frente alagoana pela participação direta da sociedade civil nas políticas de educação, contribuiu, por sua ativa participação na elaboração dos Planos Estadual e Municipal de Educação, para a construção e consolidação de vários sistemas municipais de educação de Alagoas. Tendo integrado os Comitês Gestores do Plano Estadual de Educação/AL e do Plano Municipal de Educação/Maceió, Ivanilda continua, ainda hoje, mesmo após vários anos de aposentadoria, atenta às lutas pelos direitos dos alagoanos a uma educação pública de qualidade, assim como também aos movimentos dos trabalhadores da educação, a cuja categoria tem orgulho de pertencer. Reconhecendo sua história e valorizando sua contribuição de educadora, o Conselho Estadual de Educação concede a Comenda do Mérito Educativo Alagoano a Ivanilda Soares de Gusmão Verçosa. 

Fonte: Revista EDITA nº 14- CONSELHO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE ALAGOAS. 

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