ALAGOAS
Conhecendo Alagoas
Alagoas é uma das 27 unidades federativas
do Brasil e está situado a leste da região Nordeste. Tem como limites:
Pernambuco (N e NO); Sergipe (S); Bahia (SO); e o oceano Atlântico (L).
Ocupa uma área de 27.767 km², sendo ligeiramente maior que o Haiti. Sua
capital é a cidade de Maceió. É formado por 102 municípios e suas
cidades mais populosas são Maceió, Arapiraca, Palmeira dos Índios, Rio
Largo, Penedo, União dos Palmares, São Miguel dos Campos, Santana do
Ipanema, Delmiro Gouveia, Coruripe, Marechal Deodoro e Campo Alegre.
Penúltimo Estado brasileiro em área (mais
extenso apenas que Sergipe) e 16º em população, é um dos maiores
produtores de cana-de-açúcar e coco-da-baía do país e tem na
agropecuária a base de sua economia. Terra do sururu, marisco das lagoas
que serve de alimento à população do litoral, e da água de coco.
Alagoas possui também um dos folclores mais ricos do país.
Inicialmente o território alagoano
constituía a parte sul da Capitania de Pernambuco e só conseguiu sua
autonomia em 1817. Sua ocupação decorreu da expansão para o sul da
lavoura de cana-de-açúcar da capitania, que necessitava de novas áreas
de cultivo. Surgiram assim Porto Calvo, Alagoas (atual Marechal Deodoro)
e Penedo, núcleos que orientavam por muito tempo a colonização e a vida
econômica e social da região. A invasão holandesa em Pernambuco
estendeu-se a Alagoas em 1631. Os invasores foram expulsos em 1645,
depois de intensos combates em Porto Calvo, deixando a economia local
totalmente desorganizada. A fuga de escravos negros durante a invasão
holandesa criou um sério problema de falta de mão-de-obra nas plantações
de cana. Agrupados em aldeamentos denominados quilombos, os negros só
foram dominados completamente no final do século XVII, com a destruição
do quilombo mais importante, o de Palmares. Durante o Império, a
Confederação do Equador (1824) movimento separatista e republicano,
recebeu o apoio de destacadas figuras alagoanas. Na década de 1840, a
vida política local foi marcada pelo conflito entre os lisos,
conservadores, e os cabeludos, liberais. No início do século XX, o
sertão alagoano viveu a experiência pioneira de Delmiro Gouveia,
empresário pernambucano que instalou em Pedra a fábrica de linhas
Estrela, que chegou a produzir 200 mil carreteis diários. Delmiro
Gouveia foi assassinado em outubro de 1917 em circunstâncias até hoje
não esclarecidas, depois de ser pressionado, segundo consta, a vender
sua fábrica e firmas concorrentes estrangeiras. Depois de sua morte,
suas máquinas teriam sido destruídas a atiradas na cachoeira de Paulo
Afonso.
Apelidada de Terra dos Marechais, por nela
terem nascidos os marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto,
Alagoas deu ao país numerosos brasileiros ilustres entre os quais o
antropólogo Arthur Ramos, o maestro Heckel Tavares, o filólogo Aurélio
Buarque de Holanda, o poeta Jorge de Lima, os juristas Pontes de Miranda
e Marcos Bernardes de Mello, além dos escritores Jorge de Lima, Lêdo
Ivo e Graciliano Ramos.
O latim lacus, "tanque, lago" é a fonte,
no acervo vocabular primtivo, do português, espanhol e italiano lago,
francês lac, um seu derivado, o latim lacuna, "fojo, buraco", "falta,
carência, omissão", explica o espanhol e italiano laguna. Mas o
português lagoa, coincidente com a variante espanhola lagona, mirandês
llagona, supõe mudança de sufixo, documentada já em 938 num documento de
Valencia, sob a grafia lacona, e noutro de 1094, de Sahagún, sob a
grafia lagona. O português lagoa sob a grafia lagona (talvez lagõna), é
documentado no século XIV, e alternou com a outra por longo tempo; a
prótese se explica já por incorporação do artigo, sobretudo em locuções
(na lagoa, vindo da lagoa), já por regularização morfológica com os
derivados do verbo alagar (alagadiço, alagado, alagador, alagamento,
etc.).
O nome aparece como concorrente dos nomes
das lagoas Manguaba e Mundaú, aquela "alagoa do sul", esta "alagoa do
norte", já no século XVI, quando se fundam perto os núcleos de
povoamento de Alagoa do Norte e Alagoa do Sul, as Alagoas, com inclusão
das demais da área.
O sufixo do gentílico é o característico
da área gentílica de -ano do Brasil (paraibano, pernambucano, alagoano,
sergipano, baiano, goiano, a que viria juntar-se acriano).
História
A costa do atual Estado de Alagoas,
reconhecida desde as primeiras expedições portuguesas, desde cedo também
foi visitada por embarcações de outras nacionalidades para o escambo de
pau-brasil (Caesalpinia echinata).
Quando da instituição do sistema de
Capitanias Hereditárias , integrava a Capitania de Pernambuco, e a sua
ocupação remonta à fundação da vila do Penedo (1545), às margens do rio
São Francisco, pelo donatário Duarte Coelho, que incentivou a fundação
de engenhos na região. Palco do naufrágio da Nau Nossa Senhora da Ajuda e
subsequente massacre dos sobreviventes, entre os quais o Bispo D. Pero
Fernandes Sardinha, pelos Caeté (1556), o episódio serviu de
justificativa para a guerra de extermínio movida contra esse grupo
indígenas pela Coroa portuguesa.
Ao se iniciar o século XVII, além da
lavoura de cana-de-açúcar, a região de Alagoas era expressiva produtora
regional de farinha de mandioca, tabaco, gado e peixe seco, consumidos
na Capitania de Pernambuco. Durante as invasões holandesas do Brasil
(1630-1654), o seu litoral se tornou palco de violentos combates,
enquanto que, nas serras de seu interior, se multiplicaram os quilombos,
com os africanos evadidos dos engenhos de Pernambuco e da Bahia.
Palmares, o mais famoso, chegou a contar com vinte mil pessoas no seu
apogeu.
Constituiu-se em a Comarca de Alagoas em
1711, e foi desmembrado da Capitania de Pernambuco (Decreto de 16 de
setembro de 1817), em consequência da Revolução Pernambucana daquele
ano. O seu primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo e Póvoas,
assumiu a função a 22 de janeiro de 1819.
Durante o Brasil Império (1822-1889),
sofreu os reflexos de movimentos como a Confederação do Equador (1824) e
a Cabanagem (1835-1840). A Lei Provincial de 9 de dezembro de 1839
transferiu a capital da Província da cidade de Alagoas (hoje Marechal
Deodoro), para a vila de Maceió, então elevada a cidade.
A primeira Constituição do Estado foi
assinada em 11 de junho de 1891, em meio a graves agitações políticas
que assinalaram o início da vida republicana. Os dois primeiros
presidentes da República do Brasil, Deodoro da Fonseca e Floriano
Peixoto, nasceram no estado.
Primeiras notícias
Barra Grande deve ter sido o primeiro
ponto do território das Alagoas visitado pelos descobridores, por
ocasião da viagem de Américo Vespúcio, em 1501. Embora não haja
referência àquele porto, excelente para a acolhida de navios, como a
expedição vinha do norte para o sul, cabe crer que tenha ocorrido ali o
primeiro contato com a terra alagoana. A 29 de setembro Vespúcio
assinalou um rio a que chamou São Miguel, no território percorrido; a 4
de outubro denominou São Francisco o rio então descoberto, hoje limite
de Alagoas com Sergipe.
Sem sombra de dúvida, nas décadas
seguintes, os franceses andaram pela costa alagoana, no tráfico do
pau-brasil com os selvagens dos arredores. Até hoje o porto do Francês
documenta a presença, ali, daquele povo.
Duarte Coelho, primeiro donatário da
capitania de Pernambuco, realizou uma excursão ao sul; não há documentos
que a comprove, mas há evidências de que tenha sido realizada em 1545 e
de que dela resulte a fundação de Penedo, às margens do rio São
Francisco.
Em 1556, voltava da Bahia para Portugal o
bispo dom Pero Fernandes Sardinha, quando seu navio naufragou defronte
da enseada do hoje pontal do Coruripe. Sardinha foi morto e devorado
pelos caetés, uma das numerosas tribos indígenas então existentes na
região. Perdura a crença popular de que a ira divina secou e esterilizou
todo o chão manchado pelo sangue do religioso. Para vingá-lo, Jerônimo
de Albuquerque comandou uma expedição guerreira contra os caetés,
destruindo-os quase completamente.
Em 1570, uma segunda bandeira enviada por
Duarte Coelho, comandada por Cristóvão Lins, explorou o norte de
Alagoas, onde fundou Porto Calvo e cinco engenhos, dos quais subsistem
dois, o Buenos Aires e o Escurial. Neste último repousou, em 1601, o
corsário inglês Anthony Knivet, que viajara por terra após fugir da
Bahia, onde estivera prisioneiro dos portugueses.
A guerra holandesa
No princípio do século XVII, Penedo, Porto
Calvo e Alagoas já eram freguesias, admitindo-se que tais títulos lhes
tivessem sido conferidos ainda no século anterior. Foram vilas, porém,
em 1636. Repousando a economia regional na atividade açucareira,
tornaram-se os engenhos de açúcar os núcleos principais da ocupação da
terra. A partir de 1630, Alagoas, atingida pela invasão holandesa, teve
povoados, igrejas e engenhos incendiados e saqueados.
Os portugueses reagiram duramente. Batidos
por sucessivos reveses, os holandeses já desanimavam, pensando em
retirar-se, quando para eles se passa o mameluco Domingos Fernandes
Calabar, de Porto Calvo. Grande conhecedor do terreno, orientou os
holandeses em uma nova expedição a Alagoas. Os invasores aportaram à
Barra Grande, de onde passaram a vários pontos, sempre com bom êxito. Em
Santa Luzia do Norte, a população, prevenida, ofereceu resistência.
Após encarniçada peleja, os holandeses recuaram e retornaram a Recife.
Mas, caindo em seu poder o arraial do Bom Jesus, entre Recife e Olinda,
obtiveram várias vitórias.
Alagoas, Penedo e Porto Calvo: eis os
pontos principais onde se trava a luta em terras alagoanas. Por fim, os
portugueses retomaram Porto Calvo e aprisionaram Calabar, que morreu na
forca em 1635. Clara Camarão, uma porto-calvense de sangue indígena,
também se salientou na luta contra os holandeses. Acompanhou o marido, o
índio Filipe Camarão, em quase todos os lances e arregimentou outras
mulheres, tomando-lhes a frente.
Palmares
Por volta de 1641, afirmava um chefe
holandês estar quase despovoada a região. Maurício de Nassau pensou em
repovoá-la, mas o projeto não foi adiante. Na época também se produzia
fumo em Alagoas, considerado de excelente qualidade o de Barra Grande.
Em 1645, a população participou da reação nacionalista, integrando-se na
luta sob o comando de Cristóvão Lins, neto e homônimo do primeiro
povoador de Porto Calvo. Expulsos os holandeses do território alagoano,
em setembro de 1645, prossegue a população em sua luta contra eles, já
agora, todavia, em território pernambucano.
Em fins do século XVII intensificam-se as
lutas contra os quilombos negros reunidos nos Palmares. Frustradas as
primeiras tentativas de Domingos Jorge Velho, sobretudo em 1692, dois
anos depois o quilombo é derrotado, com o ataque simultâneo de três
colunas: uma, dos paulistas de Domingos Jorge; outra, de pernambucanos,
sob o comando de Bernardo Vieira de Melo; e a terceira, de alagoanos,
comandados por Sebastião Dias. Palmares começara a formar-se ainda nos
fins do século XVI, e resistiu a sucessivos ataques durante quase um
século.
Um dos maiores redutos de escravos
foragidos do Brasil colonial, Palmares ocupava inicialmente a vasta área
que se estendia, coberta de palmeiras, do cabo de Santo Agostinho ao
rio São Francisco. A superfície do quilombo, progressivamente reduzida
com o passar do tempo, concentrar-se-ia, em fins do século XVII, na
ainda extensa região delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém, em
Pernambuco, e Porto Calvo, Alagoas e São Francisco (Penedo), em Alagoas.
Os escravos haviam organizado no reduto um verdadeiro estado, segundo
os moldes africanos, com o quilombo constituído de povoações diversas
(mocambos), pelo menos 11, governadas por oligarcas, sob a chefia
suprema do rei Ganga-Zumba. A partir de 1667, amiudaram-se as entradas
contra os negros, a princípio com a finalidade de recapturá-los, em
seguida com a de conquistar as terras de que se haviam apoderado. As
investidas do sargento-mor Manuel Lopes (1675) e de Fernão Carrilho
(1677) seriam desastrosas para os quilombolas, obrigados a aceitar a paz
em condições desfavoráveis. Apesar desse revés, a luta prosseguiria,
liderada por Zumbi, sobrinho de Ganga-Zumba, contra cujas hostes
aguerridas, em seguida a uma primeira expedição punitiva, em 1679, e a
diferentes entradas sem maiores consequências, se voltaria finalmente o
bandeirante paulista Domingos Jorge Velho, para tanto contratado pelo
governador de Pernambuco, João da Cunha Souto Maior. Nos primeiros meses
de 1694, aliado a destacamentos alagoanos e pernambucanos, sob o
comando, respectivamente, de Sebastião Dias e Bernardo Vieira de Melo,
Velho liquidaria a derradeira resistência do quilombo. Zumbi lograria
escapar, arregimentando novos combatentes, mas, traído, ver-se-ia
envolvido por forças inimigas, com cerca de vinte de seus homens,
perecendo em luta, a 20 de novembro de 1695. Desaparecia, após mais de
sessenta anos, o quilombo dos Palmares, "o maior protesto ao despotismo
que uma raça infeliz traçou à face do mundo", no dizer de Craveiro
Costa.
Criação da comarca
Já então apresentavam as Alagoas indícios
de prosperidade e desenvolvimento, quer do ponto de vista econômico,
quer do cultural. Sua principal riqueza era o açúcar, sendo além disso
produzidos, embora em menor escala, mandioca, fumo e milho; couros,
peles e pau-brasil eram exportados. As matas abundantes forneciam
madeira para a construção de naus. Nos conventos de Penedo e das Alagoas
os franciscanos mantinham cursos e publicavam sermões e poesias. Tudo
isso justificou o ato régio de 9 de outubro de 1710, criando a comarca
das Alagoas, que somente se instalou em 1711. Daí em diante, a
organização judiciária restringia o arbítrio feudal dos senhores, e até o
dos representantes da metrópole. A comarca desenvolvia-se. Já em 1730 o
governador de Pernambuco, propondo a el-rei a extinção da decadente
capitania da Paraíba, assinalava a prosperidade de Alagoas, com seus
quase cinquenta engenhos, dez freguesias, e apreciável renda para o
erário real. Ao lado do açúcar, incrementou-se a cultura do algodão. Seu
cultivo foi introduzido na década de 1770; em 1778, já se exportavam
para Lisboa amostras de algodão tecido nas Alagoas.Em Penedo e Porto
Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo, de escravos. Em
1754, frei João de Santa Ângela publicou, em Lisboa, seu livro de
sermões e poesias; é a primeira obra de um alagoano. A população
crescia, distribuindo-se em várias atividades. Um cômputo demográfico
mandado realizar em 1816 pelo ouvidor Antônio Ferreira Batalha
registrava uma população de 89.589 pessoas.
Capitania independente
Três anos depois, em 1819, novo
recenseamento acusou uma população de 111.973 pessoas. Contavam-se,
então, na província, oito vilas. Alagoas já se constituíra capitania
independente da de Pernambuco, criada pelo alvará de 16 de setembro de
1817. A repercussão da Revolução Pernambucana desse ano contribuiu para
facilitar o processo de emancipação. O ouvidor Batalha foi o principal
mentor da gente alagoana. Aproveitando-se da situação e infringindo as
próprias leis régias, desmembrou a comarca da jurisdição de Pernambuco e
nela constituiu um governo provisório. Esses atos foram suficientes
para abrir caminhos que levaram D. João a sancionar o desmembramento.
Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, governador nomeado, só assumiu o
governo a 22 de janeiro de 1819.
Acentuou-se a partir de então o surto de
prosperidade de Alagoas. Em 17 de agosto de 1831 apareceu o Íris
Alagoense, primeiro jornal publicado na província, assim considerada a
partir da independência do Brasil e organização do império. É certo que
os primeiros anos de independência não foram fáceis. Uma sequência de
movimentos abalou a vida provincial: em 1824, a Confederação do Equador;
em 1832-1835, a Cabanada; em 1844, a rebelião conhecida como Lisos e
Cabeludos; em 1849, a repercussão da revolução praieira.
Mudança da capital
Em 1839 a capital, então situada na velha
cidade das Alagoas, foi transferida para a vila de Maceió, localizada à
beira-mar, no caminho entre o norte, o centro e o sul da província. No
processo de mudança defrontaram-se as duas facções políticas mais
importantes, uma chefiada pelo mais tarde visconde de Sinimbu, outra
pelo juiz Tavares Bastos, pai do futuro pensador Tavares Bastos,
nascido, aliás, nesse ano de 1839. Naquele momento a província possuía
oito vilas. Desde 1835 funcionava a assembleia provincial.
No governo da província sucediam-se os
presidentes nomeados pelo imperador, nem sempre interessados pelos
destinos da terra, outras vezes envolvidos por lutas partidárias. A
província, contudo, progredia. No campo da economia, vale salientar a
fundação, em 1857, da primeira fábrica alagoana de tecidos, a Companhia
União Mercantil, no distrito de Fernão Velho. Idealizou-a o barão de
Jaraguá, contribuindo dessa forma para o fomento da economia regional.
Trinta anos mais tarde, fundou-se a Companhia Alagoana de Fiação e
Tecidos, que em 15 de outubro de 1888 se instalou em Rio Largo.
Seguiu-se a esta, em 30 de setembro de 1892, a fundação da Companhia
Progresso Alagoano, em Cachoeira. Dessa atividade têxtil surgiram, com
grande prestígio nacional, as toalhas da Alagoana.
O ensino recebeu incentivo com a
instalação em 1849, do Liceu Alagoano, destinado ao nível médio; é hoje o
Colégio Estadual de Alagoas. O ensino primário, já beneficiado em 1864
pelo estabelecimento de uma escola normal, hoje funcionando sob a
denominação de Instituto de Educação, recebeu expressivo impulso com a
criação de novas escolas. Com a fundação, em 1869, do Instituto
Arqueológico e Geográfico Alagoano, hoje Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas, desenvolveram-se os estudos históricos e
geográficos. Do final do império ao início da república, incrementou-se o
movimento para a construção de engenhos centrais e aperfeiçoamento
técnico da fabricação de açúcar, o que iria dar origem às usinas, a
primeira delas constituída, todavia, já no período republicano.
Os movimentos abolicionista e republicano
dos últimos anos da monarquia atingiriam a província, o primeiro deles
através da Sociedade Libertadora Alagoana e dos jornais Gutenberg e
Lincoln. A campanha abolicionista mobilizou a intelectualidade alagoana,
sem entretanto chegar aos excessos da violência. Professores e
jornalistas atraíram a mocidade para a campanha, e após a abolição, em
1888, foi um mestre como Francisco Domingues da Silva que teve a
iniciativa da criação de um instituto de ensino profissional, destinado
aos filhos dos ex-escravos.
O movimento republicano, intensificado
pela abolição, traduziu-se nas atividades da imprensa e clubes de
propaganda. O mais importante destes foi o Centro Republicano
Federalista, também, de certo, o mais antigo; outros foram o Clube
Federal Republicano e o Clube Centro Popular Republicano Maceioense,
ambos existentes na capital no momento da proclamação. No interior havia
igualmente outros clubes de propaganda. O Gutenberg era o órgão de
imprensa mais veemente na difusão da ideia republicana.
No mesmo dia em que, no Rio de Janeiro,
era proclamada a república, em Maceió assumia a presidência o dr. Pedro
Ribeiro Moreira, último delegado do governo imperial para a província.
Confirmada a mudança do regime, organizou-se a princípio uma junta
governativa, mas a 19 de novembro o marechal Deodoro designou o irmão,
Pedro Paulino da Fonseca, para governar o novo estado. Foi ele também o
primeiro governador eleito após promulgada a constituição estadual, em
12 de junho de 1891.
Perturbados e incertos decorreram os
primeiros dez anos de vida republicana, na província. Governos se
sucediam, nomeados pelo poder central ou eleitos pelo povo, mas quase
sempre substituídos ou depostos. Constituíram-se várias juntas
governativas, numa ou noutra oportunidade. Somente no fim do século XIX,
ou melhor, já nos primeiros anos do século XX, a situação se consolidou
com os governos do barão de Traipu e de Euclides Malta, o primeiro da
chamada "oligarquia Malta", que se prolongou até 1912. Euclides governou
de 1900 a 1903; sucedeu-lhe o irmão, Joaquim Paulo, no período de 1903 a
1906; Euclides voltou ao poder de 1906 a 1909, e, reelegendo-se nesse
ano, permaneceu por mais um triênio, até 1912.
Os 12 primeiros anos do século se
assinalaram por lutas partidárias. Contudo, não houve paralisação nas
diferentes atividades do estado. Maceió ganhou numerosos prédios
públicos, como o palácio do governo, inaugurado a 16 de setembro de
1902, o Teatro Deodoro e o edifício da municipalidade, ainda hoje
existentes. Com a atividade pedagógica de Alfredo Rego, procedeu-se à
reforma do ensino, atualizando a anterior, ainda dos fins do império,
orientada por Manuel Baltasar Pereira Diegues Júnior, criador do
Instituto de Professores, posteriormente chamado Pedagogium, iniciativa
pioneira na época. Nova remodelação do ensino se fez em 1912-1914, sob a
orientação do segundo daqueles educadores. Criou-se o primeiro grupo
escolar.
Em 1912, o Partido Democrata conseguiu
derrotar a oligarquia Malta depois de enérgica campanha, em que se
registraram ferrenhas lutas de rua, inclusive com a morte do poeta
Bráulio Cavalcanti, em praça pública, quando participava de um comício
democrático. Clodoaldo da Fonseca, governador eleito, embora não fosse
alagoano, ligava-se ao estado através da família: era sobrinho de
Deodoro e filho de Pedro Paulino e, assim, parente do marechal Hermes,
então presidente da república.
As lutas contra os Malta envolveram
igualmente os grupos do culto afro-brasileiro. Xangôs e candomblés,
diziam os jornais da oposição, tinham o governador Malta como
estimulador. Entre papéis de orações, de panos com símbolos desenhados
de Ogum, de Ifá, de Exu, foram encontrados retratos dos chefes
democratas da oposição. O grupo que apoiava o governador era chamado de
Leba, por alusão a uma das figuras do orixá dos xangôs. O que valeu de
tudo isso é que o acervo apreendido pela polícia se preservou — peças,
objetos, insígnias e símbolos do culto, conservados no museu do
Instituto Histórico como uma das coleções mais preciosas do culto
afro-brasileiro.
Até 1930 o Partido Democrata manteve a
situação, através dos governadores que sucederam a Clodoaldo. Cada um
deles deu uma contribuição para o progresso do estado. Abriram-se
estradas de rodagem em direção ao norte e ao centro, e posteriormente o
trecho de Atalaia e a Palmeira dos Índios, estrada de penetração para a
zona sertaneja; construíram-se grupos escolares em quase todos os
municípios; Maceió renovou-se com a abertura de ruas e avenidas;
combateu-se a criminalidade, principalmente com o movimento contra o
banditismo, que culminaria, em 1938, com o extermínio do grupo de
Lampião; promoveram-se pesquisas petrolíferas. As sucessões políticas
praticamente se fizeram sem luta, pois quase sempre predominava o
candidato único, oriundo do Partido Democrata.
Com a vitória da revolução de outubro de
1930, também sem luta armada no estado, iniciou-se o sistema de
interventores (com breve interrupção entre 1935 e 1937) até 1947, quando
a redemocratização do país propiciou a promulgação de uma nova
constituição para o estado. O chamado período das interventorias foi
igualmente fecundo, malgrado a falta de continuidade nas administrações,
quase sempre de curtos períodos. Nesse período, entre outros fatos
marcantes destacaram-se os trabalhos de pesquisa do petróleo; a
construção do porto de Maceió, inaugurado em 1940; o incremento das
atividades econômicas, sobretudo com a diversificação da produção
agrícola e a implantação da indústria leiteira em Jacaré dos Homens,
constituindo-se a cooperativa de laticínios para a produção de leite,
manteiga e queijo; o incremento do ensino rural e a ampliação do
cooperativismo. Tal desenvolvimento possibilitou que, no período da
segunda guerra mundial, Alagoas contribuísse, de maneira efetiva, para o
abastecimento de estados vizinhos, sem prejuízo de sua colaboração para
o esforço de guerra. Constituiu-se, com a criação da usina Caeté, a
primeira cooperativa de plantadores de cana.
As atividades intelectuais também se
desenvolveram, não apenas com o Instituto Histórico, mas ainda com a
criação da Academia Alagoana de Letras, em 1919, e a formação de centros
literários de jovens como a Academia dos Dez Unidos, o Cenáculo
Alagoano de Letras e o Grêmio Literário Guimarães Passos. Em 1931,
fundou-se a Faculdade de Direito, e em 1954 a Faculdade de Ciências
Econômicas. Depois essas duas faculdades, e mais as de odontologia,
medicina, engenharia e serviço social uniram-se para formar a
Universidade Federal de Alagoas.
As lutas políticas estaduais ganharam
força na década de 1950. Quando da tentativa de impeachment do
governador Muniz Falcão, em 1957, um tiroteio na assembleia legislativa
causou a morte do deputado Humberto Mendes, sogro do governador. E em
toda a segunda metade do século XX manteve-se a tensão política,
enquanto os ganhos oriundos do sal-gema, do açúcar e do petróleo não
beneficiavam a população.
Em 1979, o ex-governador Arnon de Melo,
então senador, conseguiu do governo militar a nomeação de seu filho
Fernando Afonso Collor de Melo, para prefeito de Maceió. Em 1988, um
acordo entre Collor, já então governador, e as usinas de açúcar e
álcool, principais contribuintes do Imposto de Circulação de Mercadorias
e Serviços no estado, permitiu que estas reduzissem sua carga
tributária. A queda de receita agravou a histórica crise social e
econômica do estado e gerou um quadro falimentar que levou o governo
federal a uma intervenção não-oficial em 1997. Depois de nomeado um novo
secretário de Fazenda, o governador Divaldo Suruagy se afastou, cedendo
o posto ao vice-governador.
Geografia
Cerca de 86% do território alagoano se
encontra abaixo de 300m de altitude, e 61% abaixo de 200m. Apenas um por
cento fica acima de 600m. Cinco unidades compõem o quadro morfológico:
- a baixada litorânea, com extensos areais (praias e restingas) dominados por elevações de topo plano (tabuleiros areníticos);
- uma faixa de colinas e morros argilosos, imediatamente a oeste, com solos espessos e relativamente ricos;
- o pediplano, ocupando todo o interior,
com solos ricos, porém rasos, e uma topografia levemente ondulada, da
qual despontam as serras de Mata Grande e Água Branca, no extremo oeste
do estado;
- a encosta meridional do planalto da Borborema, no centro-norte, parte mais elevada de Alagoas;
- e planícies aluviais (várzeas), ao longo
dos rios, inclusive o delta e a várzea do baixo São Francisco (margem
esquerda), com solos anualmente renovados por cheias periódicas.
A rede hidrográfica do estado é
constituída por rios que correm diretamente para o oceano Atlântico
(como, por exemplo, o Camaragibe, o Mundaú, o Paraíba do Meio e o
Coruripe) e por rios que deságuam no São Francisco (como o Marituba, o
Traipu, o Ipanema, o Capiá e o Moxotó).
Três tipos de cobertura vegetal, em grande
medida modificados pela ação do homem, revestiam o território alagoano:
a floresta tropical na porção úmida do estado (microrregião da mata
alagoana); o agreste, vegetação de transição para um clima mais seco, no
centro; e a caatinga, no oeste. Toda a metade oriental do estado possui
clima do tipo As, de Köppen, quente (médias anuais superiores a 24°C),
com chuvas de outono-inverno relativamente abundantes (mais de 1.400mm).
No interior dominam condições semi-áridas, clima BSh, caindo a
pluviosidade abaixo de 1.000mm; essa região está incluída no chamado
Polígono das Secas. As estações do ano são perfeitamente definidas pela
periodicidade das chuvas. O verão tem início em setembro e termina em
fevereiro e o "inverno" começa aproximadamente em março, terminando em
agosto. A temperatura não sofre grandes oscilações, variando, no
litoral, entre 22,5 e 28°C, e no sertão, entre 17 e 33°C.
O estado encontra-se com 44,36% de seu
território dentro do polígono das secas, segundo dados da Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Cidades mais populosas de Alagoas
(censo 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
1 Maceió 950.000 (Região metropolitana: 1 160 393)
2 Arapiraca 216,000
3 Palmeira dos Índios 70,556
4 Rio Largo 68,885
5 União dos Palmares 62,645
6 Penedo 60,638
7 São Miguel dos Campos 55,462
8 Santana do Ipanema 52,716
9 Campo Alegre 51,584
10 Delmiro Gouveia 48,492
11 Marechal Deodoro 43,753
12 Coruripe 45,197
13 Atalaia 44,611
14 Teotônio Vilela 41,480
15 Girau do Ponciano 37,118
16 Pilar 33,466
17 São Luís do Quitunde 32,632
18 São Sebastião 32,232
19 São José da Tapera 30,322
20 Maragogi 29,280
Economia
Setor primário
Entre os principais produtos agrícolas
cultivados no Estado encontram-se o abacaxi, o coco, a cana-de-açúcar, o
feijão, o fumo, a mandioca, o algodão,o arroz e o milho. O estado
Alagoas é o maior produtor de cana-de-açúcar do nordeste e um dos
maiores produtores de açúcar do mundo, A Rússia é seu maior comprador,
75% do açúcar consumido na Rússia é alagoano.
Na pecuária, destacam-se as criações de aves, equinos, bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos.
Existem também no estado, reservas
minerais de sal-gema, Alagoas é o maior produtor de gás natural do
Brasil ALGÁS, além do petróleo já mencionado.
Setor secundário
A atividade industrial tem como
sub-setores predominantes o químico, a produção de açúcar e álcool, de
cimento, e o processamento de alimentos. Ultimamente tem crescido
bastante a instalação de novas indústrias em Alagoas (em apenas 1 ano
chegaram 12).
Atualmente as empresas que se instalam em
Alagoas estão em um franco desenvolvimento, caracterizando um estado
sólido para investimento na região Nordeste.
A participação da indústria da cultura
canavieira na economia do estado atinge 45 por cento. As outras
atividades que possuem contribuição significativa são o turismo, com
23%, a indústria alimentícia, com 20% e a de química e mineração, com
12%.
Setor terciário
Nos últimos anos, Alagoas se destaca por
ser um dos estados mais procurados no Brasil pelos turistas, inclusive
estrangeiros vindos sobretudo da Itália, Inglaterra, Estados Unidos,
Alemanha e Argentina. O turismo tem crescido nas praias do estado com a
chegada de brasileiros e também de estrangeiros, graças a melhorias no
aeroporto de Maceió e na infraestrutura hoteleira. O litoral norte,
especialmente Maragogi e Japaratinga tem recebido nos últimos anos
grandes empreendimentos de resorts. Segundo a maior companhia de viagens
da América Latina CVC, Maceió é a terceira capital mais procurada do
Brasil.
Transportes
O Aeroporto Internacional Zumbi dos
Palmares está localizado na Região Metropolitana de Maceió, entre a
capital e a cidade de Rio Largo e é um dos maiores (tamanho do terminal
de passageiros) aeroportos do Nordeste.
Foi o desenvolvimento econômico e
comercial do Porto de Jaraguá, próximo às margens da lagoa Mundaú,
chamada maçaio, que fez surgir uma grande povoação que recebeu o nome de
Maceió. O Porto de Jaraguá é considerado um "porto natural" que
facilita o atracamento de embarcações, por onde os produtos mais
exportados na época da colonização foram açúcar, fumo, coco e
especiarias. E hoje o porto de Maceió é o 3º principal do nordeste, e o
8º do Brasil.
Planos do Governo federal, pretende ampliar o espaço para Navios Cargueiros, e os Cruzeiros que sempre atracam na cidade.
Pontos turísticos
Os destinos mais procurados atualmente
são: Maceió, Maragogi, Japaratinga, Barra de São Miguel, Piaçabuçu,
Marechal Deodoro e Penedo, esse último tem um grande potencial turístico
e histórico. Além de festejos de Bom Jesus dos Navegantes que começam
de 08 a 15 janeiro com balsas que atravessam desde Alagoas até Sergipe e
voltam a Penedo,depois em terra começa os Fogos sinalizando a chegada
das embarcações e assim as festas com os shows de bandas Musicais.
Fonte: Wikipédia
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