MACEIÓ DOS MEUS SONHOS.
(*) Sebastião José Palmeira
O
centro de Maceió, que nas noites de outrora serviu para o enlevo de casais
enamorados e apaixonados, com suas vitrines enfeitadas, suas praças iluminadas
e bem cuidadas, encontra-se tétrico e lúgubre.
O
belo cenário da minha adolescência, cujas praças floridas e com caixas de som
no alto de suas árvores frondosas, onde ouvíamos lindas melodias, não mais
existe! Perguntar-me-iam os mais jovens, isso realmente existiu ? E eu lhes
responderia de pronto: Sim, existiu ! Houve um Prefeito em Maceió, chamado SANDOVAL CAJÚ, que realmente amou esta
cidade. Recuperou as praças e os jardins, colocando em todas elas um serviço de
som que saía das caixas colocadas no alto das árvores e a todos embevecia. Além
de outras obras, Sandoval Caju, reconstruiu a Praça do Centenário, dotando-a de
uma belíssima “Fonte Sonora e Luminosa”, tendo ao lado, em concreto, o Mapa de
Alagoas. Era poeta e dotado de grande inteligência. Não fugia do povo, antes,
porém, misturava-se a ele. Falava muito, mas gostava de ouvir, principalmente
os jovens e os estudantes. Acompanhava as obras pessoalmente e era costume
vê-lo sempre ao lado dos operários. Foi cassado pela Revolução de 1964 sem
concluir sua bela administração.
Esse
cenário deu lugar a uma cidade triste e fúnebre. Ao invés das belezas do
passado, vê-se uma Maceió velha, feia e tenebrosa. Proliferam as “casas
funerárias” , com seus esquifes expostos e competitivos. Elas estão presentes
em toda parte, principalmente nas proximidades dos hospitais. Parece um agouro
! Deveria ser proibido por lei tais exibições. Cheguei a conversar e sugerir a
uma vereadora a elaboração de um projeto de lei para coibir tais abusos. Prontifiquei-me,
até, a fazer uma exposição de motivos para sua fundamentação, pois Maceió é uma
cidade turística, conhecida nacionalmente por suas belezas naturais, visitada
por muita gente, tendo sido motivo de inspiração da música “Saudades de Maceió” , cantada pelo inesquecível LUIZ
GONZAGA.
A
minha geração chegou ao poder! Muito esperava dela, porém resta-me uma grande e
profunda frustração. Muitos foram sacrificados em nome de um ideal e de sonhos
não concretizados. Os que chegaram ao poder, frustraram-nos as esperanças. Os
nossos mártires, se vivos fossem, estariam morrendo de vergonha. Afinal
serviram apenas como “boi de piranha”! Mas, deixemos as lamentações e partamos
para a realidade. O que deve ser feito, mudado, aperfeiçoado, melhorado,
construído, eis que, em breve começará uma nova administração municipal, onde o
povo de Maceió e por extensão o povo de Alagoas, depositou e deposita as suas
últimas esperanças.
Sonho
com uma Maceió dotada de grandes viadutos, novas avenidas largas e bonitas,
circundando toda a orla marítima da nossa Capital. Penso na interligação da
Praia da Avenida da Paz com a Praia da Pajuçara. O depósito da ATLANTIC seria
deslocado para as proximidades do Porto de Jaraguá ou outro local, passando por
lá uma grande, larga e bela avenida litorânea. Desapropriada a ATLANTIC,
surgiriam novos edifícios à beira mar e, a cidade, além da desobstrução do
trânsito, teria um novo visual. Completando, estenderia a avenida que margeia a
praia de Cruz das Almas, até a praia de Jacarecica e, posteriormente, até a
praia da Sereia. Trocaria o nome da praia de Cruz das Almas por outro mais
bonito, pois, Cruz das Almas é uma péssima denominação para uma praia
turística.
E
os recursos? A própria iniciativa privada teria interesse em ajudar a pavimentar
e construir as futuras avenidas, afinal, seriam as construtoras e os donos de
terrenos os mais beneficiados, visto que, o sonho de toda pessoa é morar em
frente ao mar.
O
poder público pode desapropriar. Basta querer !
Conforme
afirmou o Deputado Federal João Lyra, em artigo publicado em O JORNAL , edição de
14/11/2004, pág.A3, “ Com trabalho, muito trabalho, consegue-se tudo o que se
quer e deseja.”
Portanto,
vamos pensar forte e grande e deixarmos essa idéia de pequenez e de atraso para
o passado. Se empregarmos todos os recursos oriundos do povo e que nos são
destinados por força de lei; se não houver corrupção e enriquecimento ilícito
de muitos, sobrará dinheiro. Basta adotar-se a trilogia: honestidade, trabalho
e competência. Dinheiro público é para ser aplicado, jamais roubado!
Assim,
vislumbro a imensa avenida litorânea, iluminada, com novos e belos mirantes em
toda a sua extensão. Circundada por edifícios residenciais, restaurantes,
postos de gasolina, fazendo surgir, assim, uma nova e próspera Maceió.
Esse
projeto arrojado, serve de complementação para outro grande projeto, que é a
rodovia sobre o vale do Reginaldo, prometido na campanha política, obras que se
realizadas, projetarão Maceió para os próximos cem anos.
Governar
não é tão somente tapar buracos ou desviar recursos. Vez que, administrar é
postar-se além do seu tempo, é antever, criar, sonhar, idealizar. Se assim não
fosse, JUSCELINO KUBTSCHEK, o maior presidente da história do Brasil, não teria
construído Brasília, a capital da esperança, em apenas quatro anos.
(*) Sebastião José Palmeira é Advogado
Criminalista, Procurador de Estado, Especialista em Direito Penal ,
Professor de CRIMINOLOGIA e Diretor-Geral da SEUNE.
Nenhum comentário:
Postar um comentário