Milton Hênio: Qual a idade que você tem?
Quantos anos você tem? Essa pergunta enerva e irrita a muita gente, principalmente as mulheres depois dos 50 anos.
Quantos anos você tem? Essa pergunta enerva e irrita a muita gente, principalmente as mulheres depois dos 50 anos. “Trata-se de uma pergunta indiscreta, mal educada, mesmo em tom de brincadeira” – relata aquela senhora ao primo irreverente.
Myra e Lopez, saudoso psiquiatra e escritor famoso, em seu livro A Arte de Envelhecer, fala sobre o impacto ou trauma psíquico que a chegada do envelhecimento causa em muita gente.
É realmente muito interessante a curiosidade que as pessoas têm em saber a idade dos outros e fazer uma avaliação pessoal se aquela pessoa está velha ou moça para aquela idade. Pequenas histórias engraçadas ouvimos todos os dias de cenas relacionadas com esse tema. Como essa: dois amigos de infância que há muito tempo não se viam, encontraram-se numa festa. A senhora aparentando seus 70 anos, virou-se para o ex-colega de faculdade e foi dizendo: “Pedro, como você está velho! Meu Deus do céu! Lembra-se da nossa convivência na faculdade?” O Pedro chateado com a insistência da ex-colega em achá-lo tão acabado assim, retrucou calmamente: “É, eu me lembro de você. Só estou vendo qual foi a matéria que você me ensinou”. Ela trancou a cara e saiu como uma bala.
Na verdade, ninguém quer ficar velho. Infelizmente isso tem que acontecer porque a marcha do tempo não para.
O homem é o animal dos paradoxos: o menino quando tem seus 10 a 12 anos quer logo crescer, namorar, ir para as festas antes do tempo. Fica furioso quando na primeira tentativa de namoro a jovem diz “cresça e apareça”. Aos 20 anos sente-se com todo o vigor e entusiasmo. Aos 40 anos já começa a sentir-se “maduro”. E aos 50 fica tomado de uma tristeza porque começa a sentir os sintomas de dor de coluna, cansaço etc. Já aos 80 anos sente-se orgulhoso da idade que possui e gosta de contar aos amigos as bravatas que ainda faz, como andar, ir ao cinema etc.
Viver, portanto, é uma meta. Ninguém pode parar o tempo, repito. Lembrem-se os cinquentões e a turma daí pra frente, que não há motivo para ter medo do tempo. Se na juventude desabrochamos para a vida, agora aos 50, 60 ou 70 a vida desabrocha para nós.
Conservar a vitalidade – eis o segredo. E esta reside no amor à vida. O mal da velhice é pensar que a velhice é um mal. Alguém disse: “Os dedos dos teus pensamentos modelam o seu corpo”. É verdade. O entusiasmo pela vida é luz que ilumina sua figura toda, da cabeça aos pés. A plástica mental é, pois, necessária. São as rugas da alma que marcam mais fundo o rosto da gente. Portanto, procure sorrir e viver e assim terá uma aparência saudável.
Os seres humanos devem compreender que existem pedras no caminho e que todas podem ser removidas com esforço e obstinação. Porém, quando se desviam desse caminho as consequências negativas virão com certeza, e aí lá vem o estresse e o envelhecimento.
| MILTON Hênio é médico e membro da Academia Alagoas de Letras
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