quarta-feira, 11 de setembro de 2013

HISTÓRIA DO ENSINO ESCOLAR

Leopoldo Costa

A palavra "escola" vem do grego "scholé" que significa "lugar de ócio". Isso porque as pessoas iam à escola em seu tempo livre, para refletir.

Na Suméria

A escrita cuneiforme foi o primeiro sistema para registrar fatos e dados, principalmente os relativos ao comércio e à cobrança de tributos. Foi criada pelos Sumérios em 4.000 a.C. que passaram a serem meticulosos em seus registros. As primeiras escolas da Suméria ("edubas") foram construídas anexas aos zigurates e reservadas exclusivamente para meninos da classe rica. Os mestres muito rigorosos puniam duramente os alunos ("dubsar") que eram relapsos,até com chicotadas.

O currículo era dividido em duas etapas, a básica e a avançada. A primeira etapa começava entre os 5 a 7 anos e os alunos aprendiam a fazer as tabuinhas de barro, a dividi-las em colunas e linhas e as técnicas de escrever. Na segunda etapa aprendiam os símbolos e como grafar os nomes das coisas, matemática, literatura e finalmente como redigir cartas e contratos comerciais. Quando completavam o curso tornavam-se escribas e eram ocupados nos ofícios religiosos, nos órgãos governamentais e no exército.

Na Grécia

Na Grécia antiga as crianças eram alfabetizadas de modo informal, sem critérios hoje usuais como divisão em classes e os alunos separados em salas.

Vários centros de ensino foram fundados em toda a Grécia, por iniciativa de diferentes filósofos. As escolas geralmente eram levadas adiante pelos discípulos do filósofo-fundador e cada uma valorizava uma área de conhecimento.  A escola de Isócrates, um exímio orador, por exemplo, era muito forte no ensino da eloquência.

O Liceu, um ginásio e local de reunião pública de discussão de ideias, foi construído no bosque dedicado a Apolo Lyceus (Apolo, deus lobo). Especula-se que foi Péricles ou Pisístrato quem  o iniciou no século V ou VI a.C, onde muitos filósofos compareciam como o sofista Protágoras (480-410 a.C), acima de tudo pedagogos, para "educar os homens". Exerciam uma espécie de preceptorato coletivo.

A partir do século IV a.C a educação escolar passou a ter  um conjunto complexo de estudos que ia dos 7 aos 20 anos, sendo que a partir dos 14 anos, o menino passava a ter uma formação cívica e militar ("efebia"),com cursos de retórica, filosofia e medicina. Foi nessa época que a educação deixou de ser entregue à iniciativa privada, passando a ter um regulamento do Estado e as escolas de alfabetização  se difundiram nas maiores cidades, com legislação determinando a frequência de todas as crianças.

Em 335 a.C durante o domínio macedônio sobre Atenas, Aristóteles com a idade de 50 anos começou a lecionar no Liceu, onde formou uma biblioteca. Em 332 a.C Aristóteles foi forçado a deixar Atenas por motivos políticos e a direção do Liceu passou a Teofrasto que o dirigiu durante 36 anos.

Em 387 a.C o filósofo Platão (424-348 a.C) fundou a sua academia em Atenas, no local que antes era um bosque de oliveiras dedicado a deusa Atena. Ali estudou Aristóteles durante 20 anos. Era uma espécie de escola onde se lecionava filosofia e matemática por meio de questionamentos. No início era exclusiva para um grupo escolhido e mais tarde, com o pagamento de uma taxa, qualquer pessoa podia frequentá-la. Para muitos não poderia ser chamado de escola, pois não havia uma distinção entre alunos e mestres, apenas uma separação de seniores e juniores. Também não tinha um currículo estabelecido. Foi destruída em 86 a.C quando Lúcio Cornélio Sula conquistou Atenas.

Também na mesma época, era comum que as famílias gregas mais ricas pagassem um preceptor, um mestre com mais conhecimento que guiasse as crianças nos estudos. Em 343 a.C, Aristóteles tornou-se preceptor de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia.

Em Roma

Foi através da escravidão que os Romanos incorporaram  a educação grega. O ensino era ministrado  por cultos escravos gregos e em cada domicílio. A primeira escola surgiu em meados do século IV a.C, coincidindo com a ascensão da classe plebeia ao poder, e também nos moldes das escolas da Grécia. Essas escolas básicas eram chamadas de "ludi" uma palavra latina que significa "jogar". Havia uma segunda fase em que eram estudados a gramática, a língua grega e literatura e uma terceira tratando-se quase que exclusivamente da oratória.

Na segunda metade do século III a.C, Espúrio Carvilio inaugurou a primeira escola gratuíta, criando o ofício de professor.

No apogeu do Império o sistema educacional ganhou o seu formato e as escolas tradicionais foram estabelecidas em todas as províncias, fazendo que a língua latina se universalizasse.

Com o Cristianismo sendo adotado como religião oficial do Império Romano as escolas leigas foram-se transformando e  substituídas pelas religiosas, que com o passar do tempo tornam-se o único instrumento de aquisição e transmissão de cultura.

Na Idade Média

Na Europa medieval o conhecimento ficava restrito aos membros da Igreja e alguns nobres.  As instituições religiosas eram as proprietárias de todas as escolas. As abadias e os mosteiros se destacavam, como as abadias de Santa Genoveva em Paris, a Du Bec na Normandia e a de Chartres, especializando-se todas na formação de sacerdotes.

Graças aos comerciantes bizantinos, a cultura árabe alcançou a Europa, trazendo com eles manuscritos desconhecidos e nas bibliotecas dos mosteiros começaram a ser colecionadas obras dos filósofos gregos, muitas vezes na sua versão em árabe.

O caráter apenas religioso do ensino provocou a revolta de muitos estudantes, que queriam uma escola aberta e  fundamentada naquelas obras dos clássicos gregos. Abelardo se destacou entre essas vozes, quando estudava na abadia de Santa Genoveva, sendo mais tarde também professor da mesma instituição. Ele queria buscar uma explicação dos mistérios da fé através do raciocínio lógico, tornando-se assim suspeito de heresia. Abelardo morreu no exílio em 1142, mas a sua luta pela independência das ideias iria revolucionar a educação.

No século XII surgiram na Europa as primeiras escolas nos moldes das atuais, com crianças sentadas em bancos e professores em salas de aula. Eram obras de instituições de caridade católicas que ensinavam a ler, escrever, contar e junto, iam transmitindo as lições de catecismo.

Depois do estabelecimento das universidades em Oxford (c. 1096) e Cambridge (c.1209), Elizabeth de Clare, uma nobre viúva rica da Inglaterra, decidiu ajudar os pobres, principalmente na sua educação e possibilitou a frequência à escola de muitos filhos de camponeses e até financiou que os mais proeminentes pudessem estudar em Oxford e Cambridge. Em 1336  financiou a fundação do colégio de Clare, que possibilitou a formação de muitos estudantes, com um currículo de direito, religião e artes.

No início do século XIV apenas 5% da população europeia sabia ler e escrever,sendo propósito dos senhores feudais manter seus servos na ignorância. Apenas os filhos das famílias mais ricas podiam frequentar escolas, as escolas de música e de gramática (retórica e lógica), matemática e ciências, que os treinavam principalmente para os ofícios religiosos e administrativos.

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