O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em
Alagoas, retomou, esta semana, o trabalho de pesquisa arqueológica em
Porto Calvo, na região Norte do Estado. As sondagens se estenderão até
Porto de Pedras em busca de resquícios do período colonial (século 17).
O trabalho é desenvolvido por meio de convênio entre a Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Arquelog Pesquisas (empresa contrata pelo
Iphan/AL) e prefeitura municipal.
“Trata-se de um trabalho de resgate da história de Porto Calvo, de
Porto de Pedras e do Brasil. Essa região foi tomada pelos holandeses,
retomada pelos portugueses; tomada e retomada novamente em batalhas
sangrentas, como a de Mata Redonda e do rio Comandatuba. Estamos em
busca desse passado”, explicou a técnica de campo da Arquelog, Doris
Walmsley.
A pesquisa é coordenada pelos arqueólogos Veléda Lucena e Marcos
Albuquerque, o mesmo que coordenou os trabalhos arqueológicos que
descobriram, em 2000, no Recife, a primeira sinagoga das Américas. As
escavações se concentram, inicialmente, às margens do histórico rio
Comandatuba, mas nenhuma evidência foi encontrada, por enquanto.
“Há muito tempo atrás eu já encontrei três balas antigas dentro do
rio, quando fui tomar banho. Aí dentro tem muita coisa bonita para se
descobrir”, atesta dona Maria Vandeci Alves da Silva, 74 anos, que
assistia ao trabalho de escavação.
“Existem referências que em 1637 existiam aqui dois fortes e outros
dois redutos. Nosso trabalho inicial é identificar esses sítios e
levantar o potencial arqueológico da região. Uma vez identificados esses
sítios, aprofundaremos os estudos”, relatou Doris.
Ela lembrou que o trabalho arqueológico foi iniciado em maio do ano
passado, mas teve de ser suspenso um mês depois por conta das chuvas e
só retomado esta semana. A pesquisa vai seguir o curso do Rio Manguaba
em direção ao mar de Porto de Pedras, por onde escorria o grosso da
produção açucareira da época em grandes barcaças e por onde chegavam
suprimentos e armas.
A técnica observou, entretanto, que a pesquisa sofre resistência de
alguns moradores das áreas estudadas. “Como aqui na região já foram
encontradas botijas (duas em Maragogi e uma Japaratinga), as pessoas se
negam a prestar informações. Nossa chave para abrir os caminhos é seu
Adelmo. Ele conhece todo mundo e isso facilita nosso trabalho”, afirmou
Doris.
Adelmo Monteiro é o diretor de Cultura de Porto Calvo, um entusiasta
que auxilia os técnicos durante as pesquisas, apontando os locais onde
possivelmente existem os sítios arqueológicos. Ao longo do tempo, Adelmo
coleciona artefatos encontrados por populares no solo da terra de
Calabar. Ele pretende doá-los ao município para a montagem de um museu e
para pesquisas.
Fonte: Sucursal Maragogi / Gazeta de Alagoas
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