quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

SÍNTESE HISTÓRICA DE PORTO CALVO SOB O DOMÍNIO HOLANDÊS.

SÍNTESE HISTÓRICA DE PORTO CALVO SOB O DOMÍNIO HOLANDÊS.

Levy Pereira.

... tui, tibi culmina, Portus Calve, placent. Illis stas metuende jugis ...


[A ti, Porto Calvo, aprazem os cimos: ali estás sobranceiro, ó tu, que deves ser temido daquelas cumeadas].
Gaspar Barleu1.

INTRODUÇÃO.


O açúcar, e outros produtos produzidos nas capitanias da América Portuguesa, despertaram as atenções dos Países Baixos, no contexto da Guerra dos 80 Anos em beligerância com a Espanha, sob cuja coroa estava Portugal e suas colônias. O refino do acúcar e a sua distribuição em toda a Europa praticamente era monopólio dos neerlandeses, e essa situação encarecia e dificultava a sua obtenção, levando-os à decisão de conquistar seu maior produtor, o Brasil, subtraindo de seu inimigo essa fonte de riqueza e mercado consumidor2.

Os Estados Gerais dos Países Baixos, após o insucesso da invasão da Bahia em 1625, quando intentavam submeter pela força das armas todo o território brasileiro, focaram sua atenção nas capitanias do saliente nordestino, principal região produtora de açúcar no Brasil3. O alvo escolhido desta vez foi Olinda e o porto do Recife, na Capitania de Pernambuco, delegando-se essa missão à Companhia das Índias Ocidentais (WIC)4. Em 14 de fevereiro de 1630, a esquadra sob o comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck, com 7.280 homens transportados em 65 embarcações, chegou às costas de Pernambuco para consumar essa incumbência.

A invasão foi duramente combatida, com a resistência centrada no Forte Real do Arraial (Velho) do Bom Jesus, que negava aos neerlandeses o acesso ao açúcar produzido em Pernambuco, e permitia o seu escoamento para a Bahia e Portugal, com o porto no Cabo de Santo Agostinho, defendido pelo Forte de Nazaré, movimentando o maior volume. O esforço de guerra neerlandês entre 1630 a 1634, estrategicamente voltado para o norte do Recife, foi lento e consistiu em conquistar a Ilha de Itamaracá, e as capitanias do Rio Grande e da Paraíba.

Goiana, último reduto ao norte, cai em 7 de fevereiro de 1635, e as forças neerlandesas, em 3 de março, iniciam a ofensiva para expugnar os fortes Real e Nazaré. Em 12 de março desse ano, o

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  1. Verso. In: (Barléu, 1647): Barléu, Gaspar: HISTÓRIA DOS FEITOS RECENTEMENTE PRATICADOS
    DURANTE OITO ANOS NO BRASIL ... [1647], tradução e anotações de Cláudio Brandão, Ministério da Educação, Rio de Janeiro, Brasil, 1940 [MCMXL]; fol. ante frontispício. Os livros neerlandeses do início do século XVII escritos em latim costumeiramente traziam na introdução versos laudatórios a patronos, etc..

  2. Vide MOERBEECK, Jan Andries: Motivos porque a Companhia das Índias Ocidentais deve tentar tirar ao Rei da Espanha a terra do Brasil. Amsterdam, 1624. In: DOCUMENTOS HISTÓRICOS I – OS HOLANDESES NO BRASIL, Instituto do Álcool e do Açúcar, Rio de janeiro, 1942.

  3. Há 176 engenhos de açúcar nas capitanias de Pernambuco, Itamaracá, Paraíba e Rio Grande plotados no mapa Brasilia qua parte paret Belgis, de Georg Marcgrave (1647). Fonte: Pereira, Levy: Inventário de entes georreferenciados no mapa Brasilia qua parte paret Belgis, de Georg Marcgrave. Atlas Digital da América Lusa, 2013.

  4. West-Indische Compagnie (WIC) ou Geoctroyeerde West-Indische Compagnie (GWC), estabelecida em 1623 e extinta em 1792.
    Conde de Bagnuoli5, comandante das forças hispano-napolitanas, retira-se da Vila Formosa6 para a Povoação de Porto Calvo e nela se acantona e fortifica a sua igreja7. É essa ação militar que insere Porto Calvo no calvário bélico que lhe deu notoriedade durante o Domínio Holandês.

    A Povoação de Porto Calvo, também conhecida como Povoação dos Quatro Rios, e de Nossa Senhora da Apresentação8 foi fundada em torno de 1575. Adriaen Verdonck9 assim descreve sua situação em 1630:

    § 3.0 - PORTO CALVO - Próximo a Alagoas há um povoado denominado Porto Calvo que também conta poucos habitantes; na mesma região igualmente muito gado, principal riqueza dos seus moradores, que o trazem de ordinário para Pernambuco; plantam ali muito fumo, fazem bastante farinha e pescam muitos peixes, na maior parte tainhas, que trazidos para Pernambuco são logo vendidos; ainda nessa região existem 7 ou 8 engenhos alguns dos quais fazem um pouco de açúcar.

    Esse povoado também dista umas cinco milhas da praia e é banhado por um rio de 9 a 10 braças de fundo, pelo qual se pode subir do mar para o povoado.

    Joan Nieuhof10 também oferece sua visão da Povoação, circa 1641-1644:

    Sergipe d'El Rei possui, entre outras, uma certa freguesia chamada Porto Calvo11, situada entre 9 e 10 graus de latitude sul, e que vai entestar a noroeste com a freguesia de Serinhaém e o pequeno rio de Persinunga, para se estender ao Sul até o Rio Paripuera, que a divide da freguesia de Alagoas, compreendendo ao todo cerca de 12 milhas de comprimento, próximo à costa. Do lado do interior, impenetráveis florestas demarcam os seus limites.
    Há nesta freguesia uma aldeia a que os portugueses chamam Vila de Bom Sucesso de Porto Calvo e que anteriormente se denominava Povoação dos Quatro Rios, por se achar situada na confluência

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  5. Giovanni Vincenzo di San Felice (Nápoles, 1575 — Salvador, 26 de agosto de 1640), Conde de Bagnuoli (Bañolo, Bagnolo, Banholo, Bagnoli, etc.), Mestre de Campo General (Maesse de Campo General). Veio para o Brasil em 1631na frota de D. Antônio de Oquendo, como comandante das tropas napolitanas e ibéricas transportadas nessa frota. Desembarca na Barra Grande, em 21/set/1631, e serve sob o comando do General Matias de Albuquerque. Sucede a D. Luís de Roxas y Borgia* no comando geral das forças ibero-brasileiras na Capitania de Pernambuco em 16/jan/1636.
    (Coelho, 1654): COELHO, Duarte de Albuquerque: MEMÓRIAS DIÁRIAS DA GUERRA DO BRASIL PELO DECURSO DE NOVE ANOS, COMEÇANDO EM 1630, tradução de Murilo Lisboa e Paula Maciel Barbosa, Editora BECA, São Paulo, SP, Brasil, 2003; pg. 118; 133; 450.

    * Vide Nota 29.

  6. Atual cidade de Serinhaém – PE.

  7. Igreja conhecida como igreja velha da Povoação, cujo prédio serviu de base para se erigir a fortificação conhecida como Forte da Povoação. Com essa reutilização, houve a demanda para a construção de outra igreja na Povoação, conhecida como igreja nova. A igreja velha não foi reerguida como edifício religioso após o Forte ser arrasado em 1645, e situava-se onde hoje está erigido o Hospital de Porto Calvo.

  8. A freguesia, sob invocação de N.S. da Apresentação, foi criada por volta de 1575, e a povoação elevada à vila (Vila do Bom Sucesso de Porto Calvo) em 12 de abril de 1636. ‘N S ᵭ Pre∫entaçaon ou Poŭ ᵭ 4 enos ou do Pto. Caluo’ no mapa de Marcgrave (Op. cit.).

  9. VERDONCK, Adriaen: Memória oferecida ao Senhor Presidente e mais Senhores do Conselho desta Cidade de Pernambuco, sobre a situação, lugares, aldeias e comércio da mesma cidade, bem como de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande segundo o que eu, Adriaen Verdonck, posso me recordar. Escrita em 20 de maio de 1630. In: Gonsalves de Mello, J. A., FONTES PARA A HISTÓRIA DO BRASIL HOLANDÊS, vol. 1 — A ECONOMIA AÇUCAREIRA, Parque Histórico Nacional dos Guararapes, MEC/SPHAN/FUNDAÇÃO PRÓ-MEMÓRIA, Recife, Pernambuco, Brasil, 1981, pg. 36.

  10. (Nieuhof, 1682): NIEUHOF, Joan: Memorável viagem marítima e terrestre ao Brasil, [traduzido do inglês por Moacir N. Vasconcelos; confronto com a edição holandesa de 1682, introdução, notas, crítica bibliográfica e bibliografia por José Honório Rodrigues]; Belo Horizonte, Minas Gerais, Editora Itatiaia; São Paulo, SP, Editora da Universidade de São Paulo, 1981; pg. 34-35.

  11. Permuta-se Pernambuco por Sergipe – trata-se de uma pequena distração geográfica do editor na editio princeps do Gedenkweerdige brasiliaense zee- en landt reize [Memorável viagem; op. cit.], em 1682.
    de quatro rios: o Maleita12, o Tapamundo13, o Comandatuba e o Manguaba. Está edificada sobre uma eminência, a cerca de quatro milhas do mar e foi guarnecida pelos holandeses com dois fortes, o maior dos quais — o Bom Sucesso — todo construído de pedra e rodeado por uma excelente contra-escarpa, possui amplo reservatório de água potável. O outro forte, denominado por nós Igreja Nova, por ter nascido das ruínas de uma velha igreja que os portugueses chamavam de Nossa Senhora da Apresentação. Entre esses dois fortes o Conde Maurício ordenou que se construísse um terceiro, sobre a margem do rio, o qual, entretanto, por ficar a um tiro de mosquete distante das montanhas, não foi concluído satisfatoriamente14.
    Tem a aldeia duas ruas, sendo que a principal se estende paralelamente ao rio, de um forte a outro. Chama-se rua de São José e não contém mais do que umas três casas de um único pavimento e cerca de 35 ou 36 outras cobertas de sapé, construídas sobre o chão raso (27)15. Os portugueses levantaram, do outro lado do rio, uma igreja em lugar das que foram demolidas quando se fizeram as fortificações e onde às vezes ouvem missa.
    A aldeia é favorecida por um clima ameno e puro e continuamente refrescada por brisas marítimas que sobre ela sopram livremente, sem montanha alguma que lhes sirva de anteparo.

    A produção de açúcar na região polarizada por Porto Calvo se fazia nos engenhos situados no vale do rio Manguaba, onde safrejavam três engenhos, no do Japaratuba, um, no do Camaragibe, quatro, e no vale do Santo Antônio Grande, dois. Voltando-se para o norte, separava-a da região produtora de açúcar no entorno do Recife, situada nos vales dos rios Capibaribe e do Jaboatão, sucessivamente, as regiões canavieiras nas várzeas das bacias dos rios Una, Serinhaém e Ipojuca.

    AS FONTES DE INFORMAÇÃO HISTÓRICA.


    A guerra infligiu profundas transformações na região de Porto Calvo, e é basicamente do intervalo entre 1635 e 1645 que se dispõe de várias fontes primárias de informações históricas, em sua maioria, de origem neerlandesa. Não se pode deixar de destacar que a campanha de expulsão das forças ibero-brasileiros da Capitania de Pernambuco, em 1637, e a vitória sobre as forças da esquadra do Conde da Torre, em 1640, são os feitos de armas de maior relevância do Conde João Mauríco de Nassau no Brasil.

    E, especificamente, a retumbante vitória de Nassau no cerco e conquista de Porto Calvo em 1637, deu-lhe grande notoriedade, e por isso, constata-se haver, face à percepção da relevância dos resultados possibilitada por esse sucesso, relativa fartura documental a seu respeito: livros, relatórios, mapas, vistas, panfletos noticiosos e missivas, que contêm preciosos detalhes da infraestrutura que havia na região naquela ocasião: caminhos, povoações, engenhos, igrejas, casas no campo (fazendas), pontes, fortes, redutos e outras estruturas de defesa e ataque, e etcétera.

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  12. Tapamundo: o rio Tapamundé — ‘Tapámundé’ no mapa de Marcgrave (Op. cit.).

  13. O terceiro e inconcluso forte não se situa entre os fortes citados, e sim a sudeste deles, e da povoação. Está na ilha no rio Manguaba, junto à barra do rio Comandatuba. Esse forte está ubicado nessa ilha no mapa de Marcgrave, sem nome, e nos mapas CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE publicados nos Atlas Vingboons (vide as referências no Anexo 2), com o topônimo ‘F. Bass’.

  14. Nota de José Honório Rodrigues, in (Nieuhof, 1682), op. cit. pg. 35:
    (27) A edição inglesa se refere a 35 casas (p. 7, lª col., últ. §), enquanto que na edição holandesa consta: 35 ou 36 casas (p. 11, 2ª col., 5° §).

    Imagem 1: Brasão de Porto Calvo16 concedido pelo Conde de Nassau em 1638.


     
    As fontes clássicas primárias selecionadas neste estudo relacionadas com a história desse evento, foram, na bibliografia, os livros de Gaspar Barléu, João de Laet, Duarte de Albuquerque Coelho, Frei Manoel Calado e Cuthbert Pudsey17, e, na cartografia e iconografia, os mapas publicados por Jan Vingboons, o mapa de Jorge Marcgrave, as plantas do cerco de conquista de Porto Calvo, de Pierre de Gondreville e as publicadas por Vingboons e Barléu, as vistas de Frans Post, as vistas em ‘olho de pássaro’ do cerco e conquista da Povoação baseada no esquema do coronel Cristóvão

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  15. Fragmento da [Vista] OBSIDIO ET EXPUGNATIO PORTUS CALVI [O cerco e conquista de Porto Calvo]. In: (Barléu, 1647); op.cit., Prancha 8, fol. ante pag. 39. Quanto à concessão dos brasões, vide CARVALHO, Alfredo de, 1870-1916: Os brasões d'armas do Brasil Holandês: 1638. In: RIAHGP, V. 11, n. 63, p. 574-589, set. 1904. il..


  16. (Laet, 1644): LAET, Ioannes de: História ou anais dos feitos da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, desde o começo até o fim do ano de 1636 (Iaerlijck Verhael). In: OUTROS TEXTOS, CD [anexo a (Coelho, 1654) ], Editora BECA, São Paulo, SP, Brasil, 2003.


    (Pudsey, circa 1670): PUDSEY, Cuthbert: Diário de uma estada no Brasil, 1629-1640; traduzido e anotado por Nelson Papavero e Dante Martins Teixeira, Volume 3 da coletânea BRASIL HOLANDÊS, Editora Index, Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil, 2000.
    Arciszewski18 e seu esquema da Batalha da Mata Redonda19, cujas referências estão relacionadas no Anexo 2. No Anexo 3, há uma coletânea de fragmentos dos mapas de Marcgrave e Vingboons, acima referidos, detalhando a região de Porto Calvo, assim como das vistas e plantas das batalhas do Comandatuba e do cerco e conquista de Porto Calvo, e o esquema do coronel Arciszewski da Batalha da Mata Redonda. A tradução feita por Benjamin Teensma do latim e do neerlandês arcaico para o português, dos títulos, legendas e notas explicativas das imagens do Anexo 3, pode ser vista no artigo A CARTOGRAFIA E A ICONOGRAFIA DA BATALHA DO COMANDATUBA E DO CERCO DE PORTO CALVO EM 163720, deste autor.

    Pesquisas recentes nos arquivos holandeses feitas por Benjamin Teensma, a procura de documentos relacionados com o cerco e conquista de Porto Calvo, resultaram na localização e tradução pelo prof. Teensma do texto de documentos pouco conhecidos ou inéditos, publicados ou redigidos em 1637:

    1. Duas cartas do Conde Maurício de Nassau21 comunicando a Vitória no Cerco e Conquista de Porto Calvo em 1637.

    2. Dois panfletos de Cristóvão Arciszewski 22 noticiando o Cerco e a Conquista de Porto Calvo pelo Conde de Nassau em 1637.

    3. Três cópias23 da Lista da Artilharia e Munição de Guerra encontradas nos Paióis das Fortificações de Porto Calvo em 1637.

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  17. Cristóvão Arciszewski (nasceu em 9/dez/1592, em Rogalin, Polônia – faleceu em 7/abr/1656, em Gdańsk), aliás Crestofle d'Artischau Arciszewski, Christoff Artchoffisck, Christoffel Artisseuwski, Christovão Arquichofle, Artischevski, Artichofski, Arquichofle, Krzysztof Arciszewski, Artichau, Arciszewske, etcétera, oficial militar muito capaz, que serviu à República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos. Neste estudo, a grafia de seu nome nas citações está respeitada conforme grafada por seus autores.

  18. As referências cartográficas e iconográficas citadas neste artigo estão relacionadas no Anexo 2.

  19. Pereira, Levy: A cartografia e a iconografia da batalha do Comandatuba e do cerco de Porto Calvo em 1637 ― subsídios para pesquisas de localização dos componentes da estrutura de defesa e ataque. In: ANAIS ELETRÔNICOS do VI EIHC – Encontro Internacional de História Colonial, Salvador, EDUNEB, 2017; pg. 1041-1071.

  20. Teensma, B. N.: As cartas do Conde Maurício de Nassau comunicando a vitória no cerco e conquista de Porto Calvo em 1637. In: REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PERNAMBUCANO, no prelo.
    Tradução dos manuscritos:
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    • NL-HaNA_1.05.01.01_52,_ nº do inventário 15: Brief (kopie) van gouverneur-generaal Johan Maurits van Nassau, te Povoson (in Porto Calvo), aan de vergadering van de Heren XIX. 1637 maart 8. Arquivo Nacional de Haia.
    • [Carta, Antônio Vaz de Pernambuco, 28 de abril de 1637, de João Maurício, Conde de Nassau- Siegen, a seu primo Henrique Casimiro Conde de Nassau-Dietz, em francês]. ARQUIVO DA CASA REAL, HAIA, KHA 24-17. Koninklijke Verzamelingen, Archief Hendrik Casimir I, no. 17.

  21. Teensma, B. N.: Os folhetos de Cristóvão Artischevsky noticiando o cerco e a conquista de Porto Calvo pelo Conde de Nassau em 1637. In: REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO PERNAMBUCANO, no prelo.
    Tradução do texto dos panfletos:
  22. Teensma, B. N.: Lista da artilharia e munição de guerra encontradas nos paióis das fortificações de Porto Calvo em 1637. In: REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
    PERNAMBUCANO, no prelo.
    1. Uma missiva de Joris Adriaensen Calf24 relatando a Campanha do Cerco e Conquista de Porto Calvo em 1637.

    LUTAS EM PORTO CALVO – LINHA DO TEMPO.


    A Povoação de Porto Calvo, entre 1635 e 1645, esteve alternadamente em poder dos neerlandeses e ibéricos, como podemos constatar no Anexo 1 – Linha do tempo de Porto Calvo (1630/1654), no qual se relacionam cronologicamente os principais eventos relacionados com as ações militares que a afetaram, com as narrativas contrapostas lado a lado de abalizados autores dos dois partidos: pelos neerlandeses, JOÃO DE LAET, com o seu História ou anais dos feitos da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, desde o começo até o fim do ano de 1636 (Iaerlijck Verhael) e, pelos ibero-brasileiros, DUARTE DE ALBUQUERQUE COELHO, com as Memórias diárias da guerra do Brasil pelo decurso de nove anos, começando em 1630 e Frei MANOEL CALADO, com O Valeroso Lucideno25.

    A importância histórica de Porto Calvo durante o Domínio Holandês decorre de vários contextos segundo a perspectiva militar:

    1. Na ofensiva neerlandesa de 1635 para expugnar os fortes do Arraial Velho do Bom Jesus, base dos ibero-brasileiros no assédio e proteção aos engenhos próximos ao Recife, e o de Nazaré, que defendia o porto do cabo de Santo Agostinho: pressionados os ibero-brasileiros, o Conde de Bagnuoli retira-se para a Vila Formosa, e com a tomada do Forte do Arraial Velho, para lá também retira-se o general Matias de Albuquerque, que procura apoiar o cercado Forte de Nazaré. Bagnuoli recua para Porto Calvo, ao sul do Rio Formoso, intentando ali estabelecer uma base de apoio na Povoação. Os neerlandeses o perseguem e o expulsam da Povoação, ocupando-a, e ele recua, e aquartela-se nas Alagoas. Com a queda do Forte Nazaré, Matias de Albuquerque também se retira para Alagoas, passando por Porto Calvo, derrotando a guarnição neerlandesa. Nessa ocasião, ocorre o episódio do aprisionamento e morte de Domingos Fernandes Calabar.

    2. Com a expansão da conquista para o sul até o vale do Camaragibe, os neerlandeses estabelecem uma zona de contenção, ocupando a costa da Barra Grande à barra do rio Paripueira, e reforçando as fortificações em Porto Calvo. Além de ocupar o terreno, também objetivavam dificultar ao máximo as incursões dos campanhistas que visavam infligir danos aos engenhos do território sob seu domínio.

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      Tradução dos manuscritos do Arquivo Nacional, Haia:
      • NL-HaNA_1.05.01.01_52_41: Lijst van de artillerie en ammunitie gevonden in het fort Povocaon en in de redoute bij Porto Calvo. 1637 maart 8 (sic).
      • NL-HaNA_1.05.01.01_52_72: Inventaris (duplicaat) van de artillerie en ammunitie gevonden in het fort Povocaon en in de redoute bij Porto Calvo. 1637 mei 8 (sic).
      • NL-HaNA_1.05.01.01_53_6: Inventaris van artillerie en ammunitie, op 3 maart 1637 aangetroffen in het veroverde fort Povoacaon de Porto Calvo (sic). [1637], [Duplicaat van 41].

  23. Teensma, B. N.: A missiva de Joris Adriaensen Calf relatando a campanha do cerco e conquista de Porto Calvo em 1637. In: REVISTA DO INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
    PERNAMBUCANO, no prelo.
    Tradução do manuscrito do Arquivo Nacional, de Haia:
  24. (Laet, 1644): LAET, Ioannes de: História ou anais dos feitos da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, desde o começo até o fim do ano de 1636 (Iaerlijck Verhael). In: OUTROS TEXTOS, CD [anexo a (Coelho, 1654) ], Editora BECA, São Paulo, SP, Brasil, 2003.


(Coelho, 1654): Op. cit.
  1. No final de 1635, reforços ibéricos chegam no porto da Ponta de Jaraguá, comandados por
    D. Luís de Roxas y Borja. A sua contra-ofensiva inicia-se em janeiro de 1636, e, em 15 desse mês, a Povoação retorna às mãos ibero-brasileiras, mas, no dia 18, na Batalha da Mata Redonda, a poucas léguas da Povoação, os neerlandeses comandados pelo Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski, derrotam uma coluna comandada por D. Luís, que tomba morto nesse combate. O Conde de Bagnuoli assume o comando geral, substituindo Matias de Albuquerque, e os neerlandeses recuam para a Vila Formosa. Porto Calvo torna-se a principal base das forças ibero-brasileiras, e suas fortificações recebem ampliações e melhorias. Dali lançam as campanhas de inquietação aos neerlandeses, que ficam na defensiva.

  2. Em 23 janeiro de 1636 o Conde de Nassau chega ao Recife com reforços e prestamente parte para a ofensiva, marchando por terra e conduzindo tropas por mar, que desembarcam na Barra Grande. Passa o rio Una em 16 de fevereiro, e, dois dias após, no caminho da Barra Grande a Porto Calvo, vence a Batalha do Comandatuba, e estabelece o cerco à Povoação, levando Bagnuoli e Albuquerque a recuar para as Alagoas, deixando o Forte da Povoação retardando seu avanço. A guarnição do forte, comandada por Miguel Gilberton, rende-se em 6 de março, e Nassau continua a perseguição das tropas de Bagnuoli e ao donatário Duarte Coelho de Albuquerque, que são expulsos da Capitania de Pernambuco e adentram a Capitania de Sergipe cruzando o rio São Francisco. Nassau conquista a Vila do Rio São Francisco (Penedo-AL) em 27 de março de 1637. Essa vitoriosa ofensiva neerlandesa finalmente submete todo o território da Capitania de Pernambuco e inicia o período nassoviano, a era de ouro do Domínio Holandês do Brasil.

  3. Porto Calvo permanece como base regional para as forças neerlandesas, redimensionada para uma guarnição de 480 homens, incluído-se nesse total a guarnição acantonada no vale do Camaragibe26. Não testemunha mais sangrentas batalhas, até que, praticamente sem baixas, rende-se ao Capitão Lourenço Carneiro, em 17 de setembro de 1645, e, dái por diante, afortunadamente, permanece relativamente em paz até a tomada do Recife e restauração do domínio luso no saliente nordestino pelo mestre de campo-general Francisco Barreto, em 26 de janeiro de1654.

Na Tabela 1, abaixo, sintetiza-se as várias situações (fases) de Porto Calvo durante o Domínio Holandês27.

Tabela 1: Fases da guerra na região de Porto Calvo.
Domínio: ibero-brasileiro / neerlandês.
Fase
início
fim
Comentário
Guerra distante
1
25/fev/1630
20/jan/1632
Incursões marítimas neerlandesas na costa.
O interior fica preservado.
Incursões da
guerra anfíbia
20/jan/1632
14/mai/1633
Incursões marítimas neerlandesas com
desembarques na costa, pilhando e incendiando engenhos.
A guerra de
Calabar28
14/mai/1633
12/mar/1635
Calabar passa-se para os neerlandeses, e Porto
Calvo, sua terra natal, passa a ser atacada.
Base militar de
Bagnuoli
12/mar/1635
15/mar/1635
O Conde de Bagnuoli retira-se para Porto
Calvo, fortifica a igreja velha e constroi uma trincheira na passagem do rio [Comandatuba],
convertendo a Povoação em praça de guerra.

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26 (Barléu, 1647); pg. 193; 195.

  1. As citações e respectivas referências bibliográficas dos dados da Tabela 1 estão registradas no Anexo 1.

  2. Domingos Fernandes Calabar (Porto Calvo, 1609 — 1635). Serviu no início da hostilidades ao lado dos ibero-brasileiros, aliando-se aos neerlandeses em 20 de abril de 1632 (Coelho, 1654; pg. 167). Conhecedor do terreno, passa a guiar tropas neerlandesas, e participa de ataques à Povoação a partir de 14/mai/1632.

    Praça de
    guerra neerlandesa 1
    15/mar/1635
    18/jul/1635
    Os neerlandeses a tomam em 15/mar e
    reforçam as estruturas de defesa, fortificando a igreja nova e duas casas grandes. Assentam
    três colubrinas ao lado das igrejas.
    Nêmesis de
    Calabar
    18/jul/1635
    23/jul/1635
    Alexandre Picard, governador da praça,
    rende-se a Albuquerque. Calabar é morto e esquartejado em 22/jul. Albuquerque retira- se, arrasando as fortificações e levando as colubrinas.
    Praça de
    guerra neerlandesa 2
    23/jul/1635
    15/jan/1636
    Os neerlandeses reocupam a Povoação.
    Quartel-
    general ibero- brasileiro
    15/jan/1636
    23/jan/1637
    O capitão Rabelo retoma a Povoação. D. Luís
    de Roxas29 morre na batalha da Mata Redonda. Albuquerque eleva a povoação à
    Vila do Bom Sucesso. O Forte é artilhado com
    20 canhões. Bagnuoli artilha o reduto no Morro de Amador Alvarez e reforça as estruturas de defesa. Promove-se campanhas profundas no território dominado pelos neerlandeses.
    Cerco e
    conquista
    23/jan/1637
    6/mar/1637
    Nassau desembarca com reforços, marcha
    para o Una, reune-se com forças transportadas por mar na Barra Grande, marcha para Porto
    Calvo, derrota os ibero-brasileiros na Batalha do Comandatuba, cerca e conquista a Vila do
    Bom Sucesso.
    Praça de
    guerra neerlandesa 3
    6/mar/1637
    17/set/1645
    Os neerlandeses mantêm o forte guarnecido.
    O capitão Lourenço Carneiro retoma Porto Calvo, aprisionando 156 soldados e leva toda a artilharia (8 peças de bronze) para a Várzea do Capibaribe. A população arrasa o forte.
    Guerra
    distante 2
    17/set/1645
    26/jan/165430
    A vila permanece sob domínio luso-brasileiro,
    sem atos bélicos, até a rendição dos neerlandeses no Recife e fim do Domínio
    Holandês no Brasil.

    Na Tabela acima, constata-se que o período contínuo mais extenso em que a Povoação esteve sob o regime batavo coincide com a fase Praça de guerra neerlandesa 3, que perdurou por oito anos e meio, de 6 de março de 1637, quando foi conquistada por João Maurício, o Conde de Nassau, a 17 de setembro de 1645, quando foi retomada pelos luso-brasileiros no início das lutas da Restauração Pernambucana.

    image
  3. O militar espanhol D. Luiz [Luís] de Roxas [Rojas] e Borja, Duque de Granja, nobre espanhol que substituiu Matias de Albuquerque no comando das forças ibero-brasileiras. D. Luiz morreu em combate, em 18 de janeiro de 1636, na Batalha da Mata Redonda, nas proximidades de Porto Calvo, pelejando com tropas neerlandesas comandadas pelo Coronel Cristóvão Arciszewski.

  4. Essa data consta no final do Assento e condições com que os senhores do Conselho Supremo residentes no Recife entregam ao Senhor Mestre de campo-general Francisco Barrreto Governador em Pernambuco a Cidade Maurícia, Recife etc.. In: BACELAR, Antonio Barbosa: Relacam diária do sitio, e tomada da forte praça do Recife, recuperação das capitanias de Itamaraca, Paraiba, Rio grande, Ciará, & Ilha de Fernaõ de Noronha, por Francisco Barreto Mestre de campo general do estado do Brasil, & Governador de Pernambuco, Officina Craesbeeckiana, Lisboa, 1654; última página.

    ITENS DE INTERESSE HISTÓRICO EM PORTO CALVO, HERANÇA DO DOMÍNIO HOLANDÊS.


    Assumindo-se neste estudo que os itens de interesse histórico em Porto Calvo durante o Domínio Holandês (1630-1654) sejam aqueles localizados na bacia do rio Manguaba, e que estejam citados na documentação histórica, tais como a Povoação, engenhos, casas, igrejas, campos de batalha, caminhos, portos, e as estruturas de defesa, ataque e logísticas, apresenta-se, na Tabela 2, abaixo, uma relação sucinta desses itens latu sensu, e, em seguida, na Tabela 3, a lista detalhada dos itens que estão representados nos mapas do cerco de Nassau a Porto Calvo, na Povoação e cercanias, e na Ilha no rio Manguaba, que incluem acampamentos (quarteis), baterias, guaritas, trincheiras (aproches), baluartes (redutos), pontes, arruamentos (casario), ruas e caminhos.

    Tabela 2: Relação dos itens de interesse histórico em Porto Calvo no Domínio Holandês.
    Status atual:
    C = Localização precisa
    /
    P = Localização probabilística
    Item de interesse histórico
    Contagem/ dimensionamento
    Povoação de Porto Calvo
    1
    C
    Engenho ‘S. Franci∫co’ [Engenho Escurial]
    1
    C
    Engenho ‘Alpoins
    1
    C
    Engenho ‘S. Co∫mo’ [Engenho do Morro]
    1
    C
    Porto de Pedras
    1
    C
    Campo da Batalha do Comandatuba
    1
    P
    Campo da Batalha da Mata Redonda
    1
    P
    Casas coloniais no campo
    8
    P
    Caminhos coloniais31
    174,3 Km
    P
    Caminho da Barra Grande a Porto Calvo32
    26,6 Km
    P
    Forte da Povoação
    1
    C
    Forte Bass [Ilha no Rio Manguaba]
    1
    C
    Ilha do rio Manguaba
    1
    C
    Reduto do Morro de Amador Alvarez
    1
    C
    [2º] Reduto do Conde de Banholo
    1
    C
    Igreja ‘Innocentis
    1
    P
    Igreja ‘S. Amaro’
    1
    P

    Tabela 3: Status da localização dos elementos de interesse histórico do dispositivo de ataque e defesa do Cerco e Conquista de Porto Calvo33.
    Status atual:
    C = Localização precisa
    /
    P = Localização probabilística
    Cifra*
    Elemento
    A
    Forte Povoação (igreja velha).
    C

    image
  5. Soma das distâncias de 36 segmentos de caminho (34 segmentos ubicados no mapa de Marcgrave e 2 no mapa CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE/Atlas Vingboons).
    Fonte: PEREIRA, Levy: Georreferenciamento do mapa do Brasil Holandês de George Marcgrave, o BRASILIA QUA PARTE PARET BELGIS. [edição 1.2 de 04/04/2016]. In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa.
    Trata-se de um arquivo de extensão .kml para o aplicativo Google Earth, com todos os elementos geográficos plotados no mapa de Marcgrave.

  6. Valores estimados no georreferenciamento probabilístico do caminho da marcha de Nassau da Barra Grande a Porto Calvo. Vide a Imagem 2.

  7. Cópia da Tabela 11: Status da localização dos elementos de interesse histórico do dispositivo de ataque e defesa do Cerco e Conquista de Porto Calvo. In: Pereira, Levy: A cartografia e a iconografia da batalha do Comandatuba e do cerco de Porto Calvo em 1637; op. cit., pg. 1066.

    B
    A vila (arruamento e casas).
    P
    C
    A igreja nova (fortificada e abandonada).
    C
    D
    O quartel-general de Sua Excelência, João Maurício, Conde de Nassau.
    P
    E
    Quartel do Governador Sigismund Schop.
    P
    F
    Quartel do Almirante Lichthart e de seus marinheiros.
    P
    G
    O Regimento do Coronel Artischofsky.
    P
    H
    Brasilianos (acampamento).
    P
    I
    Escopeteiros (acampamento).
    P
    K
    Guarda de Sua Excelência (acampamento).
    P
    L
    Bateria.
    P
    (G)
    Bateria do Conde.
    P
    (H)
    Bateria Schop.
    P
    (L)
    Bateria Lichthart.
    P
    M
    Aproches.
    P
    (E)
    Aproche do Conde.
    P
    (K)
    Aproche do Governador Schop.
    P
    N
    Uma ilha onde está nosso armazém (a ilha propriamente dita, hoje Ilha do
    Guedes).

    C
    O
    Pequeno reduto de proteção da ponte no varadouro.
    P
    Q
    Pequenas peças de campanha (bateria de proteção de acampamento).
    P
    S
    Dois redutos aonde o Conde de Bagnuoli se retirou depois de ser vencido.
    C
    Reduto com 3 canhões abandonado pelo inimigo (Outeiro de Amador
    Álvares).

    C
    Fortim abandonado pelo inimigo (Reduto no cimo do morro a oeste do
    Outeiro de Amador Álvarez).

    C
    T
    Guaritas.
    P
    [1]
    Armazém na ilha [possivelmente o passo de açúcar de Porto Calvo].
    P
    [2]
    Arruamento na ilha com casas de vivandeiros [comerciantes].
    P
    [3]
    Trincheira na ilha, na cabeça da ponte no varadouro.
    P
    [4]
    Telheira [Olaria].
    P
    [5]
    Casario da Vila do Bonsucesso de Porto Calvo
    P
    [6]
    Pontes
    P
    [7]
    Ruas da Vila e a rede de caminhos
    P
    CALVUS.
    • Simbologia da cifra de identificação dos elementos nos mapas históricos:
      • Letras: no mapa de Gondreville.
      • Letras entre parênteses: simbologia de identificação dos elementos no mapa PORTUS
      • Algarismos: simbologia de identificação dos elementos escritos diretamente nos mapas.

    image
    image
    image
    Boa parte desses itens da Tabelas 2 e 3 já tiveram sua localização precisamente estabelecida, ou parcialmente identificada em estudos34 e em pesquisas em campo.35

    image
  8. PEREIRA, Levy: Georreferenciamento do mapa do Brasil Holandês de George Marcgrave, o BRASILIA QUA PARTE PARET BELGIS. Op. cit..

    PEREIRA, Levy: A cartografia e a iconografia da batalha do Comandatuba e do cerco de Porto Calvo em 1637 ― subsídios para pesquisas de localização dos componentes da estrutura de defesa e ataque. Op. cit..

  9. Vide o relatório ALBUQUERQUE, Marcos; LUCENA, Veleda; WALMSLEY, Doris. Pesquisa arqueológica sobre a ocupação holandesa na bacia do rio Manguaba, municípios de Porto de Pedras e Porto Calvo, Estado de Alagoas [Diagnóstico e Avaliação do Potencial arqueológico da área - Da Cartografia à Materialidade]. Relatório Final. Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional - IPHAN/AL. [Processo Nº 01403.000041/2011-97]. Setembro de 2014.

    Imagem 2: Georreferenciamento probabilístico do caminho da marcha de Nassau da Barra Grande a Porto Calvo.


     
    —11—

    FORTE BASS E A ILHA DO RIO MANGUABA.


    Um marcante sucesso nas pesquisas arqueológicas na região de Porto Calvo promovidas pela Superintendência do IPHAN/AL em 2014 foi a localização das fundações do inacabado Forte Bass, na Ilha do Manguaba36. Isso motivou à essa Superintendência, cumprindo etapas para incorporá-lo ao patrimônio histórico nacional, contratar pesquisas arqueológicas nesse forte e nessa ilha. As referências históricas conhecidas dessa ilha, até o momento, estão citadas neste estudo, e, graças às pesquisas históricas recentes realizadas pelo pesquisador holandês Benjamin Teensma, agregou-se novas informações, tais como as datas de ocupação da ilha durante o cerco de Porto Calvo por Nassau, e da construção da ponte do varadouro à ilha, e quem fez isso37.

    A utilidade relevante da ilha, como se apreende nas fontes históricas hoje disponíveis, foi a de base logística para o cerco de Porto Calvo, com suprimentos subindo o rio Manguaba vindos de Porto de Pedras, e nela armazenados, e cujos componentes de defesa, aquartelamento e armazenagem estão detalhados no mapa de Pierre de Gondreville38 e assemelhados, e nas vistas dos panfletos amsterdameses, relacionados na Tabela 3.

    O georreferenciamento probabilístico desses itens, conforme proposto no artigo A cartografia e a iconografia da batalha do Comandatuba e do cerco de Porto Calvo em 1637, deste autor, é reproduzido na imagem 3, abaixo. Nota-se nessa Imagem, e na iconografia citada, que, no período em tela, havia muitos itens de interesse histórico na ilha. Alguns deles, à exceção do Forte Bass, que comprovadamente teve sua construção iniciada após a conquista por Nassau, suscitam questionamentos do ponto de vista histórico sobre a utilização da ilha, que a pesquisa arqueológica poderia eventualmente esclarecer, por datação: ela só teve o papel de base logística para os neerlandeses ou ela já tinha outras funções (edificações) antes deles a ocuparem?

    Nessa linha, e por não se ter encontrado ainda referência bibliográfica específica, questiona-se sobre esses itens:

    1. Quais foram erigidos pelos neerlandeses ou eram estruturas pré-existentes?
    2. Os dois grandes armazéns na ilha – na hipótese de serem estruturas pré-existentes, poderiam ser armazéns do passo de açúcar do vale do Manguaba?
    3. O arruado com casas de comerciantes — quando lá se estabeleceram? Antes, durante ou
      depois do cerco de Nassau?

      Há, ainda, mais algumas questões a serem esclarecidas na pesquisa arqueológica, oriundas do exame da Planta do Cerco de Porto Calvo, prancha PORTUS CALVUS, publicada no livro de Gaspar Barléu39:

      1. Em 1637, havia, ou não, a ponte no rio Manguaba, próxima aos armazéns (e que só é representada nessa planta)?
      2. O caminho em terra firme, que se dirigia para essa [possível] ponte, e representado em todas as outras plantas do Cerco de Porto Calvo40, existia, já lá estava antes de 1637?

        image
  10. ALBUQUERQUE, M.; LUCENA, V.; WALMSLEY, D: [Diagnóstico e Avaliação do Potencial arqueológico da área - Da Cartografia à Materialidade]. Relatório Final. Op. cit.; pg. 307-321. A Ilha do Rio Manguaba é referida nesse relatório como a Ilha do Guedes, e o Forte Bass, como Reduto na Ilha do Guedes. Deve levar em conta que esse forte está assinalado no mapa de Marcgrave, sem nome, e que só recentemente reconheceu-se nos mapas CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, dos Atlas Vingboons, o topônimo histórico desse forte. Vide Anexo 3, Imagem A3-05.

  11. Joris Adriaensen Calf, com uma companhia de marinheiros combatendo como infantes, ocupam a ilha no dia 18 de fevereiro de 1637, e, no dia seguinte, construíram a ponte entre a ilha e o varadouro com a madeira de um barco em construção. TEENSMA, B. N.: A missiva de Joris Adriaensen Calf; Op. cit..

  12. Esse mapa é o que apresenta o melhor detalhamento dessas estruturas – veja a Imagem A3-10: Planta da Ilha do Manguaba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto Calvo [de Pierre de Gondreville].

  13. Prancha 7 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 37).Vide Imagem A3-05, no Anexo 3.

  14. Vide Anexo 3, Imagens A3-06, A3-07, A3-08 e A3- 10 (detalhe ampliado da A3-08).

    —12—

    Imagem 3: Georreferenciamento dos elementos de interesse histórico dos mapas do Cerco e Conquista de Porto Calvo – zona leste da Vila (setor do varadouro e ilha no Rio Manguaba)41.


    image
     
  15. Fonte: Imagem 13. In: PEREIRA, Levy: A cartografia e a iconografia da batalha do Comandatuba e do cerco de Porto Calvo em 1637 ― subsídios para pesquisas de localização dos componentes da estrutura de defesa e ataque. Op. cit.; pg. 1067.

    —13—

    CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS.


    A história de Porto Calvo durante o Domínio Holandês é extremamente rica e interessante, pertence à herança comum do Brasil, Países Baixos, Espanha, Portugal e Itália, e suas lições ainda permanecem pouco compreendidas.

    Decorridos 380 anos, a dificuldade de acesso e interpretação à documentação histórica, e outros fatores, resultaram no olvido da localização dos campos de honra da Batalha do Comandatuba e da Batalha da Mata Redonda, e de muitas outras informações sobre o Porto Calvo Holandês, que, felizmente, agora despertado o interesse, começam a ser buscadas e reinterpretadas.

    As recentes pesquisas do historiador Benjamin Teensma em busca de novos documentos nos arquivos neerlandeses, paleografando e os traduzindo para o português, incluindo-se nelas a documentação iconográfica há muito tempo conhecida pelos historiadores brasileiros, contudo, compreendida por poucos, por estar redigida em latim, francês e neerlandês arcaico, muito tem contribuído nos recentes avanços.

    Um exemplo disso está na disponibilização em língua portuguesa de artigos abordando as missivas de Joris Adriaensen Calf, do Conde João Maurício e dos panfletos amsterdameses, citados neste trabalho, que, ao serem analisados comparativamente com outros documentos manuscritos, iconográficos e bibliográficos, aviva e ajusta o quadro histórico do cerco e conquista de Porto Calvo, sanando lacunas e incongruências.

    O presente estudo, ao intentar sintetizar e estruturar em fases os eventos históricos desse período, privilegiando a busca na documentação primária, revelou-se trabalho desafiador e revelador de incongruências nessa documentação, não só as decorrentes do ponto de vista da nacionalidade do seu autor, mas também entre as oriundas do mesmo lado desse conflito. E nele, a bibliografia secundária clássica praticamente foi deixada de lado, basicamente por ser do século XIX, e já com alguma obsolescência constatada, ou constituir expressão de síntese extrema, decorrente da simplificação implícita no seu escopo.

    A síntese proposta neste estudo, focada em Porto Calvo no período de 1630 a1654, resultou do enfoque de se considerar os eventos históricos à luz da interpretação da cartografia histórica com ferramentas modernas, e analisando-os pelo prisma da evolução do conflito bélico, o que permitiu estabelecer-se nove fases na história de Porto Calvo desse período, imprimindo-lhe uma percepção bem mais dinâmica, quebrando o paradigma vigente, resultado de um vislumbre reducionista e estático.

    Nessa vertente, a leitura dos comentários e das citações selecionadas para o ANEXO 1: LINHA DO TEMPO DE PORTO CALVO (1630/1654) elaborado para este trabalho, permite, entre várias outras informações, perceber quais, quando, e quem iniciou ou melhorou as estruturas de defesa na Povoação e seu entorno, tais como a trincheira no Comandatuba, o Forte da Povoação, etcétera. Outro fruto dessa leitura, é o ganho na percepção da importância tática do Morro de Amador Álvarez, onde está a fundação de um dos redutos do Conde de Bagnuoli, palco de três combates em suas faldas42.

    Finalizando, espera-se que este texto venha a ser útil para se alcançar os resultados especificados pela Superintendência do IPHAN/AL para a pesquisa arqueológica na ilha do rio Manguaba, a Ilha do Guedes, e, que estes, quando materializados, venham a responder muitas das questões levantadas, e revelar novas informações que possam gerar novos insights.

    image
  16. Veja as citações coletadas no ANEXO 1, nas datas de 15 ou 16/mar/1635 (linha de partida do ataque neerlandês do almirante João Corneles [Jan Corneliszoon Lichthardt]), 15/jan/1636 (linha de partida do ataque do capitão Rabelo) e 18/jan/1637 (tomada do fortim pelas tropas de Nassau).

—14—

ANEXO 1: LINHA DO TEMPO DE PORTO CALVO (1630/1654).


image
Coleta de citações bibliográficas a respeito de eventos relevantes para o entendimento do papel de Porto Calvo no período do Domínio Holandês no Brasil por intervenção da Companhia das Indias Ocidentais (WIC / GWC).

Fontes bibliográficas selecionadas:
LAET, Ioannes de: História ou anais dos feitos da Companhia Privilegiada das Índias Ocidentais, op. cit..
CALADO, Frei Manoel: O Valeroso Lucideno, op. cit..
COELHO, Duarte de Albuquerque: MEMÓRIAS DIÁRIAS DA GUERRA DO BRASIL op. cit..

Porto Calvo sob Domínio:
Ibérico
Neerlandês


Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
1630
25/fev
pg. 373
No dia seguinte, surgiu no porto do Recife o Moorirme, que viera da costa, e
queimaram em Porto Calvo [Porto de Pedras] um navio português, novo, tendo-se apoderado na praia de cinco caixas de açúcar.”.
1631
28/ago
pg. 431
“Os cruzadores em frente a Porto Calvo e Santo Aleixo tinham por esse tempo
dado caça junto à costa a uma caravela que conduzia tropas, mas, havendo estes desembarcados, apenas capturaram a caravela vazia.”.
1631
24/set
pg. 444
“No dia seguinte, chegou o iate Windt-hondt. ... Na volta para o Recife,
chegaram no dia 24 em frente a Porto Calvo e viram, detrás do recife, 13 vasos, entre caravelas e barcas, e barracas armadas junto à praia. Ficou então o Conselho sabendo o que a esquadra espanhola realizara na costa.”.
1632
circa 20/jan
pg. 513
Embarcaram-se novamente, e, tendo deixado em Santo Aleixo os navios
Groeninghen e Haringh e mandado o Fortuyn para o Cabo de Santo Agostinho, partiram em seguida para a Barra Grande (estiveram, contudo, primeiro em Porto Calvo, fizeram uma expedição à terra, mas só conseguiram 40 reses, que foram repartidas pelos navios), onde não viram possibilidade para os seus desígnios; queimaram uma das caravelas do inimigo.”.
1632
22/out
pg. 569
“O inimigo marchou para Porto Calvo e incendiou em caminho o engenho de
Manuel Ramalho, assim como dias antes fizera aos de Domingos de Oliveira e de Miguel d'Alvares: fazem o dano que desejam e apanham o gado que podem, por isso é que se diz que eles têm falta de viveres.“.
1632
12/nov
pg. 570
Outra carta de 12 de novembro, do Cabo de Santo Agostinho. − As notícias do
país tornam-se todos os dias piores; o inimigo fez a maior expedição que jamais ousou fazer, pois foi até a cidade de Iguarassu e saqueou-a, matou muitos e dirigiu-se para onde bem quis. E , agora, em Porto Calvo,
image


Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
incendiaram quatro ou cinco engenhos, sem sofrer resistência em parte
alguma.”.
1633
20/abr
pg. 167
“... introduziu-se com o inimigo um mulato chamado Domingos
Fernandes Calabar”.
1633
27/abr
pg. 591
“No dia 27, ... Depois do meio dia, chegou Jochim Gijsz, no navio Overijssel,
com uma caravela, que capturou perto de Porto Calvo, vinda da Bahia com mais três navios, o mais forte dos quais carregava seis colubrinas. Perdera-se deles, e, quando se supunha estar a umas 40 léguas da costa, foi capturada em Porto Calvo, sendo a sua carga de cerca de 280 caixas de açúcar..
1633
14/mai
pg. 215
Calabar participa com 400 neerlandeses de uma entrada por mar ao Porto
das Pedras, com a queima de de três embarcações, degola de sete moradores, saque de alguns, e levando cinco deles prisioneiros.
14/mai
pg. 596
“A expedição, que partiu com o diretor da equipagem, no dia 29 de abril,
voltou no dia 14 de maio: estiveram os nossos em Porto Calvo, onde incendiaram um navio novo, e depois, no dia 12, entraram em Camaragibe, onde encontraram dois armazéns com açúcar, havendo em um 107 e no outro 160 caixas, que pretendiam levar consigo, mas, devido à constante e forte chuva, que derretia o açúcar, tomou-se isso impraticável, e foi necessário incendiá-lo, para que o inimigo se não aproveitasse dele.”.
1634
1/abr
pg. 301
Calabar faz uma entrada por mar a Barra Grande.
1634
14/ago
pg. 310
Calabar participa de uma entrada por mar a Porto Calvo.
1634
12/out a
14/out
pg. 643-644
“... fizeram-se à vela no dia 11 de outubro, e, chegando no dia seguinte à Barra
Grande, ali desembarcaram; todavia, não se demoraram, e partiram imediatamente para Porto Calvo, porque souberam que estava ali pronta uma grande partida de açúcar. Chegaram, à meia-noite, à foz do rio, e mandaram forças para todos os lados em busca de açúcar, como haviam feito antes; quando começaram a aproximar-se do rio, mandaram o major Cloppenburgh
com a sua companhia para certo ponto. Encontraram na foz do rio um navio, no qual havia 38 caixas de açúcar, e avistaram, um pouco mais acima do rio,
uma barca, à qual não podiam chegar, porque não haviam trazido botes, e os do inimigo estavam do outro lado do rio; mas, como não estivesse longe da margem, colocaram alguns soldados ali, a fim de impedirem que o inimigo atravessasse para esse lado para incendiá-la, ou pô-la a pique. Nesse ínterim, chegou o major Cloppenburgh, o qual encontrara uma armazém com 43 caixas
de açúcar.
Como já amanhecera, o Sr. Gijsselingh prometeu algumas canecas de vinho a uns soldados, que mandou para a barca a nado, levando um sabre pendurado ao pescoço; encontraram lá 44 caixas de açúcar.
...
Esse rio é chamado pelos portugueses ''Porto de Pedras", e cerca de cinco léguas acima dele está a aldeia ou vila a que propriamente chamam “Porto
image


Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
Calvo". Com esses botes foi mandada imediatamente alguma gente ao outro
lado do rio, para procurar açúcar e trazer água fresca, do que havia falta no lado do norte (onde estava a nossa gente): cavaram, depois, alguns poços donde tiraram água regular.
Como pela tarde chegasse o Commandeur com os pequenos transportes, o Coronel e o Commandeur com alguns soldados subiram o rio duas ou três léguas, encontrando um armazém com umas 200 caixas de açúcar, segundo
calcularam; mas foi incendiado pelo inimigo, de sorte que apenas conseguiram uma caixa, que se achava junto ao porto, para ser embarcada; mais adiante, estava uma barquinha com 11 caixas de açúcar, a qual trouxeram consigo, e
voltaram assim, descendo o rio. sem ver inimigo algum.
Embarcaram o mais depressa possível nos iates o açúcar apresado, e, depois de passarem para o outro lado do rio toda a nossa gente, incendiaram os barcos pequenos e botes, alguma provisão de mastros, lemes para navios e outras coisas mais, que não acharam valer a pena conduzir, assim como atearam fogo a uma navio bem grande, que chegara de Angola com 300 negros à Barra Grande, e, vendo de longe os nossos, correram para ali, deixando aquela gente com a maior parte de seus bens. Depois que os nossos passaram ali os três ou quatro dias acima descritos, marcharam em seguida para Camaragibe; como, em caminho, tinham de passar o rio Tatona Mansa [Tatuamunha], ordenaram a chalupa Duysent-been que fosse dali por dentro do recife de pedra, para passar a gente de um lado para o outro e que seguisse no dia imediato os yachts pelo lado de fora.”.
1635
07/fev
pg. 354
O Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski toma Goiana.
1635
11/fev
pg. 815
"Os nossos, tendo ali descansado alguns dias, puseram-se a deliberar como
deviam prosseguir na campanha. Viram bem que a empresa mais necessária e melhor era tratar de atacar e sitiar aos chefes do inimigo, Albuquerque e o Conde de Bagnuolo, no Forte de Nazaré, junto ao Cabo de Sto. Agostinho.".
1635
03/mar
pg. 362
Os neerlandeses iniciam a ofensiva para ocupar o forte Real (Arraial
Velho do Bom Jesus) e o forte Nazaré (Cabo de Santo Agostinho).
03/mar
pg. 818
"O coronel Artichau esteve ocupado, daí em diante até o dia 3 de março, em
dar salvo conduto aos habitantes, impondo-lhes uma contribuição de víveres, de sorte que forneceram muitos animais e farinha de mandioca a nossa gente. Mas nesse entretanto, considerando que não poderia libertar o país facilmente a não ser postando-se junto ao Real, pois poderia gozar lá todas as comodidades que tinha onde achava, resolveu aproximar-se e ir acampar o mais perto possível daquele forte, e como não tinha à mão os materiais necessários para
um assédio, julgou ser suficiente na ocasião cortar o fornecimento de víveres
ao inimigo e fazer-lhes um reconhecimento. ".
1635
03/mar
pg. 827
"... mas, para não omitir coisa alguma, diremos primeiro o que fez o
commandeur Lichthart com o fiscal de Ridder.
...
image


Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
Partiram do Recife com essa esquadra no dia 3 de março e ancoraram na Barra
Grande, onde desembarcaram a gente em todos os botes dos navios.".
1635
8/mar
pg. 372
O Conde de Bagnuoli retira-se do “posto e porto do cabo de Santo
Agostinho” para Porto Calvo. O Almirante neerlandês João Corneles desembarcou na Barra Grande, onde os neerlandeses estavam erigindo uma fortificação.
1635
12/mar
pg. 372
O Conde de Bagnuoli chega a Porto Calvo e ocupa a igreja [velha].
13/mar
pg. 831
"No dia 13, receberam em dois iates a companhia do capitão Cornelis van Exel
e, no dia seguinte, prepararam-se para a expedição;
...
Marcharam com essa pequena força, nessa noite, cerca de duas horas e, tendo descansado um pouco, partiram no outro dia na ordem seguinte...".
1635
15/mar
pg. 373
João Corneles combate Bagnuoli no outeiro de Amador Alvares e ocupa a
povoação de Porto Calvo; Bagnuoli retira-se para Alagoas.
1635
16/mar
pg. 832
"Souberam que o Conde de Bagnuolo estava na povoação com 200 homens e
fortificaram uma igreja com seteiras. Esta notícia não lhes fez mudar a resolução e seguiram para diante, no dia 16, à marcha forçada, por maus caminhos, subindo e descendo montes até 10 horas da manhã, ficando
completamente fatigados; chegaram, então, ao alto de um monte, do qual viram bem a povoação, mas não podiam perceber muita gente nela. Entretanto,
descansando um pouco, veio ter com eles um português, que lhes declarou que
o Conde de Bagnuolo estava na aldeia com uma força superior a 200 homens da sua melhor gente, e com uma companhia de campônios de Serinhaém, e que haviam feito uma trincheira, junto ao rio, difícil de passar, e propôs guiá-los por um outro caminho atrás da montanha, por onde marchariam desimpedidos. Seguiram-no e chegaram em frente a um monte, onde o inimigo mantinha a sua guarda, a qual. percebendo a nossa gente, gritou - às armas, às armas -, fez fogo e fugiu. A nossa gente, chegando ao monte, viu que o inimigo esperava na outra fronteira em boa ordem e havia colocado algumas emboscadas no caminho por onde devia passar; apesar disso a nossa tropa, sem olhar para trás, desceu o monte e subiu pelo outro, e, depois de dado o sinal de ataque à vanguarda, caiu valentemente sobre o inimigo, ... Havia ainda no mesmo monte uma estrada larga, onde [o inimigo] se pusera de emboscada, a qual devia ser tomada; o Fiscal, tendo recebido ordem de expulsá-lo de lá, levou a força do capitão Beyaerdt e marchou diretamente contra aquele ponto, sendo secundado pelo capitão van Exel. Ali deu o inimigo uma forte descarga; mas os nossos fizeram-no depressa sair daquela posição vantajosa e o foram levando de vencida; e, não podendo mais resistir à nossa tropa, tratou de fugir. Abandonaram a igreja que fortificaram com tanta vantagem, fugindo a pé e a cavalo, com todas as forças que tinham; mas a nossa gente, estando muito fatigada, não os pôde perseguir. Enquanto isso se dava, chegaram ao monte, onde o inimigo dera rebate primeiro, cerca de 80 índios com alguns
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Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
portugueses, assim como uma companhia de napolitanos que se postara de
emboscada para atacar os nossos por detrás; mas a tropa de reserva, escaramuçando com eles e vendo que tudo estava perdido, e o estandarte do Príncipe já tremulava na igreja.".
1635
pg. 375
Os neerlandeses começam a fortificar-se na Povoação, fazendo na igreja
velha (ponto mais eminente) um quadrado prolongado que a incluía; e por fora uma muralha de terrapleno, com seu fosso e estacada, e nos quatro
ângulos a artilharia. Também fortificou a igreja nova e duas casas grandes. A guarnição neerlandesa que fica em Porto Calvo é de 500 homens.
pg. 833
"Foram trazidas três colubrinas e colocadas em cima de um monte, ao lado da
igreja e na fortificação meio arruinada do Conde de Bagnuolo.".
1635
06/jun
pg. 395
Os neerlandeses tomam o forte Real.
1635
08/jun
pg. 824
"No dia 7 de junho, mandaram os sitiados dois capitães para tratar da
capitulação que finalmente ficou estipulada no dia 8 de junho (depois de um cerco de três meses) do modo e condições seguintes: ...".
1635
02/jul
pg. 402
Os neerlandeses tomam o forte Nazaré.
02/jul
pg. 837
"Por esse tempo os do forte, logo que souberam da vinda dessa tropa, entraram
em negociações.
...
No dia 2, os do forte de Nazaré renderam-se da forma seguinte:".
1635
03/jul
pg. 402
Albuquerque inicia a retirada de Serinhaem para as Alagoas.
1635
12/jul
pg. 406-408
Albuquerque chega no outeiro de Amador Álvares; há combate e as
forças de Albuquerque perseguiram o contingente neerlandês, "até suas próprias fortificações, e a primeira que investiram foi a principal, em uma eminência superior a todas as da povoação. Esta era a igreja velha, a que haviam feito por fora uma muralha de terrapleno e um quadrado prolongado, com seu fosso e estacada; e em cada um dos quatro ângulos a artilharia, como já dissemos" e o toma ao por do sol.
O combate prossegue com os neerlandeses retirando-se para a fortificação na igreja nova. Albuquerque toma o reduto do varadouro da povoação e o reduto do Rio das Pedras (barra do Manguaba).
12/jul
pg. 842
"De manhã cedo, o Major [Alexandre Picard], juntamente com o capitão van
Exel, depois de ir acima da igreja velha, mandou a gente pegar em armas e mostrar a cada um, homem por homem, o seu lugar no baluarte, mandando colocar os piques entre ambos, e examinar os mosquetes, prover a cada um de pólvora, chumbo e morrões. e mandar limpar e preparar as colubrinas; de sorte que deixaram bem guarnecidas em cima da igreja.
Descendo dali, fizeram o mesmo em duas casas e na igreja nova, visitaram todos os depósitos de água e mandaram encher de novo as vasilhas.
...
Pouco tempo depois, chegou Albuquerque e acampou na casa de Amador Alvares e ao redor do monte ...".
1635
14/jul
pg. 839
" ... o coronel Sigismundus van Schuppe partiu no dia 14 de julho para o Sul. a
fim de desalojar o inimigo que ainda se achava em Serinhaém, seguindo ao longo da praia; e o coronel Artichau, no dia seguinte, foi pelo interior, e nesse dia chegou por um caminho muito fatigante no Algodois [Engenho Algodoais], onde encontrou o conselheiro político Schotte, não tendo mais de seis companhias consigo. A igreja estava fortificada pelos nossos e guarnecida com duas companhias; este lugar era também chamado S. Miguel de Ipojuca. Dali partiram para Ipojuca; é um lugar muito alegre, ornado com belo convento
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(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
Citação/Comentário
onde estavam 11 frades franciscanos.
Tiveram notícias ali que Matias de Albuquerque fora para a povoação de Porto Calvo e que surpreendera o nosso povo ...".
1635
18/jul
pg. 410
O combate na povoação prossegue:
"Às onze da noite deste mesmo dia 18, o General mandou atacar uma das casas, levando-se as faxinas com o alcatrão. Executou-se o incêndio, ainda que com muita resistência. Queimou-se a casa, com morte de muitos de seus defensores, e alguns se salvaram na outra, que tinham perto, porque a igreja nova, já a tinham largado. Era maior aquela, e por isso estava ali o governador.".
18/jul
pg. 846-847
"Entre os dias 18 e 19, começou o inimigo novamente com os meios
incendiários, fez faxinas de estacas secas, bagaço e palha, untou-as de piche e polvilhou-as de pólvora, pendurou-as na paliçada e ateou-lhes fogo, ardendo a princípio muito violentamente; mas foi extinto por nossa gente com vara e pedras. O inimigo apesar da forte vigilância da nossa gente, pôs fogo por baixo da casa e [que] ardeu com tanta força que as chamas subiram até o teto, sendo os soldados obrigados pela fumaça e chamas a abandonar a casa e a retirar-se na igreja nova e numa outra casa, o que causou tal consternação na gente que, por incitação do sargento do capitão Muller, mandaram os seus oficiais ao Major pedindo-lhe que entrassem em negociações com o inimigo.".
1635
19/jul
pg. 412
Alexandre Picard, governador daquela praça, rende-se a Albuquerque.
1635
22/jul
pg. 414
Calabar é morto e esquartejado.
1635
23/jul
pg. 415
Albuquerque retira-se para Alagoas, abandonando a povoação após
arrasar as fortificações:
"Todas as entradas feitas no campo e pelo necessário para derrubar todas as fortificações que ali havia. Fez recolher as seis peças tomadas no forte, as armas e as munições que se acharam.
...
Em 23 de julho, foi-se marchando na volta de Alagoas ".
23/jul
pg. 850
"No dia 23, marcharam com toda a força para a povoação, julgando encontrar
ainda ali a Albuquerque ou, pelo menos, alguma guarnição na praça conquistada; mas, chegando lá no dia seguinte, encontraram tudo abandonado, pois o inimigo saíra algum tempo antes, não ousando esperar pela nossa gente. Viram ali que haviam morrido uns 100 dos nossos, muitos dos quais ainda insepultos aqui e acolá, uma triste cena; e que o inimigo levara cerca de 300 prisioneiros; desses uns 100 voltaram, havendo-se escapado no caminho ou escondendo-se numa outra casa de campo ou ficaram atrás, por doentes. Albuquerque dirigiu-se com a sua tropa para Alagoas, tendo antes destruído as nossas fortificações na povoação e levando as colubrinas; seguiu também com ele a maior parte dos habitantes. ".
1635
02/ago
pg. 415
Albuquerque chega às Alagoas.
1635
15/ago
pg. 416
O Coronel Crestofle d'Artischau Arciszewski ocupa Peripueira.
1635
16/jul
pg. 850
"O coronel Schuppe, depois de reunir os habitantes que ficaram e depois de
lhes dar novos salvo-condutos e de importar-lhes um tributo de farinha de mandioca e bois que tinham de entregar por dinheiro ou mercadorias, deixou ali de guarnição uma companhia de soldados e partiu, no dia 11 de agosto, juntamente com o coronel Artichau, levando os dois cerca de 1.100 homens, e marchou contra o Albuquerque até S. Gonçalo, também chamado Peripoeira, situado a duas léguas ao sul de Sto. Antônio Grande, onde chegou no dia 16
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(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
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depois de passar muitos rios. E fizeram ali uma fortaleza no caminho do sul,
para impedir a invasão do inimigo por ali.".
1635
27/nov
pg. 856
"... e, fazendo-se à vela no dia 27, com essa fraca expedição, seguiram o
inimigo de longe e mantiveram-se à sua vista ao longo da costa até S. Gonçalo de Peripoeira, onde estava uma parte de nosso exército, cerca de seis léguas ao norte de Alagoas.
Viram ali que os navios espanhóis fundearam junto à Ponta de Jaraguá, uma légua ao norte de Alagoas, e cerca de cinco léguas ao sul do acampamento de nosso exército, e que estavam todos ocupados em desembarcar a gente, e os barcos menores se achavam atrás do recife, e que iam e vinham para os grandes; assim fundearam também a uma légua a barlavento da esquadra do inimigo.".
1635
28/nov
pg. 426
A frota trazendo as forças de D. Luís de Roxas e Borja atraca nas
Alagoas.
1636
06/jan
pg. 437
D. Luís inicia a marcha para a povoação de Porto Calvo.
1636
13/jan
pg. 887
"Com isso passou-se o tempo até o dia 13 de janeiro. O coronel Artichau, nesse
entretanto, não estando informado da presença do inimigo na mata, nem da sua expedição à povoação de Porto Calvo, não poderia de forma alguma imaginar (pois todos julgavam impossível fazer-se um caminho por ali) que o inimigo estivesse já no engenho Sto. Antônio, pertencente a Cistóvão Dias, o qual pouco antes fora queimado pelos nossos e todos os homens mortos (este engenho era situado a quatro ou cinco léguas de marcha da nossa gente para o interior), e que houvesse passado o Engenho Novo de Rodrigo de Barros; mas, no dia 13 à noite, chegou a Peripoeira um negro que desertara do inimigo, o qual comunicou-lhe a situação do inimigo e o que tentara em Porto Calvo contra o coronel Schuppe. O coronel Artichau, ouvindo isso, partiu imediatamente dali com 1.300 homens (contando-se entre eles os negros e jovens) e levou dois pequenos canhões de novo formato.".
1636
15/jan
pg. 442
O capitão Rabelo retoma a povoação de Porto Calvo.
1636
17/jan
pg. 444
D. Luís contata a força de Arcizzewsky na Mata Redonda, a 4 léguas da
Povoação.
17/jan
pg. 888
"Tendo marchado no dia 17 em boa ordem um pouco para diante, o coronel
Artichau mandou fazer as orações. Em marcha incendiaram, antes do meio-dia, um engenho com açúcar feito recentemente e tudo que havia ao redor e juntamente um canavial onde morreram alguns inimigos. Depois do meio-dia avançaram para Camaragibe e, todavia, nada souberam do inimigo, nem encontraram campônio algum: obtiveram ali boas provisões de carne e, tendo ateado fogo a tudo e a um engenho, pararam ali duas horas: à tarde prosseguiram na marcha. Sucedeu que os nossos (sem ter tido mais informações) encontraram inesperadamente o inimigo no meio do caminho
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(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
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Citação (entre aspas)/Comentário
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entre Camaragibe e a povoação de Porto Calvo, cerca de duas pequenas léguas
desta última. ".
1636
18/jan
pg. 448
Batalha da Mata Redonda. Morre em combate D. Luís de Roxas; pg.
446-447.
Íbero-brasileiros fortificam a igreja velha na povoação de Porto Calvo.
18/jan
pg. 891-893
"No dia 18, logo que o sol nasceu, o Coronel viu como estava colocado o
inimigo; e observou-o tranquilamente mais de uma hora. A situação do lugar era a seguinte.
Havia dois montes em frente um do outro entre espesso mato e vales profundos; o situado ao Norte, muito mais alto e mais largo, e despido de toda
a verdura, achava-se ocupado pelas tropas de Dom Luís; no outro, ao Sul, menor, achatado e coberto de pequenas moitas, estavam os nossos. Eram ligados uns ao outro por um caminho como um dique, em que não se podiam enfileirar mais de 50 homens de frente, sendo todas as outras avenidas desses
dois montes um tanto difíceis. As tropas estavam dispostas desta forma: Dom
Luís distribuiu a sua gente em três fortes batalhões, colocados numa linha, achando-se no centro de cada um os piques e aos lados alas de mosqueteiros; ele mesmo se postara junto ao último batalhão da esquadra perto de uma árvore grande, donde tinha a melhor vista, e na carta está marcada com a letra A.
O Coronel obedecendo à configuração topográfica do país, pois ali raramente há falta de campos espaçosos, tinha antes organizado a sua gente em pequenos batalhões, o que então foi muito apropriado naquele lugar estreito. Colocou na frente cinco companhias de fuzileiros fortes, cada uma de 40, 50, até 60 homens, encobertos atrás das moitas para empregá-los em debanda onde fosse
preciso de improviso, quer de noite quer de dia, para escaramuças particulares;
ainda que não tivesse intenção de servir-se deles para o assalto, mas sim quando o inimigo começasse a recuar. As companhias eram as de Tourlon, Mauseweldt, Nicholson, Meltingh e Bohart. Depois formou três batalhões de mosqueteiros (porque por um velho abuso dispunha apenas de 50 piques na sua companhia). Na vanguarda, que ele mesmo comandava, havia três companhias com intervalos de oito pés de uma a outra, e nessas estavam montadas as duas peças de campo; as companhias, as de Hinderson, Vervens e Ernestus, igualmente separadas uma das outras, e na retaguarda, sob o comando do capitão Verdoes, também três companhias: de Verdoes, Valets e Coenders. Atrás ele colocou a companhia do capitão Gilbert para guardar o caminho por onde tinham vindo.
O Coronel para ver tudo bem, manteve-se a maior parte do tempo no lugar marcado com a letra B, e não desejou mudar em coisa alguma a ordem que formara de madrugada, pois pensou que tudo estava bem disposto segundo a
estreiteza do lugar. O inimigo, tendo estado assim por uma hora e notando que os nossos não mostravam muito desejo de atacá-lo no monte, tornou-se
arrogante e, prejudicando a si mesmo, tirou muitos mosqueteiros de seus
batalhões e os mandou abaixo da encosta do monte, ao seu lado esquerdo, a
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(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
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dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
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um certo riacho que se aproximava um pouco de nosso monte (marcado com a
letra C).
...
Entretanto, Dom Luís estava estirado na relva. Sofrera primeiro uma fratura na perna e quando quis montar a cavalo este lhe foi tomado por um capitão que fugiu; levou então outro tiro no peito e foi transportado pelos seus amigos para dentro de uma moita onde morreu. Os portugueses encontraram-no dias depois, ainda com a sua roupa e armas.".
1636
24/jan
pg. 898-899
“...mas estando, entretanto, perdida a povoação de Porto Calvo, e os nossos
não se achando bastante fortes para atacar vigorosamente o inimigo sem arriscar todo o Estado do Brasil, os chefes do exército viram-se forçados a colocar as suas tropas noutro ponto para impedir que o inimigo invadisse mais as nossas províncias.
...
No dia 24, foi embarcado [de Paripueira] o resto da tropa composta de 15 companhias, que não excediam muito de 1.100 homens e partiram dali no dia 26 de janeiro, e, tendo visitado primeiro a Barra Grande de onde retiraram duas companhias de índios, desembarcaram no dia 29 atrás da Ilha de Sto. Aleixo e, aproveitando-se da noite, chegaram muito cedo a Serinhaém.”.
1636
15/mar
pg. 457
"Partiu o Conde (Banholo) , em 15 de março, para lá [povoação de Porto
Calvo], por outro novo caminho que se mandou abrir, por ser intolerável aquele por onde havia ido D. Luís de Roxas.
...
O Conde tratou logo, também, de ocupar um posto dez léguas adiante, e seis de Vila Formosa, onde se fortificava o general inimigo. Para isto foi o tenente Manuel Dias de Andrada, com 400 homens, e o Camarão com
seus índios. O posto que ocupou e fortificou foi junto ao rio de Una, para a parte do Sul, em uma casa em frente do engenho de Diogo Paes, e à vista da povoação e da igreja de S. Gonçalo.".
Iniciam-se campanhas profundas no território ocupado pelos
neerlandeses.
16/abr
pg. 904-906
“Enquanto o Coronel estava ainda no Recife, aconteceu que, no dia 16 de abril,
à tarde, trouxeram notícia ao Conselho que o inimigo, tendo atravessado a mata, viera pela aldeia de Ipojuca e aparecera primeiro com 800 homens no Engenho Velho de João Paes Barreto, ao qual surpreendeu e fez prisioneiros; alguns dos nossos soldados defenderam-se valentemente na igreja, de sorte que obtiveram quartel antes de se renderem. Ali afixaram eles editais ordenando que todos os homens que estivessem em armas na circunvizinhança se
rendessem e fossem ter com eles sob pena de morte. Em consequência do que
muitos dos habitantes portugueses, contra o juramento de fidelidade a nós, juntaram-se a eles, assassinando a nossa gente que encontravam no campo; muitos homens importantes aderiram à revolta, de sorte que se viu que fora planejado de antemão e não sem combinação com esses. O inimigo, passando
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(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
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dd/mm
Citação (entre aspas)/Comentário
dd/mm
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pelo lado das nossas tropas situadas em Una e Serinhaém, caiu no campo
situado atrás do Recife e tomou em Muribeca 800 queijos e outros gêneros dos moradores e juntamente 600 alqueires de farinha de mandioca, que estava ali de provisão para nós. Pilharam também os engenhos do coronel Schuppe e do Fiscal, depois de matarem alguns soldados que estavam ali e se defenderam, e de aprisionarem alguns com promessa de quartel. O inimigo marchou agora avante para S. Lourenço e Maciape sem fazer mal aos pérfidos habitantes que se ligavam com ele, saqueando somente o que nos pertencia.
O seu desígnio era seguirem para Goiana e Paraíba, a fim de perseguir os nossos fiéis moradores e fazer os traidores pegarem em armas contra nós. Daí em diante não destruiu mais os engenhos nem açúcar, preferindo apoderar-se das terras ilesas e, além disso, trataram amigavelmente a maior parte dos portugueses, e até mesmo o engenho do capitão de cavalaria Ley (que se casara com uma moça portuguesa) foi poupado por eles, tomando-lhes apenas um bom cavalo; e fizeram-lhe saber que ele, depondo as armas e pedindo salvo conduto ao seu general, poderia ficar morando livremente como os outros na sua propriedade.
Os principais chefes dessa tropa eram Rebelinho e Madureira, que tendo sido aprisionados anteriormente pelos nossos haviam escapado por falta de vigilância; eles tinham uma força de 500 veteranos e outros tantos índios, mulatos, negros, além de uns 500 habitantes, que já se lhes tinham reunido e davam-lhes todas as informações onde nos poderiam causar dano.”.
1636
23/abr
pg. 463
"Para não deixar o dia 23 de abril, havemos deixado a povoação de Porto
Calvo, que daqui em diante terá o nome de Vila do Bom Sucesso; porque Duarte de Albuquerque a chamou assim, em doze deste mesmo mês, dando-lhe termo e jurisdição, pelos poderes e privilégios que tinha de El- Rei para criar as que lhe parecesse. Assim o fez também com as povoações de Alagoas do Sul e do rio São Francisco; chamando a primeira de Vila da Madalena, e de São Francisco a segunda.".
9/set
pg. 919-920
No dia 9, chegou o capitão van den Brande à Pantorra; Deus o tinha
patentemente protegido, porque ao chegar junto à Sto. Antônio, no dia 7 último, antes do meio-dia, encontrou por felicidade um sargento da tropa do inimigo com um negro que trazia preso de Goiana, e apanhou-o ... . O Coronel obteve por esse sargento prisioneiro maior informação sobre a situação do inimigo ... . Interrogado sobre as condições de Porto Calvo, declarou que ali se achavam mais de 1.200 homens e cerca de 16 canhões de bronze que foram trazidos de Alagoas em barcas. Em Alagoas havia 400 homens. O Conde de Bagnuolo e Manuel Dias de Andrade, ambos estavam em Porto Calvo, onde chegavam frequentemente barcas de Bahia assim como de Alagoas com farinha de mandioca, peixe, vinho, azeite e munições e que as nossas embarcações ali nada tinham feito contra elas. Na povoção de Porto Calvo, junto à velha igrejinha, no
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Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Laet, 1644) Historia ou Anais dos Feitos da WIC
Ano
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Citação/Comentário
monte, fora feito um forte com quatro bastiões, mas não estava completo; e que
em baixo montaram um reduto ao redor da igreja velha. Mas nem na foz do rio nem na praia fizeram fortificação alguma.
12/out
pg. 927
“No dia 12 do mesmo mês, o Coronel recebeu aviso em S. Lourenço de vários
portugueses, que estavam sob o nosso dominio, que Rebelinho, com cerca de 300 soldados brancos e uns poucos caboclos (é o nome que dão aos filhos de um índio com uma negra) chegaram até Tracunhaém, Posa de Meio, e seguiram para a Capitania da Paraiba.”.
1636
16/out
pg. 472
"O capitão Rabelo, que deixamos em sua marcha, deu no engenho que
deixou Manuel Peres Corrêa, cinco léguas por terra da cidade da Paraíba, em 16 de outubro; junto dele encontrou o governador Enses, que o era de três praças: aquela e as do Rio Grande e de Itamaracá."
E o mata; ...”.
16/out
pg. 928
“Entretanto, sucedeu que o conselheiro politico Eyssens, que residia na
Paraíba, foi surpreendido e assassinado pelo inimigo, sobrevindo essa desgraça da seguinte forma: apesar dos boatos insistentes da vinda do inimigo e pânico, o conselheiro Eyssens saiu a cavalo da Paraíba com 25 soldados e alguns jovens comerciantes e vários índios para o seu engenho, que pertencia antigamente a Manuel Pires. Mal estava lá havia meia hora quando Rebelinho surgiu de improviso e começou a fazer fogo violentamente contra a casa e os nossos índios não podendo entrar nela puseram-se a fugir. ...”.
1636
pg. 479
"Por isto mesmo, o conde de Banholo não se descuidava em prevenir-se
do necessário, ou do possível. Fez cercar de trincheiras com seus traveses a igreja nova de Bom Sucesso, e fazer outras pelos caminhos que mais convinham. Ordenou que todos trabalhassem em levantar uma cortina que havia caído do forte da igreja velha, por ter-se feito com menos escarpa do que a que devia dar-se.".


Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Calado, 1648) O Valeroso Lucideno
Ano
dd/mm
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dd/mm
Citação/Comentário
1637
23/jan
pg. 488
Chegam reforços neerlandeses com o Conde de Nassau.
1637
pg. 490-491
O Conde de Bagnuoli "Mandou que Martim Soares se retirasse do posto
de Una com toda a gente, deixando-o só. Começou logo a fazer dois redutos no outeiro de Amador Álvares e em outro a suas costas. No primeiro pôs três canhões, com cinquenta barris de pólvora, balas, corda e 200 fangas de farinha. Ainda que o inimigo não deixou que se acabasse, estavam quase prontos para a defesa quando chegou. Logo veremos de que serviram.
No forte de Bom Sucesso pôs como governador Miguel Giberton, tenente general da artilharia e soldado de valor e experiência ...".
1637
12/fev
pg. 493
A frota neerlandesa chega à Barra Grande.
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Fonte:
(Coelho, 1654) Memórias Diárias.
(Calado, 1648) O Valeroso Lucideno
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Citação/Comentário
1637
16/fev
pg. 493
Nassau passa o Rio Una.
1637
17/fev
pg. 493-494
As tropas de Nassau marcham para a Vila de Porto Calvo. Chegam
"tropas de sua vanguarda em um outeiro, onde havia uma casa de um morador chamado Domingos Vaz Barcelos, a um quarto de légua da vila de Bom Sucesso. Por tê-la descoberto, fizeram alto ali, até que chegasse o corpo do exército e a retaguarda, que vinham separados.
...
Os nossos [ibero-brasileiros] ficaram em uma baixa, junto a um riacho, onde levantaram uma trincheira e estacada, em passo muito defensável, armando pelos lados duas emboscadas. O inimigo, no mais eminente do monte, junto à casa daquele morador de que falamos. Também fez sua trincheira, com quatro peças de campanha, que estiveram jogando toda aquela noite.".
1637
18/fev
pg. 495-498
As forças de Nassau derrotam os íbero-brasileiros no rio Comandatuba e cercam o forte. Bagnuoli e Albuquerque retiram-se
para Alagoas. A guarnição do forte permanece resistindo.
1637
20/fev
pg. 498
Chegam lanchas com reforços e suprimentos para os neerlandeses.
1637
06/mar
pg. 503
A guarnição do forte se rende e Nassau conquista a Vila do Bom
Sucesso.
1637
25/fev
pg. 504
Nassau chega à Vila da Madalena (vila junto à Lagoa do Sul, hoje a
cidade de Marechal Deodoro-AL ao sul da lagoa Manguaba).
1637
27/mar
pg. 510
Nassau chega à Vila do São Francisco (Penedo).
1638
Porto Calvo permanece sob o domínio neerlandês.
1639
1640
1641
1642
1643
1644
1645
1645
17/set
pg. 557
A fortaleza é retomada pelos luso-brasileiros, “... e afora a gente livre, cento e
cinquenta e seis soldados, que se renderam, e oito peças de artilharia de bronze, quatro de vinte e quatro libras de bala e duas de dezesseis; e duas de dez; as quais o Capitão Lourenço Carneiro veio logo comboiando para a Várzea do Capibaribe
...”.
Logo em seguida, a fortaleza foi arrasada; (Calado, 1648), Livro Segundo, Cap. V.
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ANEXO 2: ICONOGRAFIA DE PORTO CALVO: MAPAS DA REGIÃO, PLANTAS E VISTAS — REFERÊNCIAS.


ARCISZEWSKI, Crestofle d'Artischau:

[Vista da Batalha do Comandatuba e do cerco e captura de Porto Calvo]. In: [Panfleto] Auctentijck Verhael van de Belegheringhe ende veroveringhe van Porto Calvo ... [História resumida e autêntica do cerco e captura de Porto Calvo ...], [panfleto], Ian van Hilten, [livreiro], Amsterdam, Holanda, 27/6/1637. Scheepvaartmuseum, Amsterdam, Holanda.

[Vista da Batalha do Comandatuba e do cerco e captura de Porto Calvo]. In: [Panfleto] Kort em Auctentick Verhael van het beleg en veroveren van Povaçon de Porto Calvo [Descrição resumida e autêntica do Cerco e Conquista de Porto Calvo], [panfleto impresso por] Iohan Blaev, Amsterdam, 1637. Atlas van Stolk, n. ref. 1794.

[Planta] PORTUS CALVUS [Cerco de Porto Calvo]. In: BARLÆI, Casparis: RERVM PER OCTENNIVM IN BRASILIA [Et alibi nuper gestarum, sub Præfectura Illustrissimi Comitis I. Mavritii, Nassoviæ, &c. Comitis ... Historia]. Ex Typographeio Ioannis Blaev, Amstelodami, 1647 [MDCXLVII]. Prancha 7, fol. ante p. 37.

image
Port o Cal vo, ∫oo gh εtaεn ∂oor Graef f Joan M ourit s van Nass auw , 1637. In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).

image
MARGGRAPHIUS, Georgius: [Mapa] Brasilia qua parte paret Belgis. Amstæledami, Ex Officina Ioannis Blaev, [cIɔ Iɔ c XLVII], 1647. Technische Universität Darmstadt (ULB 03051_480), Darmstadt, Alemanha.

MARGRAVE, Georg:
[Mapa] PRÆFECTURA PARANAMBUCÆ PARS MERIDIONALIS. In: (Barleus, 1647), op. cit.;
prancha 2, fol. ante p. 25.

[Mapa] PRÆFECTURÆ PARANAMBUCÆ PARS BOREALIS, una cum PRÆFECTURA de
ITÂMARACÂ. In: (Barleus, 1647), op. cit.; prancha 3, fol. ante p. 25.

POST, Frans:
[Vista] PRÆLIUM PROPE PORTUM CALVUM [Batalha de Porto Calvo]. In: (Barleus, 1647),
op. cit., prancha 6, fol. ante p. 37.

[Vista] OBSIDIO ET EXPUGNATIO PORTUS CALVI [O cerco e conquista de Porto Calvo]. In:
 
(Barleus, 1647), op. cit., prancha 8, fol. ante pag. 39.

 
VINGBOONS, Johannes. [Atlas manuscritos], [circa 1654-1665]:

ATLAS VON KEULEN/ATLAS BOM, [J. Vingboons fecit.], [circa 1660-1665], [Folhas soltas]. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), Recife (PE), Brasil.
  • [Planta] Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo, fol. 17)
  • [Mapa] CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, fol. 39.
  • [Mapa] CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, fol. 40.

    ATLAS CRISTINA, [J. Vingboons fecit.], [circa 1654]. Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), Cidade do Vaticano, BAV Reg. Lat. 2106.
  • [Mapa] CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, BAV Reg.lat.2106-0093 p 38r.
     
  • [Mapa] CAPITANIA DO PHARNAMBOCQVE, BAV Reg.lat.2106-0095 p 39r.
  • [Planta] Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo, BAV Reg.Lat. Reg.lat.2106-0152 p 54r.
  • [Vista] Verthooning vandt Beleg. ende Slach van Porto Calvo, BAV Reg.lat.2106-0157 p 55r.

    ATLAS BEUDEKER, [J. Vingboons fecit.], [circa 1660-1665]. National Archives of the Netherlands (NL-HaNA), Den Haag, Netherland.
  • [Vista] Gezicht op Povaçon - Porto Calvo, NL-HaNA_4.VELH_619.85.

ANEXO 3: PORTO CALVO DURANTE O DOMÍNIO HOLANDÊS — IMAGENS DE MAPAS, PLANTAS E VISTAS.


Imagem A3-01
Região de Porto Calvo — fragmento do mapa CAPITANIA DE
PHARNAMBOCQVE, BAV Reg.lat.2106-0093. In: ATLAS CRISTINA, [J.
Vingboons fecit.], [circa 1654]. Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), Cidade do Vaticano, BAV Reg. Lat. 2106; p 38r.
Imagem A3-02
Região de Porto Calvo – fragmento do mapa Brasilia qua parte paret Belgis 
Imagem A3-03
Vista da Batalha do Comandatuba ― PRÆLIUM PROPE PORTUM CALVUM,
desenhada por Frans Post em 1645  Prancha 6 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 37).
Imagem A3-04
Vista do cerco de Porto Calvo [OBSIDIO & EXPUGNATIO PORTUS CALVI],
desenhada por Frans Post em 1645  Prancha 8 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 39).
Imagem A3-05
Planta do Cerco de Porto Calvo na prancha PORTUS CALVUS ― Prancha 7
(Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 37).
Imagem A3-06
[Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo]. In:
ATLAS VON KEULEN/ATLAS BOM, [J. Vingboons fecit.], [circa 1660-1665], [Folhas soltas]. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), Recife (PE), Brasil; fol. 17.
Imagem A3-07
[Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo], BAV
Reg.lat.2106-0152. In: ATLAS CRISTINA, [J. Vingboons fecit.], [circa 1654]. Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), Cidade do Vaticano, BAV Reg. Lat. 2106; p 54r.
Imagem A3-08
Planta do Cerco de Porto Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte Waεr in
Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).
Imagem A3-09
Planta do campo da Batalha do Comandatuba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto
van Pouazon in Port o Cal vo, ∫oo gh εtaεn ∂oor Grae f f Joan M ourit s van Nassauw , 1637. In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).
Imagem A3-10
Planta da Ilha do Manguaba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto Calvo.
In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria,
AB 298(4).
Imagem A3-11
Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto Kort em Auctentick Verhael van het beleg en veroveren van Povaçon de Porto Calvo
[Descrição resumida e autêntica do Cerco e Conquista de Porto Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel Arciszewsky e impresso por Iohan Blaev, Amsterdam, 1637 (acervo do Atlas van Stolk, n. ref. 1794).
Imagem A3-12
Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto Auctentijck Verhael
van de Belegheringhe ende veroveringhe van Porto Calvo [Descrição autêntica do Cerco e Conquista de Porto Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel
Arciszewsky e impresso por Ian van Hilten, Amsterdam, 27/6/1637. (Acervo do
Nederlands Scheepvaartmuseum, Amsterdam).
Imagem A3-13
Esquema do Campo da Batalha da Mata Redonda — ARCISZEWSKI, Crestofle
 

Imagem A3-01: Região de Porto Calvo — fragmento do mapa CAPITANIA DE PHARNAMBOCQVE, BAV Reg.lat.2106-0093. In: ATLAS CRISTINA, [J. Vingboons fecit.],

[circa 1654]. Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), Cidade do Vaticano, BAV Reg. Lat. 2106; pg 38r.

 

Imagem A3-02: Região de Porto Calvo – fragmento do mapa Brasilia qua parte paret Belgis  (Margrave, 1647 BQPPB) – Technische Universität Darmstadt (ULB 03051_480), Darmstadt, Alemanha.

 

Imagem A3-03: Vista da Batalha do Comandatuba [PRÆLIUM PROPE PORTUM CALVUM], desenhada por Frans Post em 1645  Prancha 6 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 37).

 

Imagem A3-04: Vista do cerco de Porto Calvo [OBSIDIO & EXPUGNATIO PORTUS CALVI], desenhada por Frans Post em 1645  Prancha 8 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 39).

 

Imagem A3-05: Planta do Cerco de Porto Calvo [PORTUS CALVUS] ― Prancha 7 (Barléu, Op. cit., fol. ante pag. 37).

 

Imagem A3-06: [Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo]. In: ATLAS VON KEULEN/ATLAS BOM, [J. Vingboons fecit.], [circa 1660-1665], [Folhas soltas]. Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), Recife (PE), Brasil; fol. 17.

 

Imagem A3-07: [Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon, Porto Calvo], BAV Reg.lat.2106-0152. In: ATLAS CRISTINA, [J. Vingboons fecit.], [circa 1654]. Biblioteca Apostólica Vaticana (BAV), Cidade do Vaticano, BAV Reg. Lat. 2106; p 54r.

 

Imagem A3-08: Planta do Cerco de Porto Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte Waεr in

afgε bεεl t wort ∂e Bε lεε gεringε van Pouazon i n Port o Cal vo, ∫oo gh ε taε n ∂oor Graef f Joan Mouri t s van Nassauw, 1637. In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).

 

Imagem A3-09: Planta do campo da Batalha do Comandatuba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte Waεr in afgε bεεl t wort ∂e Bε lεε gεringε van Pouazon in Porto

Cal vo, ∫oo ghε taε n ∂oor Grae f f Joan Mouri ts van Nassauw , 1637. In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).

 

Imagem A3-10: Planta da Ilha do Manguaba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte Waε r in afgε bεεl t wort ∂e Bεlεε gε ringε van Pouazon in Porto Calvo,

∫oo ghε taε n ∂oor Graef f Joan Mouri ts van Nassauw , 1637. In: ATLAS STOCH. Öesterreichische Nationalbíbliothek (ÖNB), Viena, Austria, AB 298(4).

 

Imagem A3-11: Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto Kort em Auctentick Verhael van het beleg en veroveren van Povaçon de Porto Calvo [Descrição resumida e autêntica do Cerco e Conquista de Porto Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel Arciszewsky e impresso por Iohan Blaev, Amsterdam, 1637 (acervo do Atlas van Stolk, n. ref. 1794).

 

Imagem A3-12: Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto Auctentijck Verhael van de Belegheringhe ende veroveringhe van Porto Calvo [Descrição autêntica do Cerco e Conquista de Porto Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel Arciszewsky e impresso por Ian van Hilten, Amsterdam, 27/6/1637 (acervo do Nederlands Scheepvaartmuseum, Amsterdam).

 

Imagem A3-13: Esquema do Campo da Batalha da Mata Redonda — ARCISZEWSKI, Crestofle d'Artischau: Afteikening van de plaets van bataille [Esquema do local da batalha] [da Mata Redonda]. In: Brief (kopie) van Chrestoffel Artischofskij (=Arciszewski), te Serinhaim, aan de vergadering van de Heren XIX. 1636 juni 13. NL-HaNA OWIC 1.05.01.01 inv.nr. 51 doc 065.

ÍNDICE:


Página
INTRODUÇÃO
1
AS FONTES DE INFORMAÇÃO HISTÓRICA
3
Imagem 1
Brasão de Porto Calvo concedido pelo Conde de Nassau em 1638.
4
LUTAS EM PORTO CALVO – LINHA DO TEMPO.
6
Tabela 1
Fases da guerra na região de Porto Calvo.
7
ITENS DE INTERESSE HISTÓRICO EM PORTO CALVO, HERANÇA DO
DOMÍNIO HOLANDÊS.
9
Tabela 2
Relação dos itens de interesse histórico em Porto Calvo no Domínio
Holandês.
9
Tabela 3
Status da localização dos elementos de interesse histórico do
dispositivo de ataque e defesa do Cerco e Conquista de Porto Calvo.
9
Imagem 2
Georreferenciamento probabilístico do caminho da marcha de
Nassau da Barra Grande a Porto Calvo.
11
O FORTE BASS E A ILHA DO RIO MANGUABA.
12
Imagem 3
Georreferenciamento dos elementos de interesse histórico dos
mapas do Cerco e Conquista de Porto Calvo – zona leste da Vila (setor do varadouro e ilha no Rio Manguaba).
13
CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS.
14
ANEXO 1
LINHA DO TEMPO DE PORTO CALVO.
15
1630 - 1631
15
1632
15-16
1633
16
1634
16-17
1635
17-21
1636
21-25
1637
25-26
1638 - 1644
26
1645
26
ANEXO 2
ICONOGRAFIA DE PORTO CALVO: MAPAS DA REGIÃO,
PLANTAS E VISTAS — REFERÊNCIAS.
27
ANEXO 3
PORTO CALVO DURANTE O DOMÍNIO HOLANDÊS —
IMAGENS DE MAPAS, PLANTAS E VISTAS.
29
Imagem A3-01
Região de Porto Calvo — fragmento do mapa CAPITANIA DE
PHARNAMBOCQVE, BAV Reg.lat.2106-0093.
30
Imagem A3-02
Região de Porto Calvo – fragmento do mapa Brasilia qua parte
paret Belgis.
31
Imagem A3-03
Vista da Batalha do Comandatuba [PRÆLIUM PROPE PORTUM
CALVUM], desenhada por Frans Post em 1645.
32
Imagem A3-04
Vista do cerco de Porto Calvo [OBSIDIO & EXPUGNATIO
PORTUS CALVI], desenhada por Frans Post em 1645.
33
Imagem A3-05
Planta do Cerco de Porto Calvo [PORTUS CALVUS].
34
Imagem A3-06
[Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon,
Porto Calvo]. In: ATLAS VON KEULEN/ATLAS BOM, IAHGP,
fol. 17.
35
Imagem A3-07
[Planta do Cerco de Porto Calvo] — [Plattegrond van Povaçon,
Porto Calvo], BAV Reg.lat.2106-0152.
36
Imagem A3-08
Planta do Cerco de Porto Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte
37
Imagem A3-09
Planta do campo da Batalha do Comandatuba. Detalhe da Planta do
38

Página
Imagem A3-10
Planta da Ilha do Manguaba. Detalhe da Planta do Cerco de Porto
Calvo. GONDREVILLE, Pierre de: Caerte Waεr in afgεbεε lt wort
39
Imagem A3-11
Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto Kort
em Auctentick Verhael van het beleg en veroveren van Povaçon de Porto Calvo [Descrição resumida e autêntica do Cerco e Conquista
de Porto Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel Arciszewsky e impresso por Iohan Blaev, Amsterdam, 1637.
40
Imagem A3-12
Vista do Cerco e Conquista de Porto Calvo, detalhe do folheto
Auctentijck Verhael van de Belegheringhe ende veroveringhe van Porto Calvo [Descrição autêntica do Cerco e Conquista de Porto
Calvo], desenho atribuído ao Coronel Cristofel Arciszewsky e impresso por Ian van Hilten, Amsterdam, 27/6/1637.
41
Imagem A3-13
Esquema do Campo da Batalha da Mata Redonda —
ARCISZEWSKI, Crestofle d'Artischau: Afteikening van de plaets van bataille [Esquema do local da batalha] [da Mata Redonda]. In:
Brief (kopie) van Chrestoffel Artischofskij (=Arciszewski), te
Serinhaim, aan de vergadering van de Heren XIX. 1636 juni 13. NL- HaNA OWIC 1.05.01.01 inv.nr. 51 doc 065.
42

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Dr. Sebastião José Palmeira

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