ACADEMIA PORTOCALVENSE DE HISTÓRIA, LETRAS E ARTES (APHLA)
Caros amigos,
(Vale lembrar, que esses versos foram escritos nove meses e oito dias
antes do falecimento do autor).
Jefferson Palmeira
Todos nós seres humanos na face da Terra temos sonhos.
Sonhos que muitas vezes alguns preferem guardar em segredo, outros eternizar. Resolvi
compartilhar com todos vocês um desses meus sonhos. A Criação de uma Academia de História,
Letras e Artes em Terras Portocalvense.
Há décadas atrás, muitos dos maiores
intelectuais de renome em Porto Calvo, sonharam em criar uma Academia,
mas,
entretanto, todavia, pelas informações que tive, ninguém conseguiu.Venho
trabalhando nisso há varios meses, e o resultado vocês vão conferir nos
anexos.
Uma Academia de História, Letras, e Artes é uma
instituição de cunho histórico, literário e linguístico, que reúne uma
quantidade limitada de membros efetivos, e membros honorários, numa tradição
iniciada no Século XVII com a Academia francesa. Academia de Portocalvense de História, Letras, e
Artes (APHLA) nasce com a missão de desenvolver a cultura literária em Porto
Calvo e regiões circunvizinhas, procurando, para a realização dos seus
objetivos, adquirir livros, documentos e manuscritos de homens de letras,
sobretudo de Alagoas; Futuramente criar e manter uma biblioteca, com sala de
leitura, arquivos e museus de objetos pertencentes ao passado histórico da
cidade; entreter relações com sociedades congêneres do país e do estrangeiro;
publicar a sua Revista e trabalhos valiosos que versem assuntos literários ou
se incluam entre as matérias permitidas pelos concursos; promover conferências,
reuniões, cursos sobre temas culturais, preferencialmente literários; instituir
prêmios e honrarias e colaborar intelectualmente com os poderes públicos no
aprimoramento das letras em Alagoas, inclusive propondo medidas que visem a
este objetivo.
Gostaria que adotássemos como patrono
maior da Academia o poeta, jornalista, jurista e professor Guedes de Miranda.
Guedes de Miranda
.
Antes que desça a noite
.
Guedes de Miranda
.
Antes que desça a noite,
O sol se pondo,
Contemplo em paz o fim da minha tarde.
Recordo o que fui – vencendo o tempo
Percebo o que sou – pelo tempo vencido.
Lutei, sofri, amei – vivi
E, com certeza, morrerei.
A ninguém, neste mundo, posso dizer
Fiz mal.
Quando a noite ontológica, implacável, descer,
Que restará de mim?
– Estes pobres poemas largados à toa:
Minh’alma dançando a valsa das sombras
E palavras, palavras...
E o fim, nada mais.
.
.
.
Ciúme
.
Guedes de Miranda
.
A tua sombra procurou-me aflita
e me disse em pranto:
– Tenho ciúme de ti, amigo,
porque o meu corpo está fugindo de mim
para ficar contigo.
Guedes de Miranda
.
Antes que desça a noite
.
Guedes de Miranda
.
Antes que desça a noite,
O sol se pondo,
Contemplo em paz o fim da minha tarde.
Recordo o que fui – vencendo o tempo
Percebo o que sou – pelo tempo vencido.
Lutei, sofri, amei – vivi
E, com certeza, morrerei.
A ninguém, neste mundo, posso dizer
Fiz mal.
Quando a noite ontológica, implacável, descer,
Que restará de mim?
– Estes pobres poemas largados à toa:
Minh’alma dançando a valsa das sombras
E palavras, palavras...
E o fim, nada mais.
.
.
.
Ciúme
.
Guedes de Miranda
.
A tua sombra procurou-me aflita
e me disse em pranto:
– Tenho ciúme de ti, amigo,
porque o meu corpo está fugindo de mim
para ficar contigo.
“ME ENTERREM EM PORTO CALVO”
Conforme todos sabem GUEDES DE
MIRANDA, foi bacharel em direito pela Faculdade de Recife, deputado estadual em
várias legislaturas, interventor e vice-governador, fundador da Faculdade de
Direito de Alagoas e seu terceiro diretor. Verdadeiro gigante da oratória,
nasceu em Porto Calvo e, como registrou em seu poema “Encontro com o Tempo” nasci ao meio dia quando o sino da matriz
badalava doze vezes sobre a cidade”. Falecendo no dia 1º de agosto de 1961, por volta das 8
horas, foi sepultado no humilde cemitério do Alto da Forca, em sua Terra Natal.
Ali fez-se seu último desejo manifestado no poema MINHA ÚLTIMA VONTADE:
“Quando
eu morrer, amigos e parentes,
Me enterrem em Porto Calvo
Foi lá que eu nasci, vivi minha infância
E adolesci feliz e livre como um pássaro
solto:
Atirando
pedras nos moleques do cafundó
Balançando
turíbulo nas procissões
Bebendo
vinho de missa na sacristia,
Vaiando
a Velha Cai Cai,
Furtando
laranjas no quintal do Padre Ivo,
Pedindo
esmola para o azeite do santíssimo,
Atravessando
a nado o Manguaba,
Espiando
as mulheres tomarem banho no rio,
E
praticando outras artes que não devo narrar.
Sobre
a cova profunda encravem uma cruz
Talhada
em sucupira.
De
braços abertos, ao chilrear dos papa-capins,
Aos
mestos arrulhos do fogo apagou.
De
noite o Manguaba sob o céu estrelado
Embale
o meu sonho, cantando as toadas.
Que
quando menino com ele eu cantava.
E
a terra materna devore o meu corpo.
Na
fome canina absurda do nada.
Minha
última vontade aqui eu proclamo
Quando
eu morrer, amigos e parentes,
Me
enterrem no velho Porto Calvo.
Foi
lá que eu nasci, vivi minha infância,
E
adolesci feliz e livre como um pássaro solto”.
Jefferson Palmeira
Fundador e Presidente da APHLA
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