Criminalidade, Violência e Homicídios
16 de novembro de 2008.
Recentemente me
tornei bacharel em Direito em uma das mais renomadas faculdades de Alagoas.
Apesar de ser um educador busquei o sonho juvenil de ser um advogado.
Outrora assistia de forma brilhante meu tio Dr. Sebastião José Palmeira, um homem digno e probo, Defensor Público e advogado militante no soberano Tribunal do Júri. Aprendi em suas conversas informais como é belo o mister do Direito Criminal; indiscutivelmente, apaixonei-me a primeira vista como um adolescente que ver a sua primeira namoradinha.
Outrora assistia de forma brilhante meu tio Dr. Sebastião José Palmeira, um homem digno e probo, Defensor Público e advogado militante no soberano Tribunal do Júri. Aprendi em suas conversas informais como é belo o mister do Direito Criminal; indiscutivelmente, apaixonei-me a primeira vista como um adolescente que ver a sua primeira namoradinha.
Na academia
busquei longo o caminho do Direito Penal e logo encontrei o refúgio da
Criminologia. Em meu abrigo, fui guiado pelas sábias aulas da mestra em
sociologia Professora Elaine Pimentel.
Vi que para entender o crime de homicídio era necessário ir mais além do que a letra “morta e fria” da lei. Pela minha formação humanística direcionei os meus estudos aos homicídios da periferia de Maceió.
Eu tinha que entender um pouco do psiquê humano, os sofrimentos e privações que os homens e mulheres homicidas das preferias passam. Não estou fazendo apologia a homicidas; mas é fato que ninguém nasce matador, todos já foram crianças um dia, amamentadas ao não no seio de suas mães e tiveram medo, fome e dor; e sonharam em ser um dia pessoas de bem.
Vi que para entender o crime de homicídio era necessário ir mais além do que a letra “morta e fria” da lei. Pela minha formação humanística direcionei os meus estudos aos homicídios da periferia de Maceió.
Eu tinha que entender um pouco do psiquê humano, os sofrimentos e privações que os homens e mulheres homicidas das preferias passam. Não estou fazendo apologia a homicidas; mas é fato que ninguém nasce matador, todos já foram crianças um dia, amamentadas ao não no seio de suas mães e tiveram medo, fome e dor; e sonharam em ser um dia pessoas de bem.
Partindo dessa
visão humanista do ser humano, mas com os pés no chão resolvi fazer o meu
trabalho de conclusão de curso com o tema: a análise dos homicidas da periferia
de Maceió nos anos de 2006 e 2007. Um assunto bastante delicado e muito difícil
de ser abordado; todavia contei com o apoio incansável do mestre Jefferson
Palmeira de formação humanista como eu.
Trilhei uma
jornada quase inócua para encontrar bibliografia regional sobre o assunto. E
descobri que desde a formação histórica do Brasil pré-colonial o sangue foi
derramado por estas terras de forma banal. O início se deu com a conquista das
terras potiguaras e caetés. A morte dos nativos era algo comum e como os
historiadores europeus da época descreviam “uma missão civilizatória”, trazer a
luz para almas pagãs. Em nome do ouro e do progresso os rios que corriam para nossas
lagoas foram manchados de sangue, o sangue “de um povo heróico o brado
retumbante”.
Com o fim da
matança indígena do litoral a zona da mata (fim do ciclo do pau-brasil) vieram os
nossos irmãos negros escravizados da mãe África. Seu sangue manchou o verde dos
canaviais. A morte de um escravo era coisa trivial, visto que era considerado
uma peça, objeto de valor. Foram mais de trezentos anos nessa vil condição,
onde o senhor de engenho e patriarca ditava as regras de uma sociedade
altamente injusta e autoritária, marcada pelo sectarismo cristão de forma
estúpida.
Viver ou morrer
não era algo passível de controle, estava sempre nas mãos de alguém. Com
abolição da escravatura, devido à tardia Lei Áurea, o negro não era mais
escravo, mas a vida humana não se tinha tanto valor para os potentário de
glebas de terras. Posteriormente surge o coronelismo, patente doada na época de
Getúlio Vargas a pessoas de sua estima política. A vida continuava sem valor;
pois o que o coronel determinar era lei! Chegamos à década de 1970 onde as
autoridades locais determinavam quem vivia e quem morria e afirmavam: “bandido
bom é bandido morto”. Quem era bandido quem morria ou quem mandava matar?
Chegamos à contemporaneidade
e encontramos grupos de extermínios e a matança insana das periferias de Maceió
gerada pelo consumo e disputa da “nóia”. Em nosso trabalho encontramos razões
que levam a tais índices tristes de homicídios. Os homicídios são uma soma de fatores
multi-setoriais que percorrem desde a invasão das drogas no estado a partir de
1990 a uma visão distorcida de masculinidade. Que para muitos ser homem é
ser violento, a velha e Idéia do homem másculo bruto.
Os homicídios do
Estado de Alagoas não vão diminuir nem tão cedo, isso não é uma visão
pessimista de um estudioso no assunto é apenas a certeza de que não se atingiu
o ápice do problema. Hoje vivemos em um Estado cuja inércia de políticas
públicas de inserção social frutifica com a criminalidade periférica; não estou
somente afirmando isso; também falta um aparelhamento adequado aos operadores
de segurança pública com uma logística e tecnologia de ponta. Em segurança
pública não existe super herói, o que deve existir é investimento em prevenção
e repressão. Não se faz segurança pública somente à bala, faz-se com políticas direcionada para o problema. Ai vem o melhor: quem viver
verá!
Carlos Henrique Palmeira Chaves
Historiador e Advogado OAB/ AL
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