Na primeira sessão do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, em
10 de dezembro de 1838, Januário da Cunha Barbosa fez a seguinte proposta: " Determinar-se
as verdadeiras épocas da História do Brasil e se esta se deve dividir em antiga ou
moderna, ou quais devem ser suas divisões". O mesmo autor ainda insistiria:
" Marcar as diversas épocas da criação das capitanias gerais do Brasil, da
fundação de seus bispados e das suas relações".
Periodização histórica
O primeiro autor sobre a periodização histórica foi o general José
Inácio de Abreu e Lima, no seu "Compendio da História do Brasil". Abreu e
Lima, mais tarde conhecido como "general das massas", e também chefe do Estado
Maior de Simon Bolivar O Libertador. Abreu e Lima era filho do Padre Roma, fuzilado após
participação na malograda Confederacão do Equador, ocorrida em Recife. Os elementos
levantados por Abreu e Lima são muitos e poderão ser lidos no livro "Teoria da
História do Brasil", de José Honório Rodrigues, p.127.
O livro de Abreu e Lima foi examinado por Francisco Adolfo de
Varnhagem. Do juízo de Varnhagem sobre o livro originou-se um dos mais acesos debates
sobre a historiografia brasileira. Varnhagem acusou Abreu e Lima de haver copiado Alphonse
Beauchamp, por sua vez um plágio de Robert Southey., além de apontar-lhe erros
grosseiros. A questão estava criada. José Honório Rodrigues considera que Varnhagem
carecia de conhecimentos teóricos e filosóficos, fatos revelados na sua "História
do Brasil". A reação de Abreu e Lima contra Varnhagem foi violenta.
A periodização histórica do Brasil passa: por Januário da Cunha
Barbosa, que levantou o problema; brigadeiro Cunha Matos, importantíssimo na primeira
discussão teórica e, finalmente, a primeira tentativa de periodização, com Abreu e
Lima.
Um autor, José da Silva Lisboa ( Visconde de Cairu ) escreveu
"História dos Principais Sucessos Políticos do Brasil", incumbência que lhe
havia sido dada por D. Pedro I, com fins " a perpetuar a memória dos sucessos do
Brasil desde o dia da sua independência".
Reunião marcante do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Na 51ª reunião do I.H.G.B., a 14 de
novembro de 1840, Januário da Cunha Barbosa ofereceu um prêmio de "cem mil
réis" a quem oferecesse ao Instituto um plano para se escrever a história antiga e
moderna do Brasil, de tal modo organizado que, nele se pudesse compreender as partes
política, eclesiástica, civil e literária. Acatada a idéia, o próprio Instituto
acrescentou mais "cem mil réis" ao prêmio estabelecido por Januário de Cunha
Barbosa.
O prêmio foi ganho não por um historiador, mas por um naturalista
alemão: Karl Friedrich Philip Von Martius. Na verdade Von Martius não propôs nenhuma
periodização histórica. Ele propõe, então, idéias gerais sobre o problema da
história brasileira que não poderiam estar fora da preocupação dos historiadores, até
então sem um ponto de partida seguro.
Alguns tópicos de Von Martius:
a) - importância da contribuição das três raças na formação do
Brasil. ( Não seria justo, portanto, desprezar-se a contribuição do negro e do
indígena no desenvolvimento físico, moral e civil da população, como totalidade)
b) - com relação ao indígenas os costumes e a língua deveriam ser
estudados cuidadosamente.
c) - o papel dos portugueses tinha uma conexão com as suas façanhas
marítimas, comerciais e guerreiras, e não poderia estar isolado, dentro da História do
Brasil.
d) - o historiador não poderia perder de vista o desenvolvimento civil
e legislativo do país, os movimentos do comércio universal, incorporando-os à nossa
História.
e) - o estudo das legislações e do Estado social de Portugal,
observando o desenvolvimento das instituições liberais que haviam sido transplantadas
para o Brasil.
f) - o papel dos jesuítas precisava ficar mais claro, estudando-se as
relações eclesiásticas e monarcais.
g) - detectar como se estabeleceram e se desenvolveram as ciências e
as artes como reflexo da vida européia.
h) - estudar como viviam os colonos, tanto nas cidades como nos
estabelecimentos rurais.
i) - tentar a convergência das histórias das possessões de São
Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso; do Maranhão e Pará; Pernambuco, Ceará,
Paraíba e Rio Grande do Norte; Sergipe, Alagoas e Porto Seguro, que queria dizer Bahia.
Von Martius foi o marco para as preocupações dos historiadores.
Pesquisa de Luiz Nogueira Barros
http://www.ihgal.al.org.br/index.htm
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