terça-feira, 17 de setembro de 2013

Graciliano, prefeito revolucionário

Nesse artigo publicado originalmente no Blog da Boitempo, o escritor Dênis de Moraes - que recentemente relançou sua biografia sobre Graciliano Ramos - retrata a atuação do "Velho Graça" como prefeito da cidade de Palmeira dos Índios .



 
"Em memória de Luiz B. Torres, solidário anfitrião em Palmeira.




O extraordinário legado de Graciliano Ramos, cujos 120 anos de nascimento acabam de ser comemorados em 27 de outubro, extrapola os limites da literatura e alcança a sua trajetória como homem público. Detenho-me aqui no prefeito de Palmeira dos Índios (1928-1930), sem deixar de mencionar o êxito de seus períodos seguintes como presidente da Imprensa Oficial (1930-1932) e diretor da Instrução Pública do Estado de Alagoas (1933-1936). Foi um prefeito revolucionário. Além de ter impulsionado a modernização da cidade, governou em sintonia com seus princípios ético-políticos. Pôs fim à corrupção e ao clientelismo; aplicou o avançado Código de Posturas, cortando privilégios das elites, que passaram a ter que cumprir as mesmas exigências de qualquer cidadão; e desfez a lógica aristocrática de seus antecessores, direcionando a maior parte do investimentos para áreas pobres e abrindo as portas da prefeitura a qualquer cidadão.
Graciliano foi eleito com 433 votos no pleito de 7 de outubro de 1927. Não teve adversário. Aceitou concorrer depois de muito hesitar, sendo afinal convencido por amigos de diferentes grupos políticos de que, por sua honradez, era o único nome de consenso. Não participou da campanha eleitoral, não fez promessas nem se envolveu em composições políticas para a escolha dos conselheiros municipais (vereadores).
O novo prefeito herdou uma massa praticamente falida. Havia 105 mil-réis nos cofres municipais, o que mal dava para cobrir a folha de pagamento dos servidores. Era preciso pôr ordem na casa. Ele instruiu os fiscais a cobrar os impostos com rigor. As dívidas atrasadas teriam de ser pagas imediatamente, sob pena de execução judicial. E as isenções fiscais, que beneficiavam grandes proprietários, comerciantes abastados e chefes políticos, perderam validade.
Passou a controlar com mão de ferro o registro geral de despesas da Prefeitura, tendo como critério básico não gastar mais do que se arrecadava. Ele próprio anotava, à tinta, a finalidade do gasto, a quantia paga e o nome do beneficiado – como se pode constatar no livro contábil exposto na Casa Museu Graciliano Ramos, em Palmeira dos Índios.
Uma das primeiras vitórias do prefeito foi a aprovação, pelo Conselho Municipal, do Código de Posturas, calhamaço com 82 artigos que disciplinava costumes e estabelecia novo marco civilizatório na cidade. As medidas previstas no Código regulamentavam direitos e deveres dos cidadãos e do poder público. Eis alguns: animais não poderiam andar soltos nas ruas; os comerciantes eram impedidos de açambarcar mercadorias de primeira necessidade em época de carestia; os farmacêuticos, proibidos de vender determinados remédios sem receita médica; os hoteleiros, obrigados a ter em ordem o livro de hóspedes e a afixar a tabela de preços em locais visíveis; o comércio não poderia funcionar além das 21 horas nem abrir aos feriados e fins de semana; açougueiros não poderiam vender carne de rês doente e teriam de passar a recolher impostos. O Código estabelecia advertências e, em caso de reincidência, pesadas multas aos infratores.
Palmeira dos Índios não fugia ao figurino de cidades pequenas do Agreste, onde o poder das oligarquias se sobrepunha ao interesse coletivo e às normas vigentes. Graciliano não se amedrontou e fez cumprir a lei, mesmo desgastando-se junto aos grupos políticos dominantes na região. Cobrava resultados dos auxiliares e não hesitava em substituir ocupantes de cargos de confiança que vacilassem, inclusive os que havia mantido a pedido de seus apoiadores na campanha eleitoral de 1927.
Graciliano determinou a limpeza de ruas e logradouros públicos, onde proliferavam animais vadios, lixo acumulado, lama e detritos. Os donos de cães e porcos, acostumados a deixá-los à solta, tomaram um susto quando os animais começaram a ser recolhidos. Mas resistiram, libertando novamente os animais. O prefeito ordenou que todos os bichos encontrados nas ruas fossem mortos, e que se multasse quem reincidisse. Ao saber que Sebastião Ramos não acatara a ordem, mandou o fiscal multá-lo. Magoado, o pai teve de ouvir uma admoestação:
– Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa. Mas terei de apreender seus animais toda vez que o senhor os deixar na rua.
Em uma cidade de hábitos arraigados, essas ações moralizadoras despertaram logo lamúrias e incompreensões. Em carta à sua mulher, Heloísa de Medeiros Ramos, que se encontrava em Maceió, queixou-se dos dissabores:
“Para os cargos de administração municipal escolhem de preferência os imbecis e os gatunos. Eu, que não sou gatuno, que tenho na cabeça uns parafusos de menos, mas não sou imbecil, não dou para o ofício e qualquer dia renuncio”.
Até cartas anônimas com ameaças foram colocadas embaixo da porta da loja Sincera. Mas ele não cedeu às pressões. Sua firmeza foi colocada à prova durante a construção da Estrada para Palmeira de Fora. Os operários esbarraram na disposição de um fazendeiro de não permitir obras em suas terras. O prefeito compareceu ao local e mandou cortar as roças de milho. De nada valeram os protestos do latifundiário.
– Seu milho ia dar aqui a noventa dias, mas o senhor já o colheu agora. Vá à prefeitura receber o seu dinheiro.
Se de um lado a sua postura desassombrada contrariava interesses sedimentados, por outro ganhava a simpatia da gente comum, pelas obras realizadas. Construiu três escolas nos povoados de Serra da Mandioca, Anum e Canafístula; abriu um posto de saúde; acabou com a imundície provocada pelo abate de gado miúdo no pátio da feira, instalando um abatedouro na cidade; aterrou a área que separava a cidade do bairro da Lagoa, facilitando a locomoção da periferia ao centro.
Um de seus orgulhos era a estrada ligando o centro do município a Palmeira de Fora, com oito metros de largura. Ao deixar a prefeitura, entregou trinta dos setenta quilômetros do prolongamento até Santana do Ipanema. Mesmo sem ter completado o projeto, calou a boca da oposição ao apresentar o balanço dos gastos: enquanto o Estado gastava, por quilômetro construído, quatro contos de réis, ele fazia a estrada – com as mesmas dimensões – investindo apenas a metade.
Com os presos da cadeia pública, não seria menos rigoroso. Para acabar com a ociosidade no xadrez, decidiu convocá-los para trabalhar na estrada de Palmeira de Fora para Santana do Ipanema. “Eu prendia os vagabundos, obrigava-os a trabalhar. E consegui fazer um pedaço de estrada e uma terraplenagem difícil”, contaria ele em 1948.
As atitudes decididas davam-lhe credibilidade junto à população mais pobre, que simpatizava com seu modo de administrar informal e pela acolhida aos pleitos apresentados. Saía cedo para vistoriar obras; recebia qualquer pessoa em seu gabinete, sem hora marcada; e mantinha o hábito de conversar com amigos e antigos frequentadores da sua loja de tecidos Sincera.
O clímax do mandato foram os dois relatórios de prestações de contas que Graciliano enviou, nos meses de janeiro de 1929 e 1930, ao governador de Alagoas, Álvaro Paes. Em nada reproduziam os sonolentos documentos do gênero. Com ousadia estilística, Graciliano apoiava-se em linguagem coloquial e envolvente, com ironia às vezes corrosiva, e sempre “traído” pelo talento literário na construção de imagens. Ao mesmo tempo, era conciso e convincente na descrição de providências, resultados e dificuldades, como neste parágrafo do segundo relatório:
“Arrecadei mais de dois contos de réis de multas. (…) As infrações que produziram soma considerável para um orçamento exíguo referem-se a prejuízos individuais e foram denunciadas pelas pessoas ofendidas, de ordinário gente miúda, habituada a sofrer a opressão dos que vão trepando. Esforcei-me por não cometer injustiças. Isto não obstante, atiraram as multas contra mim como arma política. Com inabilidade infantil, de resto. Se eu deixasse em paz o proprietário que abre as cercas de um desgraçado agricultor e lhe transforma em pasto a lavoura, devia enforcar-me.”
Depois de sublinhar que as finanças estavam saneadas e a arrecadação crescera 50%, indicou avanços consideráveis em outros setores:
“Favoreci a agricultura livrando-a dos bichos criados à toa; ataquei as patifarias dos pequeninos senhores feudais, exploradores da canalha; suprimi, nas questões rurais, a presença de certos intermediários, que estragavam tudo; facilitei o transporte; estimulei as relações entre o produtor e o consumidor, Estabeleci feiras em cinco aldeias. 1:156$750 foram-se em reparos nas ruas de Palmeira de Fora. Canafístula era um chiqueiro. Encontrei lá o ano passado mais de cem porcos misturados com gente. Nunca vi tanto porco. Desapareceram. E a povoação está quase limpa. Tem mercado semanal, estrada de rodagem e uma escola.”
Como se não bastassem os embates para dignificar a gestão pública, Graciliano concluiu o segundo ano de mandato enfrentando problemas com a loja Sincera. A crise de 1929 arrastara o país à bancarrota, fazendo ruir os alicerces da economia cafeeira. Em Palmeira dos Índios, as colheitas quebraram, as mercadorias sumiram das prateleiras das lojas que não tinham como repô-las, o poder aquisitivo diminuíra a olhos vistos. A Sincera naufragava em dívidas. As agruras financeiras acumulavam-se na medida em que ele ganhava subsídios simbólicos como prefeito e não se locupletava com a corrupção.
Em março de 1930, o governador Álvaro Paes, seu amigo, convidou-o a assumir a direção da Imprensa Oficial do Estado, em Maceió. Desde que lera o primeiro relatório, Paes tencionava chamá-lo para colaborar com seu governo, impressionado com a austeridade à frente da prefeitura.
Pelo estilo inusitado, a primeira prestação de contas de Graciliano, publicada no Diário Oficial, causaria sensação. Para o Jornal de Alagoas, tratava-se de “documento dos mais expressivos e interessantes”. Em uma reação em cadeia, outros periódicos alagoanos – O Semeador e o Correio da Pedra – o transcreveram. Os ecos chegaram ao Rio de Janeiro. O Jornal do Brasil e A Esquerda publicaram trechos, chamando a atenção do editor e poeta Augusto Frederico Schmidt para o escritor que se ocultava por trás do prefeito interiorano. Schimidt acabaria publicando o primeiro romance de Graciliano, Caetés, em 1933.
O segundo relatório, também noticiado em jornais de Maceió e do Rio, foi publicado no Diário Oficial com uma mensagem de louvor do governador: “A administração de Palmeira dos Índios continua a oferecer um exemplo de trabalho e honestidade, que coloca o município em uma situação de destaque”.
Graciliano aceitou o convite de Álvaro Paes, renunciando à Prefeitura de Palmeira dos Índios em 30 de abril de 1930. “Houve quem tivesse comemorado a sua saída. Eram pessoas que tiveram interesses contrariados, porque ele não fazia cambalachos, nem dispensava multa de ninguém”, relembraria um dos mais antigos moradores da cidade, José Tobias de Almeida.
Em questão de semanas, Graciliano liquidou o estoque para fazer caixa e vendeu a loja. Dos vinte contos de réis arrecadados, dezoito foram para pagar as dívidas. Empobrecera nos 27 meses como prefeito."
Graciliano Ramos nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na Vila de Victória (Quebrangulo), em Alagoas; filho primogênito do casal Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferreira Ferro. No dia 13 de junho de 1895, o coronel Sebastião Ramos de Oliveira, decidiu ir morar com a família em Pedra de Buíque, pequeno povoado do agreste de Pernambuco.
Apesar de ser uma região muito próspera, o coronel e sua esposa decidiram se mudar outra vez. Em novembro de 1899, a família Ramos foi morar na cidade alagoana de Assembléia(Viçosa).
No dia 01 de fevereiro de 1906, quando já morava em Maceió,o futuro escritor passa a ser correspondente do periódico “Echo Viçosense”, de publicação bimensal.Infelizmente este jornal teve vida curta, pois no dia 15 de abril de 1906 circulou pela última vez. Ainda neste mesmo ano, foi publicado na revista carioca “O Malho”, sonetos de Graciliano, que utilizou, para tanto, o pseudônimo Feliciano Oliveira.
No dia 10 de fevereiro de 1909, Graciliano Ramos de Oliveira, na época com 17 anos, começa a colaborar com o “Jornal de Alagoas”, sediado em Maceió, mas com outro pseudônimo: Almeida Cunha. Outros pseudônimos foram utilizados pelo escritor neste matutino, tais como: S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambada.
Ao completar 18 anos, no dia 27 de outubro de 1910, Graciliano Ramos vem morar em Palmeira dos Índios, adotando definitivamente a Princesa do Sertão como sua nova terra natal. Apaixonou-se por ela. Foi nesta cidade que ele conheceu uma bonita senhorinha,de cabelos aloirados, simpática, de nome Maria Augusta deBarros, sobrinha do futuro e ex-prefeito Antônio Augusto de Barros. Era uma moça pobre, o que levou seu pai a relutar quanto ao possível namoro dos dois.
Pressionado por seu pai, Graciliano viajou no dia 27 de agosto de 1914 para a cidade do Rio de Janeiro. Chegando à capital do Brasil, começou a trabalhar como revisor nos seguintes jornais cariocas: “Correia da Manhã”, “A Tarde” e “O Século”. Colaborou, simultaneamente, com o periódico fluminense “Paraíba do Sul” e como correspondente para o “Jornal de Alagoas”, sob as iniciais RO (Ramos de Oliveira), cujas crônicas estão inseridas no volume “Linhas Tortas”, exceto o artigo “Coisas do Rio”.
Em setembro de 1915, Graciliano regressa a Palmeira dos Índios, quando soube do súbito falecimento de três irmãos e um sobrinho, vítimas de um grande e terrível surte de Peste Bubônica. Ao chegar, tomou conhecimento que Maria Augusta de Barros tinha sido muito dedicada no tratamento de seus familiares, sem demonstrar nenhum receio de contrair a doença.
Maria Augusta se agigantava diante de seus olhos como a companheira ideal. Se ela fora capaz de tanto heroísmo ao tratar de seus familiares, muito melhor seria como esposa e mãe dos seus futuros filhos.
O casamento civil dos dois aconteceu no dia 21 de outubro de 1915. Só algum tempo depois é que Graciliano Ramos, vencido pelos argumentos da família, concordou em casar eclesiasticamente sob as bênçãos da Igreja Católica. Do casal nasceram quatro filhos: Múcio, Márcio, Júnior e Maria Augusta.
Maria Augusta de Barros Ramos viveu somente cinco anos na companhia do escritor, pois faleceu no parto de sua filha, no dia 23 de novembro de 1920, em sua própria casa, localizada na Rua de Baixo atual Major Cícero de Góis Monteiro). Deixou-o viúvo e com quatro filhos para criar.
Em 1916, o Governo Federal instala na cidade de Palmeira dos Índios o Tiro de Guerra Nº 384, quando assentaram praça 120 jovens palmeirenses. Dentre eles estava o escritor Graciliano Ramos de Oliveira.
No dia 30 de abril de 1917, Graciliano Ramos comprou de seu pai a Loja Sincera, estabelecimento comercial localizado no antigo quadro da Intendência (atual Praça da Independência).
O padre Francisco Xavier de Macedo, homem polivalente da Igreja Católica, decidiu criar um hebdomadário em Palmeira dos Índios, e deu-lhe o nome de “O Índio”, cuja primeira edição circulou no dia 30 de janeiro de 1921. O escritor Graciliano Ramos, que há cinco anos não escrevia, foi um dos primeiros colaboradores deste semanário, fazendo ainda uso dos pseudônimos e expressando sua profunda revolta contra as injustiças sociais.
Ele começou a escrever seu primeiro romance (Caetés) em 1925, concluindo-o em 1928. O livro conta episódios, em grande parte, acontecidos em Palmeira dos Índios. O romance obteve retumbante sucesso entre milhões de leitores espalhados pelo Brasil e pelo Mundo.
Destacadas lideranças do município concordaram em apresentar o escritor para disputar o mandato de prefeito, por ocasião da eleição de 07 de setembro de 1927. O romancista foi indicado, não por causa do seu prestígio político, mas por ser homem sério e honesto, um “sangue novo” para extinguir alguns vícios da administração pública.
Tomou posse no dia 07 de janeiro de 1928, juntamente com seu companheiro e vice, comerciante José Alcides de Moraes, na Prefeitura Municipal de Palmeira dos Índios.
A administração de Graciliano Ramos foi muito dura, chegando inclusive a obrigar um fiscal da Prefeitura a multar seu próprio pai. O Conselho Municipal aprovou a Resolução Nº 179 de 22 de agosto de 1928, a qual ditava o novo Código de Postura Municipal.
No dia 12 de junho de 1928, o palmeirense Álvaro Correia Paes assumiu o governo de Alagoas. Porém, não chegou a terminar o mandato em virtude da Revolução de 1930.
Com a renúncia do Prefeito Graciliano Ramos de Oliveira, no dia 10 de abril de 1930, que aceitou o convite do palmeirense e Governador do Estado de Alagoas, Álvaro Correia Paes, para assumir o cargo de Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Alagoas, entregando a Loja Sincera aos cuidados dos filhos e aos empregados de confiança, ele se dedicou inteiramente à administração pública.
Num dia de festa das nove noites (Festa da Padroeira, que ia de 23 a 31 de dezembro de cada ano), o escritor Graciliano Ramos viu uma linda senhorinha, que depois veio saber que era hóspede do vigário Francisco Xavier de Macedo: Heloísa Medeiros.
Um ou dois dias depois, Graciliano volta a encontrá-la na antiga Rua da Pitombeira (atual Manoel Gomes). Sob a copa da árvore frutífera que deu nome ao logradouro público, pediu-a em casamento, de maneira inusitada e decidida: “Heloísa, em seu lugar não aceitaria. Acontece que não depende de você. Eu quero. Eu exijo. Ou você aceita ou me arraso”.
No dia 16 de fevereiro de 1928, Graciliano Ramos se casa eclesiasticamente com sua prima Heloísa Medeiros, suas segundas núpcias, na cidade de Maceió. O casamento civil aconteceu quatro dias depois em Palmeira dos Índios.
Graciliano se tornou conhecido nacionalmente através dos seus dois famosos relatórios (10/01/1929 e 11/01/1930), onde ele procurava relatar ao governador Álvaro Correia Paes como tinha sido a sua administração a cada ano e fazia a prestação de como havia gastado o dinheiro do contribuinte. Tais relatórios foram parar nas mãos do editor Schmidt nos princípios de 1930. Quando os leu, ele afirmou que o prefeito deveria ter um ou mais livro em sua gaveta a publicar. Ele não se enganou, o romance Caetés já tinha sido concluído.
Quando renunciou o mandato de prefeito, Graciliano e toda a sua família foram morar em Maceió, em 29 de maio de 1930. Além de ocupar o cargo de Diretor da Imprensa Oficial do Estado de Alagoas, o escritor passa a colaborar com vários jornais, assinando alguns artigos com o pseudônimo Lúcio Guedes. Em dezembro de 1931, Graciliano Ramos se demite do cargo de Diretor e retorna a Palmeira dos Índios nos primeiros dias de 1932. Com aprovação do vigário Padre Francisco Xavier de Macedo, ele abre na sacristia uma pequena escola e, nas horas vagas, escreve os dezenove primeiros capítulos do seu segundo romance São Bernardo.
Do seu segundo casamento com Heloísa, Graciliano teve os seguintes filhos: Luíza, Clara (Clarita) Ricardo e Roberto Medeiros Ramos, que veio a falecer. Em abril de 1932, por motivo de doença grave, o escritor Graciliano Ramos se internou no Hospital de São Vicente (Santa Casa de Misericórdia), onde sofreu uma intervenção cirúrgica e foi se convalescer na casa de seu sogro, Américo Medeiros, permanecendo até o dia 29 de junho, quando retornou a Palmeira dos Índios.
No dia 18 de janeiro de 1933, Graciliano Ramos de Oliveira foi nomeado Diretor da Instrução Pública de Alagoas, passando, outra vez, a residir com a família na capital alagoana. Ingressa neste mesmo ano como redator do Jornal de Alagoas, onde publicou vários artigos.
No final do ano é publicado seu 1º romance “Caetés”, na cidade do Rio de Janeiro, pelo editor Schmidt. E, foi no Jornal de Alagoas, na edição do dia 17 de janeiro de 1934, que noticia a publicação de “Caetés”.
Já em 18 de novembro de 1934, em Palmeira dos Índios, falecia seu querido pai, o coronel Sebastião Ramos de Oliveira. Esta foi a última vez que Graciliano veio a Palmeira dos Índios. Ainda em 1934, é lançado pela Editora Ariel, do Rio de Janeiro, seu segundo romance: “São Bernardo”.
Em 1936, a carreira de Graciliano é interrompida de maneira trágica. Ele é preso em Maceió, acusado de pertencer ao proscrito Partido Comunista. Sem nenhum processo judicial, é enviado ao Recife/PE, onde depois de alguns dias é embarcado, juntamente com outros 115 presos, para a cidade do Rio de Janeiro. Viviam-se os tempos da ditadura de Getúlio Vargas.
Paralelamente, no dia 03 de março de 1936, era lançado na cidade maravilhosa, pela Editora José Olímpio, seu terceiro romance, “Angústia”, que veio obter, em setembro deste mesmo ano, o prêmio “Lima Barreto” da Revista Acadêmica.
No dia 13 de janeiro de 1937, Graciliano Ramos é libertado por interferência de amigos, entre os quais o paraibano José Lins do Rego. Ao sair da prisão, o escritor decide ficar morando, definitivamente, no Rio de Janeiro, onde, em abril desse mesmo ano, ganha o prêmio “Literatura Infantil” do Ministério da Educação, com seu livro “A Terra dos Meninos Pelados”.
Um dos mais famosos e conhecidos romances do escritor Graciliano Ramos vem surgir em 1938, no Rio de Janeiro, e é intitulado de “Vidas Secas”, também publicadas pela Editora José Olímpio. Este clássico da literatura brasileira foi levado ao cinema em 1963, numa produção de Nelson Pereira dos Santos, filmado no povoado de Minador do Negrão, em Palmeira dos Índios, obtendo prêmios. Em agosto de 1939, o romancista Graciliano Ramos de Oliveira é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro e publica o livro “A Terra dos Meninos Pelados”, em Porto Alegre, pela livraria “O Globo”.
Em março de 1941, inicia a publicação de uma série de crônicas “Quadros e Costumes do Nordeste”, depois incluídas no livro “Viventes das Alagoas”, com exceção da crônica “Uma Visita Inconveniente”.
No dia 27 de outubro de 1942, ao completar 50 anos de idade, Graciliano Ramos recebeu o prêmio “Felipe de Oliveira” pelo conjunto de suas obras. Neste mesmo ano foi publicado pela Livraria Martins, de São Paulo, o romance “Brandão entre o Mar e o Amor”, escrito em parceria com os escritores Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Raquel de Queiroz. Coube ao escritor Graciliano escrever a terceira parte deste romance intitulada “Mário”.
Em 1943, o mestre Graça foi homenageado com uma coletânea, que recebeu o título “Homenagens a Graciliano”, onde estão reunidas artigos, discursos e opiniões sobre a comemoração do seu cinqüentenário.
No dia 04 de setembro de 1943, em Palmeira dos Índios, falecia sua mãe, dona Maria Amália Ferro Ramos.
Em 1944, surgiu no Uruguai a edição do livro “Angústia”, sua primeira obra traduzida.
Graciliano entrega ao seu fiel público o livro “Histórias de Alexandre”, reunindo as fanfarrices de um típico mentiroso, anos mais tarde aproveitadas pelo humorista Chico Anísio no personagem “Pantaleão”. Este livro infantil foi publicado pela Editora Leitura, sediada no Rio de Janeiro e reeditado em 1960, com o título “Alexandre e outros heróis”.
Graciliano Ramos de Oliveira, em 1945, ingressa definitivamente no Partido Comunista e publica os livros “Infância” (Memórias), pela Editora José Olímpio e “Dois Dedos” (Contos), pela Revista Acadêmica do Rio de Janeiro. Neste mesmo ano era lançada a rádio-novela “São Bernardo”, transmitida pela Rádio Globo (Rio de Janeiro) e anos depois reprisada pela Rádio Jornal do Comércio (Pernambuco). Em 1946, o escritor alagoano publica em Porto Alegre/RS, pela Editora Globo, a obra “Histórias Incompletas”, onde reunia os contos “Dois Dedos”, o inédito “Luciana”, três capítulos de “Vidas Secas” e quatro de “Infância”.
“Insônia” foi publicada em 1947, no Rio de Janeiro, pela Editora José Olympio, obra em que Graciliano Ramos quebra a tradição do conto narrativo, até então predominante na literatura regional, e faz nela uma literatura introspectiva, para melhor situar a vida interior e dos personagens. Paralelamente, era publicado na Argentina, o romance “Infância”, a primeira tradução desta obra. Em 1950, Graça traduz o romance “A Peste”, do francês Albert Camus, lançado pela Editora José Olímpio.
No dia 31 de março de 1951, Graciliano Ramos foi eleito presidente da Associação Brasileira dos Escritores, tomando posse a 26 de abril do mesmo ano. Seria reeleito em 1952 e, neste ano, a Editora Vitória, do Rio de Janeiro publica “Sete Histórias Verdadeiras”, extraídas das “Histórias de Alexandre”.
O escritor palmeirense Graciliano Ramos de Oliveira faz a sua primeira viagem ao exterior no dia 21 de abril de 1952. Nela, Graça visita a União Soviética, a Tcheco-Eslováquia, França e Portugal. As impressões que ele teve dos dois primeiros países visitados figuram no livro “Viagem”, publicada postumamente em 1954. Regressou ao Brasil no dia 16 de junho daquele mesmo ano, bastante doente.
No dia 13 de setembro de 1952, gravemente enfermo, Graciliano Ramos viaja a Buenos Aires, na Argentina, em busca de melhores tratamentos médicos. Lá, é submetido a uma intervenção cirúrgica. Regressou ao Rio de Janeiro no dia 05 de outubro deste mesmo ano, desenganado pelos médicos.
Na passagem do seu sexagenário, no dia 27 de outubro de 1952, Graciliano Ramos recebeu uma merecida homenagem de amigos e admiradores no São Nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, numa sessão presidida por Peregrino Júnior, membro da Academia Brasileira de Letras. Em nome do homenageado que se achava enfermo, agradeceu sua filha Clarita Ramos.
Graciliano Ramos foi internado às pressas no dia 25 de janeiro de 1953, na Casa de Saúde e Maternidade São Victor, na praia de Botafogo, no Rio de Janeiro.
No dia 20 de março, faleceu o escritor, que em uma de suas entrevistas afirmou que queria ter nascido em Palmeira dos Índios, pois foi nela que se consolidou a inspiração pela literatura e conheceu o amor. O fato aconteceu as 05h35, uma sexta-feira, com 60 anos e alguns meses, em Bangu, Rio de Janeiro, na rua que hoje recebe o seu nome. Seu sepultamento aconteceu no dia 21, no Cemitério de São João Batista, saindo o féretro da Câmara Municipal do Rio de Janeiro (Palácio Pedro Ernesto).
No dia 05 de outubro de 1973, sua última residência, situada na Rua José Pinto de Barros, em Palmeira dos Índios, foi tombada pelo patrimônio histórico do Brasil, e o governador Afrânio Lages entregou para seus admiradores a Casa Museu Graciliano Ramos, onde são encontrados objetos de uso pessoal, livros, reportagens, artigos de jornais, revistas, crônicas, críticas, traduções e edições estrangeiras deste homem considerado o maior romancista brasileiro. Essa casa foi reconhecida como patrimônio nacional, em 20 de abril de 1965, elevando o imóvel ao nível de monumento nacional. Ela foi aberta ao público no dia 01 de junho de 1973 e o seu auditório foi inaugurado em 1988. Este trabalho de reconhecimento foi fruto do escritor Valdemar de Souza Lima.



Graciliano Ramos

"Começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas
com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos
estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei,
ainda nos podemos mexer"
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Graciliano Ramos
nasceu no dia 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, sertão de Alagoas, filho primogênito dos dezesseis que teriam seus pais, Sebastião Ramos de Oliveira e Maria Amélia Ferro Ramos. Viveu sua infância nas cidades de Viçosa, Palmeira dos Índios (AL) e Buíque (PE), sob o regime das secas e das suas que lhe eram aplicadas por seu pai, o que o fez alimentar, desde cedo, a idéia de que todas as relações humanas são regidas pela violência. Em seu livro autobiográfico "Infância", assim se referia a seus pais: "Um homem sério, de testa larga (...), dentes fortes, queixo rijo, fala tremenda; uma senhora enfezada, agressiva, ranzinza (...), olhos maus que em momentos de cólera se inflamavam com um brilho de loucura".

Em 1894, a família muda-se para Buíque (PE), onde o escritor tem contacto com as primeiras letras.

Em 1904, retornam ao Estado de Alagoas, indo morara em Viçosa. Lá, Graciliano cria um jornalzinho dedicado às crianças, o "Dilúculo". Posteriormente, redige o jornal "Echo Viçosense", que tinha entre seus redatores seu mentor intelectual, Mário Venâncio.

Em 1905 vai para Maceió, onde freqüenta, por pouco tempo, o Colégio Quinze de Março, dirigido pelo professor Agnelo Marques Barbosa.

Com o suicídio de Mário Venâncio, em fevereiro de 1906, o "Echo" deixa de circular. Graciliano publica na revista carioca "O Malho" sonetos sob o pseudônimo de Feliciano de Olivença.

Em 1909, passa a colaborar com o "Jornal de Alagoas", de Maceió, publicando o soneto "Céptico" sob o pseudônimo de Almeida Cunha. Até 1913, nesse jornal, usa outros pseudônimos: S. de Almeida Cunha, Soares de Almeida Cunha e Lambda, este usado em trabalhos de prosa. Até 1915 colabora com "O Malho", usando alguns dos pseudônimos citados e o de Soeiro Lobato.

Em 1910, responde a inquérito literário movido pelo Jornal de Alagoas, de Maceió. Em outubro, muda-se para Palmeira dos Índios, onde passa a residir.

Passa a colaborar com o "Correio de Maceió", em 1911, sob o pseudônimo de Soares Lobato.

Em 1914, embarca para o Rio de Janeiro (RJ) no vapor Itassuoê. Nesse ano e parte do ano seguinte, trabalha como revisor de provas tipográficas nos jornais cariocas "Correio da Manhã", "A Tarde" e "O Século". Colaborando com o "Jornal de Alagoas" e com o fluminense "Paraíba do Sul", sob as iniciais R.O. (Ramos de Oliveira). Volta a Palmeira dos Índios, em meados de 1915, onde trabalha como jornalista e comerciante. Casa-se com Maria Augusta Ramos.

Sua esposa falece em 1920, deixando quatro filhos menores.

Em 1927, é eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, cargo no qual é empossado em 1928. Ao escrever o seu primeiro relatório ao governador Álvaro Paes, “um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928”, publicado pela Imprensa Oficial de Alagoas em 1929, a verve do escritor se revela ao abordar assuntos rotineiros de uma administração municipal. No ano seguinte, 1930, volta o então prefeito Graciliano Ramos com um novo relatório ao governador que, ainda em nossos dias, não se pode ler sem um sorriso nos lábios, tal a forma sui generis em que é apresentado. Dois anos depois, renuncia ao cargo de prefeito e se muda para a cidade de Maceió, onde é nomeado diretor da Imprensa Oficial. Casa-se com Heloisa Medeiros. Colabora com jornais usando o pseudônimo de Lúcio Guedes.

Demite-se do cargo de diretor da Imprensa Oficial e volta a Palmeira dos Índios, onde funda urna escola no interior da sacristia da igreja Matriz e inicia os primeiros capítulos do romance São Bernardo.

O ano de 1933 marca o lançamento de seu primeiro livro, "Caetés", que já trazia consigo o pessimismo que marcou sua obra. Esse romance Graciliano vinha escrevendo desde 1925.

No ano seguinte, publica "São Bernardo". Falece seu pai, em Palmeira dos Índios.

Em março de 1936, acusado — sem que a acusação fosse formalizada — de ter conspirado no malsucedido levante comunista de novembro de 1935, é demitido, preso em Maceió e enviado a Recife, onde é embarcado com destino ao Rio de Janeiro no navio "Manaus". com outros 115 presos. O país estava sob a ditadura de Vargas e do poderoso coronel Filinto Müller. No período em que esteve preso no Rio, até janeiro de 1937, passou pelo Pavilhão dos Primários da Casa de Detenção, pela Colônia Correcional de Dois Rios (na Ilha Grande), voltou à Casa de Detenção e, por fim, pela Sala da Capela de Correção.  Seu livro "Angústia" é lançado no mês de agosto daquele ano. Esse romance é agraciado, nesse mesmo ano, com o prêmio "Lima Barreto", concedido pela "Revista Acadêmica".

Foi libertado e passou a trabalhar como copidesque em jornais do Rio de Janeiro, em 1937. Em maio, a "Revista Acadêmica" dedica-lhe uma edição especial, de número 27 - ano III, com treze artigos sobre o autor. Recebe o prêmio "Literatura Infantil", do Ministério da Educação", com "A terra dos meninos pelados."

Em 1938, publica seu famoso romance "Vidas secas". No ano seguinte é nomeado Inspetor Federal do Ensino Secundário no Rio de Janeiro.

Em 1940, freqüenta assiduamente a sede da revista "Diretrizes", junto de Álvaro Moreira, Joel Silveira, José Lins do Rego e outros "conhecidos comunistas e elementos de esquerda", como consta de sua ficha na polícia política. Traduz "Memórias de um negro", do americano Booker T. Washington, publicado pela Editora Nacional, S. Paulo.

Publica uma série de crônicas sob o título "Quadros e Costumes do Nordeste" na revista "Política", do Rio de Janeiro.

Em 1942, recebe o prêmio "Felipe de Oliveira" pelo conjunto de sua obra, por ocasião do jantar comemorativo a seus 50 anos. O romance "Brandão entre o mar e o amor", escrito em parceria com Jorge Amado, José Lins do Rego, Aníbal Machado e Rachel de Queiroz é publicado pela Livraria Martins, S. Paulo.

Em 1943, falece sua mãe em Palmeira dos Índios.

Lança, em 1944, o livro de literatura infantil "Histórias de Alexandre". Seu livro "Angústia" é publicado no Uruguai.

Filia-se ao Partido Comunista, em 1945, ano em que são lançados "Dois dedos" e o livro de memórias "Infância".

O escritor Antônio Cândido publica, nessa época, uma série de cinco artigos sobre a obra de Graciliano no jornal "Diário de São Paulo", que o autor responde por carta. Esse material transformou-se no livro "Ficção e Confissão".

Em 1946, publica "Histórias incompletas", que reúne os contos de "Dois dedos", o conto inédito "Luciana", três capítulos de "Vidas secas" e quatro capítulos de "Infância".

Os contos de "Insônia" são publicados em 1947.

O livro "Infância" é publicado no Uruguai, em 1948.

Traduz, em 1950, o famoso romance "A Peste", de Albert Camus, cujo lançamento se dá nesse mesmo ano pela José Olympio.

Em 1951, elege-se presidente da Associação Brasileira de Escritores, tendo sido reeleito em 1962. O livro "Sete histórias verdadeiras", extraídas do livro "Histórias de Alexandre", é publicado.

Em abril de 1952, viaja em companhia de sua segunda esposa, Heloísa Medeiros Ramos, à Tcheco-Eslováquia e Rússia, onde teve alguns de seus romances traduzidos. Visita, também, a França e Portugal. Ao retornar, em 16 de junho, já enfermo, decide ir a Buenos Aires, Argentina, onde se submete a tratamento de pulmão, em setembro daquele ano. É operado, mas os médicos não lhe dão muito tempo de vida. A passagem de seus sessenta anos é lembrada em sessão solene no salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, em sessão presidida por Peregrino Júnior, da Academia Brasileira de Letras. Sobre sua obra e sua personalidade falaram Jorge Amado, Peregrino Júnior, Miécio Tati, Heraldo Bruno, José Lins do Rego e outros. Em seu nome, falou sua filha Clara Ramos.

No janeiro ano seguinte, 1953, é internado na Casa de Saúde e Maternidade S. Vitor, onde vem a falecer, vitimado pelo câncer, no dia 20 de março, às 5:35 horas de uma sexta-feira. É publicado o livro "Memórias do cárcere", que Graciliano não chegou a concluir, tendo ficado sem o capítulo final.

Postumamente, são publicados os seguintes livros: "Viagem", 1954, "Linhas tortas", "Viventes das Alagoas" e "Alexandre e outros heróis", em 1962, e "Cartas", 1980, uma reunião de sua correspondência.

Seus livros "São Bernardo" e "Insônia" são publicados em Portugal, em 1957 e 1962, respectivamente. O livro "Vidas secas" recebe o prêmio "Fundação William Faulkner", na Virginia, USA.

Em 1963, o 10º aniversário da morte de Mestre Graça, como era chamado pelos amigos, é lembrado com as exposições "Retrospectiva das Obras de Graciliano Ramos", em Curitiba (PR), e "Exposição Graciliano Ramos", realizada pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Em 1965, seu romance "Caetés" é publicado em Portugal.

Seus livros "Vidas secas" e "Memórias do cárcere" são adaptados para o cinema por Nelson Pereira dos Santos, em 1963 e 1983, respectivamente. O filme "Vidas secas"  obtem os prêmios "Catholique International du Cinema" e "Ciudad de Valladolid" (Espanha). Leon Hirszman dirige "São Bernardo", em 1980.

Em 1970, "Memórias do cárcere" é publicado em Portugal.
Bibliografia:
- Caetés - romance

- São Bernardo - romance

- Angústia - romance

- Vidas secas - romance

- Infância - memórias

- Dois dedos - contos

- Insônia - contos

- Memórias do cárcere - memórias

- Viagem - impressões sobre a Tcheco-Eslováquia e a URSS.

- Linhas tortas - crônicas

- Viventes das Alagoas - crônicas

- Alexandre e outros irmãos (Histórias de Alexandre, A terra dos meninos pelados e Pequena história da República).

- Cartas - correspondência pessoal.

Dados extraídos de livros do autor, internet e caderno "Mais!", da Folha de São Paulo, edição de 09/03/2003.

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