terça-feira, 24 de junho de 2014

Fragmentos do pensamento - Arrisete C. L. Costa

Fragmentos do pensamento

A “operação historiográfica” é construída e não esconde a sua artificialidade, é realizada pelo método de questionamento às avessas e pela intencionalidade histórica que possibilitarão a reconstrução analítica de “rastros”, “vestígios” ou “fragmentos do passado”. Ao fazer a reconstrução do passado a partir dos “rastros” "indícios", "vestígios", “ruínas”, “citações”, ou seja, “fragmentos do pensamento” que remetem aos recursos culturais que os homens/mulheres dispunham para organizar suas vidas, identidades, cumplicidades e resistências, o historiador – seja através de um procedimento metodológico comparativo do que é convergente e do que é irredutível a uma influência mais contextual, utiliza analogias que contribuem para preencher as lacunas do acontecimento que deseja reconstituir em sua totalidade. 
Os historiadores estão conscientes de que “as fontes documentais” são representações e que, por isso mesmo, o externo, o ocorrido, o desaparecido, é, por princípio, irrecuperável, mas não incognoscível, porque os “vestígios”, diz Carlo Ginzburg, inclusive “um só vestígio”, permite-nos, ao modo do investigador, do detetive, referir-se a este mundo extratextual, a essa presença que os céticos negam.

Sugestão de leituras:

GINZBURG, Carlo. Relações de força: história, retórica, prova. Trad. de Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SEVCENKO, Nicolau. “A força da história”. In: Folha de São Paulo. Jornal de Resenhas. Especial 5, Sab., 11 jan. 2003.

COSTA, Arrisete C. L. Uma biografia micro-histórica: Interpretação hermenêutica da narrativa na obra O Queijo e os Vermes - o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição, 1976, de Carlo Ginzburg. Tese (Doutorado em História). Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2007.

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