sexta-feira, 26 de setembro de 2014

II – ELEIÇÕES. A UTOPIA ALAGOAS 2ª Parte

II – ELEIÇÕES UTOPIA
“A minha geração chegou ao poder! Muito esperava dela, porém, resta-me uma grande e profunda frustração. Muitos foram sacrificados em nome de um ideal e de sonhos não concretizados. Os que chegaram ao poder frustraram-nos as esperanças. Os nossos mártires, se vivos fossem, estariam morrendo de vergonha. Afinal serviram apenas como “boi de piranha”!.” Sebastião Palmeira.
Assiste-se consciente e inconscientemente as mudanças inexoráveis do mundo do capital na era pós-moderna. Mudanças frenéticas que alteram mercados, vidas e cotidianos no mundo cada vez mais global. O que Sociólogo polonês Zygmunt Bauman chama de “Tempos Líquidos”. Ou, Eric J. Hobsbawm, de a “Era do Capital”. Concordando com Bauman, "vivemos tempos líquidos. Nada é para durar". Essa nova verdade de nossa era. Enquanto existe uma corrida mundial em brusca pelo conhecimento / tecnocientífico/ moeda, palavras como: energia renovável, reciclagem, matéria escura (energia escura), multiversos, conquista e colonização do espaço, nanotecnologia, carros movidos a ar comprimido, energia elétrica sem fio, implantes que aumentariam os sentidos e as capacidades humanas, vivenciamos aqui uma realidade arcaica, conservadora, excludente e desleal. Os políticos pensam no momento. A população deve pensar no futuro!
Mesmo sendo conscientes da “barbárie eleitoral” cíclica, e do “mercado livre de votos”, que encontra na miséria humana, no analfabetismo, e na ausência do aparelho estatal, fomentos de sua existência. Certa vez, ainda quando estudante de história na UFAL, o Professor Douglas Apratto, me dizia que a venda de votos em Alagoas está tão “naturalizada” no imaginário popular, que quando o eleitor vende seu voto, quer receber pontualmente. Caso não receba, imagina se dirigir a uma instancia da justiça como em uma relação de consumo protegida pela lei. Não sejamos tolos, o “comércio de votos”, que está ocorrendo escancaradamente, desvirtuando a “democracia liberal” capitalista. Estão vencendo os projetos que visam como prioridade manter, preservar e ampliar os interesses de poucos. Não seria nada estranho, nem absurdo de se ouvir e se presenciar, comentários a respeito do valor da “voto por cabeça”.
A corrupção Eleitoral é uma das nossas maiores piores chagas? Seria petulância, ousadia, coragem, ingenuidade, ou tolice de “cogitar” a existência de um submundo, que coexiste “harmonicamente” com o Estado Democrático de Direito? Existiria uma realidade “secreta” onde prevalece uma logica própria de “mercado do voto”? Existiria um sistema “metódico”, articulado e organizado no “mercado livre do voto”? Que se utilizaria da logica, de uma estatística, e sistemas administrativos / contábeis notáveis. Repleto de controle, precisão e organização do “capital eleitoral”?  Existira um “fluxograma” da “mais-valia do voto”? As velhas máximas da troca de favores, do tome-lá-dá-cá, do quero ocupar um cargo no poder, acarreta como efeito a submissão e passividade social? O caro leitor, que ainda está lendo, o presente esboço, imagina que é normal em qualquer Processo Eleitoral, que ocorram tentativas de compra de votos. Ou fenômenos como a improbidades, uso do dinheiro público para comprar o voto, infrações e ilegalidades. Cabe ao T.R.E. e as instancias estatais e da sociedade civil vencerem essa batalha.
A economista e Professora Luciana Caetano, certa vez, escreveu, sobre a corrupção em Alagoas. Fez uma comparação com uma doença degenerativa. Avançando ferozmente e destruindo vidas, esperanças, possibilidades e gerando prejuízos sociais incalculáveis. Ironiza, sugerindo que seria mais rentável, para quem dispõe de capital, “investir” na atividade política, do que montar uma empresa. Para tal argumento, convida os leitores a examinar a evolução patrimonial, de algumas figuras públicas, do antes e do depois da carreira política. Friamente, percebe que é mais “rentável” a atividade “representativa política” do que a empresarial em Alagoas.
O pensador italiano Norberto Bobbio afirma logo no inicio do “Dicionário de Política” que “a linguagem política é notoriamente ambígua. A maior parte dos termos usados no discurso político tem significados diversos”.
A cultura da dádiva seria o avesso da cidadania? A esse respeito Teresa Salles comenta sobre sua tese da cidadania concedida comentando: “A cultura política da dádiva sobreviveu ao domínio privado das fazendas e engenhos coloniais, sobreviveu à abolição da escravatura, expressou-se de uma forma peculiar no compromisso coronelista e chegou até nossos dias”. A realidade social é dura! Usando as velhas letras do clássico que marcaram minha adolescência, a Legião Urbana: “Quem me dera, ao menos uma vez, explicar o que ninguém consegue entender: Que o que aconteceu ainda está por vir. E o futuro não é mais como era antigamente”.
Defendo que todo postulante a um cargo eletivo, faça uma visita aos nossos serviços públicos, como o H.G.E. Para que possa sentir o cheiro da urina, das fezes dos doentes, ver as feridas abertas. Observar os amontoados de macas, acompanhar o cansaço dos profissionais da saúde. E, perceber nos olhos dos servidores a falta de perspectiva e de esperança. Observar nas filas, os idosos doentes esperando.  Assistir os ataques epiléticos, ou de quaisquer patologias, nos corredores dos atendimentos. Observar, muitas vezes, os profissionais “escolherem” quem vai ser salvar primeiro.  No tocante a educação. Salvaguardando poucas e raras ilhas de excelências, eu a percebo como um “exército batendo, em ordem de retirada”. De quando a sorte lhe é adversa. Uma classe que inconscientemente reconhece que perdeu a guerra, salarial, profissional, ideológica e sua esperança de redenção da sociedade. Uma das maiores categorias do trabalho, desunida, desarticulada e individualista. A politica existe ou para manter as desigualdades ou para mudar as coisas. Ter um projeto e tentar mudar.
Deixo aqui mais alguns questionamentos com a intenção de refletirmos sobre nosso destino.  Quem despertará os sonhos fundamentais utópicos do povo? O aparelho estatal deve estar a serviço do mercado ou do povo? Onde reside o clamor utópico do povo alagoano? Deixar de ser utópico é ser ajuizado? Deixar de sonhador é ser racional? Como sobreviver em meio a tanta insensibilidade e descaso? Quais os verdadeiros limites fiscais, contábeis, administrativos, políticos, organizacionais e gerenciais? Temos sim que ter os pés nós chão. Mas deve-se idealizar o futuro para as novas gerações. Alagoas tem de ser, o Estado potencia regional no futuro! Vamos esperar.



[1] Mestre em Administração na Universidad de la Empresa na República Oriental del Uruguay. Pós-graduado em História Contemporânea pelo CESMAC. Graduado em História pela Universidade Federal de Alagoas. Presidente e Fundador da Academia Portocalvense de História Letras e Artes Internacional – APHLA. Membro Honorário da Academia Maceioense de Letras. Funcionário Público. E-mail: jeffersonpalmeira@ymail.com

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