sábado, 6 de junho de 2015

A maldição do Teatro Deodoro

A maldição do Teatro Deodoro


Obra do Teatro 16 de setembro em plena praça Deodoro, depois demolido
Obra do Teatro 16 de setembro em plena praça Deodoro, depois demolido
Quando, em 1910, Gaston Leroux lançava em Paris uma das mais famosas novelas de todos os tempos, Le Fantôme de l’Opéra (O fantasma da ópera), jamais poderia imaginar que naquele mesmo ano, na distante Alagoas, estavam inaugurando um teatro que comprovaria a tese de que a realidade sempre surpreende a fantasia.
Na novela francesa é o fantasma Erik quem perturba a Ópera de Paris, enquanto que por aqui o problema é uma igreja não construída enterrada embaixo do Teatro Deodoro.
Construção do Teatro Deodoro em 1907
Construção do Teatro Deodoro em 1907
Uma pesquisa detalhada de Marcos Peixoto, publicada no site da instituição, nos revela os detalhes da “maldição”.
A primeira tentativa de se ter uma casa de espetáculos de grandes dimensões (para a época) em Maceió se deu em 1898, no governo de Manoel José Duarte, com o início da construção de um teatro no antigo Largo da Cotinguiba, também chamado Largo das Princesas, onde hoje fica a Praça Deodoro.
As obras do teatro, que deveria ser chamado Teatro 16 de Setembro, foram interrompidas e derrubaram tudo para a construção no local de um monumento equestre do proclamador da República.
Teatro Deodoro poucos anos após o fim da sua construção
Teatro Deodoro poucos anos após o fim da sua construção
Somente em 1905 é que o projeto volta a ser tocado, já no governo de Joaquim Paulo Vieira Malta, com o lançamento da pedra fundamental, desta feita no local onde hoje se encontra o Teatro Deodoro.
A construção foi tocada pelos mestres-de-obras Antônio Barreiros Filho e Oreste Scercoeli e durou cinco anos.
O projeto executado era do arquiteto Luiz Lucariny, que faleceu em 1909 sem ver sua obra terminada. Sua morte serviu para reforçar a ideia de que o Teatro era amaldiçoado e que desabaria no dia da sua inauguração.
Esses temores sugiram porque no local onde o Teatro foi erguido existia em construção uma igreja, que foi demolida contra a vontade de muitos religiosos.
Teatro Deodoro na década de 1910
Teatro Deodoro na década de 1910
No dia 15 de novembro de 1910, quando da inauguração do Teatro Deodoro com a presença do governador, muita gente ficou em casa com medo da profecia e não assistiu ao drama “Um Beijo”, da autoria do alagoano J. Britto, representado por Lucilla Péres e Antônio Ramos.
No salão Nobre do Teatro Deodoro já funcionaram a Biblioteca Pública, a Câmara dos Vereadores de Maceió e a Justiça Federal. Ali também aconteciam bailes oficiais da Intendência Municipal (hoje, Prefeitura de Maceió), os banquetes e recepções do Governo do Estado, dentre os quais foram oferecidos aos Presidentes da República Nilo Peçanha e Washigton Luiz

As restaurações

Não demorou e os efeitos da maldição corroeram o prédio, provocando uma rápida restauração em 1933, quando o estado era comandado pelo interventor Afonso de Carvalho.
Em 1946, após novas reformas, o Deodoro recebeu a visita do Teatro de Amadores de Pernambuco, que encenou “Primerose” de Cavaillet. Era Interventor Federal no Estado o Dr. Guedes de Miranda. Por carência de hotéis na época, o TAP foi hospedado em casas de famílias.
Teatro Deodoro na década de 1950
Teatro Deodoro na década de 1950
A terceira reforma, em 1954, foi forçada por um incêndio que destruiu os mais importantes trabalhos do cenógrafo italiano Orestes Scercoelli, inclusive o pano de boca original inspirado na cachoeira de Paulo Afonso. Foi reinaugurado em 1957.
Em 1975 houve mais uma reforma, mas a maldição não deixou o Teatro em paz. Em 1988 foi interditado e mergulhou numa das suas mais longas restaurações, passando dez anos fechado ao público, provocando prejuízos incalculáveis às artes cênicas alagoanas. Foi reaberto com estardalhaços em 1998.
No final de 2007, o Deodoro voltou a ser fechado para reformas, só reabrindo em setembro de 2010. Em janeiro de 2014, novamente o teatro é fechado para uma rápida reforma de dois meses, voltando a funcionar em março, quando recebeu a “Valsa nº 6” de Nelson Rodrigues.
O Complexo Cultural Teatro Deodoro é a obra mais recente da velha casa de espetáculos. Iniciada em 2011, com previsão de término para um ano, a ampliação do Teatro Deodoro também foi atingida pela maldição e só foi concluída em dezembro de 2014.
- See more at: http://www.historiadealagoas.com.br/a-maldicao-do-teatro-deodoro/#sthash.fzAOoNCz.dpuf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

“Viver é uma arte. E seu roteiro deve ser escrito pela sabedoria e pelo bom senso”. Dr. José Reginaldo de Melo Paes (medico, poeta, acadêmico alagoano)

  Dr. José Reginaldo de Melo Paes (medico, poeta, acadêmico alagoano) “Viver é uma arte. E seu roteiro deve ser escrito pela sabedoria e p...