HISTÓRICO DA CIDADE DE PORTO CALVO

HISTÓRICO DA CIDADE DE PORTO CALVO
PóRTO CALVO - AL








HISTóRICO- Notável por sua antigüidade e por suces­ sos famosos de que foi teatro sanguinolento durante a guerra e conquista dos batavos, foi também um dos primei­ ros lugares a ser habitado por colonos portuguêses trazidos a Pernambuco pelos primeiros donatário da antiga Capi­tania. Afirma Diégues Júnior ter sido Duarte Coelho I o descobridor de Pôrto Calvo quando percorreu a costa abaixo, "entrando nos portos todos de sua capitania". Para Alberto Rêgo Lins, o povoamento data de 1575, ano em que Jerônimo de Albuquerque substituiu no govêrno sua irmã, que havia falecido. Talvez a fundação do povoado venha de alguns anos antes, o que parece mais certo, pois, ao assumir o Govêrno, o segundo donatário, em 1560, orga­ nizou uma bandeira com êsse rumo, chefiada por Cristóvão Lins, que seria depois considerado o fundador do povoado. Cristóvão Lins percorreu então o litoral até ao cabo de Santo Agostinho expulsando os indígenas que aí viviam e assenhoreando-se de suas terras. Coube-lhe como prêmio, tôda a vasta extensão de terras da foz do Manguaba ao cabo de Santo Agostinho. Foi a sua sesmaria. Aí fundou uma igreja consagrada ao culto da Santa Virgem e levan­ tou sete engenhos de açúcar. Por seus serviços, conferiu­-lhe o Rei de Portugal o pôsto de Alcaide-mor de Pôrto Calvo. Pôsto intermediário onde estacionavam em suas jornadas de exploração por terra os que de Pernambuco se encaminhavam para a região austral da Capitania em demanda das povoações da Lagoa do Sul e do rio São Francisco, foram por ali fixando residência, de modo que pelos últimos decênios do século XVI já Pôrto Calvo era um pequeno povoado que foi aumentando progressivamente durante os primeiros 20 a 30 anos do, século XVII.




Quanto à origem do nome conta a lenda que, às mar­ gens do rio Manguaba, morava um velho que era calvo, sendo comum visitar-se o pôrto do calvo. Acredita-se ter vindo daí a denominação da localidade. Com a criação da vila, teve o nome de Bom Sucesso, como regozijo ao êxito alcançado pelas fôrças de Matias de Albuquerque contra os holandeses. Em algumas crônicas encontra-se a deno­ minação "Santo Antônio dos Quatro Rios", nome alusivo à invocação que teve a primeira capela que ali existiu e ao fato de achar-se o local circundado por quatro manan­ ciais de água doce. Entretanto essas denominações não conseguiram destruir a tradição, permanecendo Pôrto Calvo.

Em tôdas as épocas coube sempre a Pôrto Calvo papel saliente nos diversos acontecimentos sociais e políticos que aqui se desenrolaram. No dia 11 de outubro de 1633, as naus holandesas ferravam velas em Barra Grande, coman­ dadás por Lichtard. Os sucessos militares dos holandeses, no Estado de Alagoas, estenderam-se com alternativas de vitórias e derrotas, de 1633 a 1645, quando se deu a res­ tauração de Pôrto Calvo e Penedo. Os flamengos, levando à prisão Rodrigo de Barros Pimentel, senhor de engenho e dono de muitas terras, gado e escravos, e casado com

D. Jerônima de Almeida, da família nobilíssima, precipita­ ram os acontecimentos para a luta final. Pôrto Calvo trans­ forma-se em praça de guerra. Cristóvão Lins de Vascon­ celos (neto de Cristóvão Lins, que foi alcaide-mor de Pôrto Calvo) chefe do movimento, alia-se com Vasco Marinho Falcão, seu parente. Vem gente dos lugares vizinhos. Com dardos, espadas ferrugentas, paus tostados, facões, foices, arcos flechas, 4 mosquetes oxidados e 12 espingardas, diz Moreno Brandão, iniciou-se a luta. Assaltando um navio holandês que subia o rio Manguaba apreenderam os pa­ triotas munições e víveres. Põem cêrco à praça militar que capitula após 42 dias. "Era o fim. Calram Florins, coman­ dante holandês, vê, impando de ódio, arriar-se da adriça a bandeira de sua pátria e subir o pavilhão das quinas. Era o fim melancólico do poderio holandês na terra pôrto-cal­ vense. Foi assim em 17 de setembro de 1645". Vários vultos aí se imortalizaram, destacando-se entre outros Dom Antônio Felipe Camarão; sua espôsa D. Clara Camarão; Henrique Dias; Matias de Albuquerque; e Calabar, figura muito discutida e cuja atitude divide os historiadores em duas correntes. Acham uns que Calabar, deixando o acam­ pamento de Matias de Albuquerque pelo de Alexandre Picard, tinha em mira os interêsses do Brasil. Estando Por­ tugal na época sob o jugo espanhol, preferiu entregá-lo à Holanda. Alegam também que Calabar possuía três enge­ nhos de açúcar, sendo sua mãe, D. Ângela Álvares, senhora de fortuna, não sendo pois o dinheiro que o faria cometer traição . Dizem que, quando Pôrto Calvo estava cercado por soldados do general Matias de Albuquerque, no mo­ mento em que a fome e a sede abatiam a tropa, Calabar sacrificou-se pelos holandeses, entregando-se. Outros são de opinião ter sido Calabar um traidor, que se vendeu ao ini-
migo, e que pagou mais tarde com a vida e o esquarteja­ mento o preço do seu proceder.
Se no  século  XVII  o munic:ípio  fêz-se  notável  pela
parte que tomou na guerra com os holandeses, menos im­ portante não foi a que lhe coube; desempenhar no século XVII durante o período da destruição do célebre quilombo dos Palmares, pois era o centro das fôrças  expedicio­ nárias contra os negros. Figurou. igualmente nos aconte­ cimentos da Independência, na Sedição de 1824, na guerra dos Cabanas, de 1831 a 1834, na revolução Praieira de Pernambuco, em 1848 e 1849. Quando da restauração de Pernambuco, Cristóvão Lins de Vasconcelos, neto de Cris­ tóvão Lins, alcaide-mor  de  Pôrto  Calvo,  tomou  a  frente do movimento, concitando  seus  parentes  e  amigos  contra os intrusos. Sua valentia foi descrita no poema  "O Valo­ roso Lucidemo", de Frei Manoel do Salvador, do qual se transcreve  a seguinte  estrofe:






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