INGRATIDÃO
*Sebastião
José Palmeira.
A ingratidão é a ausência do
reconhecimento humano. Nada dói mais do que a ingratidão.
Conta-nos à história bíblica
que Jesus curou dez leprosos e apenas um voltou para agradecer. O mestre,
olhando-o perguntou-lhe:
Não foram dez os que curei?
Onde estão os outros? Tendo o agraciado respondido: senhor eles se foram.
Como se vê, até Jesus sentiu
a ingratidão humana. Há pessoas que só se lembram de pedir, jamais de
agradecer. Acham que tudo podem, tudo merecem e depois se esquecem. Seguem
indiferentes como os leprosos ingratos.
Certa feita lí que há
pessoas que guardam no inconsciente uma espécie de revolta contra aqueles que
as ajudaram. A tese causa espécie, mas para os que leram “Palavras Cínicas”, há um pouco de verdade
nessa afirmação. Existem pessoas que não admitem terem sido ajudadas. Chegam ao
topo da gloria e da fama e se pudessem queimariam a frágil e pequenina escada que um dia lhes serviu de
degrau. Tornam-se vaidosas, arrogantes, prepotentes e oniscientes. Sabem tudo,
podem tudo.
O ingrato sempre escolhe
alguém que esteja acima dele e que possa ajudá-lo a crescer ainda mais, mesmo
que para isso tenha que se submeter as mais deploráveis situações e vexames.
Tem memória fraca, esquece rápido, quer subir, mesmo que para isso tenha que
descer.
Augusto dos Anjos, poeta
paraibano, diz em versos:
“Vês! Ninguém assistiu ao
formidável
Enterro de tua última
quimera.
Somente a Ingratidão – esta
pantera –
Foi tua companheira
inseparável!
Acostuma-te à lama que te
espera!
O Homem, que, nesta terra
miserável
Mora, entre feras, sente
inevitável
Necessidade de também ser
fera.”
A ingratidão e a traição
andam juntas, são companheiras inseparáveis.
Jesus perdoou a adultera, a
prostituta e o bom ladrão, mas, não perdoou o traidor.
No mundo atual, onde os
valores éticos, morais e políticos, estão cada vez mais desvirtuados, disse
ALFONSO MILAGRO que, três coisas devemos ser: PUROS, JUSTOS E HONRADOS. E três
coisas devemos desprezar: A CRUELDADE, A ARROGÂNCIA E A INGRATIDÃO.
Aos ingratos, eis minha
catarse.
* Sebastião José Palmeira é Advogado Criminalista,
Procurador de Estado, Especialista em Direito Penal , Professor de Criminologia e
Diretor-Geral da SEUNE.
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