
Luiz Sávio de Almeida
A pequena cidade – a seu modo – concentra e tem o seu mundo rural. A atualidade é de aproximação de tudo, mediante, principalmente, o movimento e uma série de outros elementos que não cabe detalhar e, neste movimento, eu vou colocar o transporte e as viabilidades de deslocamento. O virus anda de um canto para o outro; neste sentido, ele sempre é a potencialidade do próximo ponto, pois não para; é que o virus jamais pode ser considerado como uma unidade na sua historicidade e, sim, uma coletividade. Ele é um conjunto, como significação cultural e pode ter o impacto de uma bomba, conforme a bela imagem de um manchete no The New York Times (13/04/2020), falando de mortes em um abrigo e a constatação que para os pobres é quase impossível, especialmente na condição que estavam os do abrigo, de pensar em isolamento. Estão para o virus, como se fossem desamparados da sorte, parecendo com os pobres que estão na rua por ser impossível estarem em casa ou por terem, uma casa-rua... Sei lá... Diz o jornal, na objetividade da escrita da imprensa americana: The virus is spreading where social distancy is nearly impossible. O jornal vai complementar algo de senso óbvio, um lugar que vez em quando a gente deve voltar: But there is no staying at home when you do not have one.
Como significação cultural, ele invade o cotidiano da sociedade como um todo, mas será diferente em todos os seus momentos e em cada lugar. Esta é uma situação que parece ter sido transmitida dos ricos para os pobres: é um virus de navio e avião. Ele se desenvolve na proximidade daqueles que vieram e, no meio deles, não estava qualquer morador de rua, trabalhador rural, menino de carreto no mercado. E deixou, para os pobres, este dilema: como ficar em casa se ela não existe? As ruas de rico são ruas de casamatas e as ruas dos pobres são de que? O vírus turismo, o vírus negócio foi para os barracos, maltratando um povo que já é maltratado.

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