JOSÉ MARIA TENÓRIO ROCHA
O conhecido folclorista alagoano José Maria Tenório da Rocha, com dezenas de livros publicados, adotou a cidade de Aracaju/SE como a sua nova e definitiva casa. Motivo:o competente professor que, infelizmente, não teve seu trabalho reconhecido pelas nossas autoridades , agora goza de imenso prestígio no estado vizinho, onde leciona na sua Universidade Federal.
Como o referido cidadão, muitos outros estão emigrando de nosso sofrido e esquecido estado para centros mais desenvolvidos.
Os
valores culturais de Alagoas estão indo para outras plagas em busca do
reconhecimento e da oportunidade de mostrar seus valiosos talentos. O
caso que mais chamou-me atenção é o do ilustre escritor e professor
universitário José Maria Tenório Rocha, ex- Presidente da Comissão Alagoana de Folclore.
Ele, a
exemplo de Theo Brandão, Pedro Teixeira e Railson França, lutou com
abnegação em pró da preservação e, ainda, do desenvolvimento dos poucos
grupos folclóricos existentes em nossa terra , sem contudo obter
respaldo junto às autoridades e órgãos governamentais aos seus
prestimosos trabalhos.
Presumo
que, muito magoado, nosso caro professor Zé Maria se mudou para
Sergipe, onde está residindo em Aracaju, lecionando na Universidade
Federal do vizinho e próspero estado.
Na verdade, a Cultura e a Educação alagoanas vivem uma falência total.
Prof. Dr. José Maria Tenório Rocha
SE A MORTALHA MORREU, VIVA A MORTALHA! | ||||
José Maria Tenório Rocha *
Em
pesquisas acerca dos mortos e do morrer, mestre MAYNARD (1967) informa
que apenas os mortos integrantes da classe média se enterravam com o
hábito de São Francisco; os pobres costumavam ser enterrados com mortalhas,
espécie de camisolão, ou tipo da convencional batina de padre. Assim, o
faziam – é conclusão nossa- porque seria relativamente fácil de trajar
o morto, vez que o mesmo, ao falecer torna-se rígido, dificultando o
trabalho do vestir. A prática sumamente piedosa de vestir mortos, foi profanizada acintosamente nos festejos carnavalescos de Salvador (BA), e teria acontecido não na década de 70, como quer BOCHICCHIO (2005), mas na década de sessenta do século vinte, pois já em 1964 ao ser fundado O Bloco do Jacu, pelo músico Walter Queiroz, QUEIROZ (2010(,o mesmo fala desse tipo de fantasia, nos termos: "A mortalha foi interessante pela mobilidade que tinha. Permitia uma exposição de cores muito grande e alegrava o folião. (...) A roupa não marcava o corpo, como fazem os abadás e tornava as pessoas mais misteriosas. "O que havia por baixo – enfatiza Queiroz – ficava por conta do imaginário dos apaixonados!" Para ele, o abadá (atual) não é tão criativo como a mortalha. "Pegue uma foto de hoje e compare com uma foto de dez anos atrás" O músico dá a entender que desde a fundação de seu bloco já existia tal prática do uso da mortalha. A mortalha tinha como adereço indispensável o Mamãe-sacode, espécie de espanador curto, com cabo e alça para segurar no pulso, repleto de inúmeros fios, que eram vivamente chacoalhados pelos foliões, dando maior brilho a festa. Tal adereço lembra pratica muito semelhante usada por garotas americanas do norte, que se encarregam de levar ao delírio a torcida dos times de beisebol ou outro tipo de esporte, principalmente os escolares. Em música datada de 1995, com o título Melô do Pré-Caju, a compositora e cantora aracajuana (Antonia) Amorosa, assim se expressa: "Preparei o ,mamãe sacode Tô prontinha pra dançar Tô cheinha de alegria Só vai "dá nós", oxente! Vamos arrasar!" Acreditamos que, apenas por simples esquecimento, a cantora – compositora, sempre tão atenta, deixou de citar a mortalha como fantasia, pois não nos parece que a mesma tenha deixado de ser usada em 1995 nas terras aracajuanas, pois nas mesmas terras, em 1992, surgia o bloco Curta as férias com amor, acompanhando-se da banda Asas de Águia, era o início do Pré-Caju! Tal bloco saira em 19 de junho, tendo quase todos os foliões vestidos de mortalhas; o jovem Fabiano, o organizador, para tal, distribuiu mil dessas fantasias. Pode-se desenhar um quadro de tal abertura do Pré-Caju, nos termos: Sexta-feira, 17 de julho de 1992- Entrega de bolsas do bloco no Augustu´s. Sábado, 18 de julho –Festa no Augustu´s, para sócios, com a Banda Estação da Luz e Gente brasileira. Domingo 19 de julho – Desfile do bloco Curta as férias com amor. O bloco saiu com um total de 2.000 pessoas. Para o diretor do bloco, Jorgival Porto, a festa tinha o objetivo de resgatar o carnaval de rua sergipano! Evidentemente, ao que tudo quer indicar, Porto não afirmava isso com ironia!... No ano seguinte, o Pré-Caju tomava a forma que passou a ter com quatro dias de folia, contando com cerca de 50 mil pessoas, sendo abrilhantadas pelo Trio de Dodô e Osmar, que comandava a massa trajada com mortalhas, acreditamos! Em 1994 o programador visual Pedrinho da Rocha, de Salvador, propôs a direção do Bloco Eva trocar a mortalha, por outra fantasia. Segundo Rocha, (JACOBINA, 2009: 32-35) " a primeira idéia que surgiu, foi fazer uma homenagem à capoeira. A roupa seria uma calça de capoeira e uma camiseta. Feitas as contas, a direção percebeu que ficaria caro( e) sugeriram alterações". Então Rocha foi cortando as mangas da camiseta, e as pernas da calça; que virou simplesmente uma bermuda. Durval Lélis do Asa de Águia pediu que Pedrinho batizasse a peça. "Lembrei – diz ele- que camiseta em ioruba era abadá, e assim ficou" Estava criada A fantasia que é o modelo oficial dos blocos de carnavais da Bahia.. Em 1995 a mortalha deixou de existir radicalmente! A informação firme é de Pedrinho da Rocha! Cordelista atento e bom observador dos carnavais, percebeu e registrou a mudança, não sem criticar a prática, escrevendo nos termos: "Nas linhas de um Tricordel/ Brindamos os astros, com certeza/ Pra relembrar velhos feitos/ Do carnaval com nobreza,/ Desde quando era entrudo/ Narrei um pouco de tudo/ Rimadinho, com clareza(...) ....................... ."E o negócio foi mudando! / Primeiramente o circuito,/ Sucatearam o centro. / Por motivo não fortuito/ Mortalha virou abadá, Muitos blocos nem vão lá/ Por preconceito gratuito" A forte afirmativa que assegura ter a mortalha deixado de existir a partir de 1995, carece de certos e sérios reparos.Preferimos a informação de COSTA JÚNIOR (2003:20), Quando diz: "Abadá é o traje dos capoeiristas que foi adaptado e substituiu, a partir da década de 90, as mortalhas pela sua funcionalidade, praticidade e conforto". A discordância tem base em práticas que acontecem de forma concreta como a informação contida no site"Home, Notícia, Interior", edição de 13 de fevereiro de 2010, no artigo "Tradição é marca do carnaval em Praia do Forte", litoral norte da Bahia, que diz: "Até 1993 ( a mortalha) era a vestimenta padrão de quem brincava nas ruas durante a folia", e acentua: "As mortalhas eram verdadeiras túnicas multicoloridas. Era um ícone de tal grandeza que ninguém imaginaria que elas sumiriam das ruas, do nosso carnaval, praticamente de um ano para o outro". A informação ainda assinala que no carnaval de 2010, na referida Praia do Forte a animação contou com as presenças dos blocos " Caretas" e dos "mortalhas", e assinala: "que fazem parte da tradição da festa local".Detalhe interessante é que o bloco das Mortalhas é composto apenas por mulheres, que junto a bandas de fanfarras, animam a localidade. Gordos e gordas reclamam dos abadás pelo tamanho sumário : 70 cm. X 90 cm. A área é pequena para entrar gordinhos e gordinhas. Certos gordos reclamam de discriminação, pois entrar em abadas, que mesmo sendo de tamanho G, parece com mínimo tamanho P, o que os obriga a ir de traje comum e pendurar o abada no pescoço, ou tê-lo nas mãos, dando um Atestado que não são penetras. A jornalista Francis de Oliveira (29 anos), lembra de outro grupo que também não cabe nos abadas: os turistas. "Eles têm biótipo maior do que o nosso e acabam ficando apertados também!", atesta. "Nós do Contrapeso Também sofremos com essa dificuldade de caber nos abadás e, assim como muitos gordinhos, baianos e turistas, recorremos à arte da ´costumização´. Ou seja, pegamos as camisas, levamos para a costureira e, depois de um cuidadoso enxerto de pano, fazemos com que ele passe a servir." ...Em última análise, para aquelas pessoas que não têm a menor idéia do que seja uma mortalha de carnaval e o seu funcionamento, basta tentar perceber o quadro que a seguir iremos traçar. Imagine um retângulo de tecido fino, como se fosse chita ou chitão, muito florido, com cores fortes; e com a altura de um indivíduo qualquer. Corta-se frente e costas. No retângulo corta-se simplesmente uma espécie de semi-circulo, que será a gola, onde se põe o pescoço, depois faz-se duas mangas, bastante largas. Na altura da perna, de um e de outro lado, deixa-se uma abertura para permitir a ventilação. Costura-se. Está pronta a mortalha. Cada indivíduo veste a mortalha, tendo por baixo o recurso de um short, ou bermuda, ou simplesmente uma cueca, conforme o gosto e a disposição de cada um. Além desse tipo convencional de mortalha, uma variação da mesma se apresenta: é uma espécie de saia comprida e uma camisa simples, do mesmo tecido, com uma gola e mangas folgadas. Assim é feita para permitir maior mobilidade, ventilação, praticidade, enfim. REFERÊNCIAS ALVES, Carla Manoela Mesquita. Pré-Caju, manifestação popular cultural e contradição social. Trabalho de conclusão de curso de Publicidade e Propaganda. Aracaju: UNIT,Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda 2005. Orientação do Prof. José Maria Tenório Rocha. ARAÚJO, Alceu Maynard. Folclore Nacional. Ritos, sabenças, linguagem, artes e técnicas. 2ª Ed. São Paulo: Edições Melhoramentos (1967?) BOCHICCHIO, Regina. Décadas de folia e suor. A Tarde, Salvador, 22 dez. 2005. BREJEIRA. AMOROSA. LP. Seleto, São Paulo BMG Ariola, 1995. L B Fx 3. CASTRO, Zezão. Cordelista de plantão entra no clima e conta a história da festa de momo em Salvador. A Tarde, Salvador, 3 fev.2008, PP.6-7. COSTA JÚNIOR, Fernando Almeida. A interferência da mídia no carnaval de Salvador. Salvador, Faculdade de Comunicação da Universidade da Bahia, Nov. 2003. Nota 13 à p.20. JACOBINA, Ronaldo. O mago da folia. Muito, Salvador, 16 ago.2009:32-35. PRÉ-CARNAVAL. A Tarde, Salvador, 7 fev.2010, Cad A:6. TRADIÇÃO é a marca do carnaval em Praia do Forte(BA), site Interior, Notícias, 13 fev. 2010. Acesso em 12 jul. 2010. Manifestações Folclóricas
Transmitida de geração a geração, oralmente ou na prática, algumas manifestações folclóricas de Maceió são de inigualável riqueza visual, com grande beleza plástica, coreografia e cadência. Pode-se, até, afirmar que, em Maceió, respira-se folclore o ano inteiro. Dentre os folguedos populares de Maceió, os mais significativos são: Reisado, Guerreiro, Quilombo, Pastoril, Presépio, Caboclinho, Chegança, Fandango, Taieira, Baianas, além dos torneios chamados Cavalhada e Vaquejada. Grandes Nomes do Folclore Alagoano: Silvio Romero, Júlio de Albuquerque, Pedro Teixeira, Silveira Camerino, Abelardo Duarte, Theo Brandão, Felix Lima Junior, Jose Maria Tenório Rocha, Joana Gajuru, Virgínia Moraes, Mestre Izaldino, Mestra Hilda, Mestre Venâncio, Mestre Verdelino, Mestre Benon GuerreiroÉ de tradição ibérica, assimilados e adaptado pelo nosso povo desde os primórdios da colonização. Trata das lutas marítimas entre mouros e cristãos, a exemplo das mouriscadas da Península Ibérica.Quase todo cantado e bailado, é representado numa barca arrumada especialmente para tal fim, com os participantes caracterizados conforme seus postos e patentes: Almirante, Capitão-de-Mar-e-Guerra, Mestre Piloto, Mestre-patrão, Padre-Capelão, Doutor-Cirurgião, oficiais inferiores, marujos e, na ultima parte do auto, o embaixador, os guerreiros e o Rei Mouro. Os motivos da cantoria passam a ser, quando da chegada dos cantadores no barco, as características da embarcação e as peripécias da viagem, cujo ponto alto, é a disputa entre o Patrão e o Mestre Piloto. Na ultima parte do auto, ocorre o encontro entre os "cristãos" e os "mouros", e, após a troca de embaixadas, os dois grupos entram em luta, que culmina com a vitória dos cristãos e a conversão dos mouros. BaianasOriundo do Sul de Pernambuco, este folguedo penetrou em nossa cultura, inicialmente, como clube de carnaval, fixando-se posteriormente, como função natalina. È uma modificação rural do Maracatu, em que elementos do Pastoril e dos Cocos se misturam a danças e canções de nítida influência religiosa negra, sem a participação da corte e da boneca, como caso daquele.As dançadoras, vestidas em estilizações ou adaptações do clássico traje de baiana (vestidos compridos de florões, blusas de cor, torços de seda e balangandans de imitação), dançam e fazem evoluções ao som de bombos, ganzás e outros instrumentos de percussão. Este folguedo não possui um enredo determinado, sendo constituído de uma variedade de cantigas de ritmo vivo, por isso mesmo denominadas "pancada-motor". O grupo canta uma seqüência de marchas: de entrada (ou abrição da sede), peças variadas e, por ultimo, a despedida; com nítida influência da emboladas, com temas sentimentais, líricos e amorosos. Bumba-Meu-BoiManifestação que celebra o boi, representado em quase todo o Brasil, com pequenas variações de nome e estilo.O "boi", uma armação de madeira recoberta de tecido vistoso, é conduzido por dois vaqueiros, entre danças e trejeitos no meio da multidão. Durante o auto, é comum a apresentação de pequenas coreografias relativas a outros animais. Repente, o boi é atingido por um forte golpe certeiro de um dos vaqueiros e morre. As cantorias passam, então, a deplorar a morte do animal, seguindo-se sua partilha e o banquete. Depois seja pela ciência ou feitiçaria, o mesmo ressuscita para regozijo geral. Apesar de serem figuras do ciclo natalino, os bois se transformam no Carnaval e dão um colorido especial à folia carnavalesca. Em Maceió, o Concurso de Bois, realizado pela Secretaria Municipal de Turismo, durante os quatro dias da festa de momo, já se tornou um tradição na cidade. O evento movimenta várias comunidades da cidade, onde crianças e adolescentes dedicam-se incansavelmente na preparação para o concurso. |
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