O MILAGRE DOS
PÁSSAROS
ALOISIO VILELA DE VASCONCELOS
Somos viajantes do
tempo. Estamos no Recife no dia 14 de abril de 1631, observando o conturbado
início da invasão holandesa. Vemos chegar o general Pater com quatro navios e
centenas de militares com ordens expressas da Assembléia dos XIX, da Companhia
das Índias Ocidentais, para que o Governador e o Conselho Político incluíssem
ao domínio holandês a ilha de Itamaracá.
Em 22 de abril, uma
expedição composta por quatorze navios e 1260 homens, parte para o seu destino.
Por engano, desembarcam num canal ao sul de onde pretendiam, ou seja, longe da cidade
e da fortificação e aí, após algumas explorações infrutíferas, resolvem acampar
e construir um forte.
Ato contínuo relata
Joannes de Laet, à página 206, do Livro Oitavo, de sua “História dos Feitos da
Companhia Privilegiada das índias Ocidentais, desde o seu começo até o final do
ano de 1636”: “Antes de deixarmos este forte, vamos referir um fato admirável. Um
pouco ao norte do acampamento havia uma pequena ilhota, distando menos de um tiro
de pistola, e que com a maré cheia ficava inundada, e estava coberta de
pequenos arvoredos e arbustos; nesse mato vinha aninhar-se todas as noites, às
seis horas, uma quantidade extraordinária de pássaros de tamanho regular e
pequenos, que, ao chegarem, quase faziam escurecer o céu como uma nuvem, e no
dia seguinte pela manhã, às seis horas, retiravam-se. Mas o que causou
estranheza foi que, apesar da presença tão próxima da nossa tropa e de todos os
tiros e gritos, essas aves nunca deixaram de chegar à hora habitual, até todo o
mato ficar arrasado pela nossa gente e a fortificação ser ocupada”.
Trata-se de um fato
admirável, pois sabemos que os pássaros, com o menor barulho, se assustam e
fogem desesperados. Por que, então, os pássaros de que fala Joannes de Laet, apesar
do barulho infernal causado pela máquina de guerra, a presença humana com os
gritos de ordem, de dor e de desespero, só abandonaram o local após a completa
destruição da vegetação e ocupação da fortificação?
É, realmente,
estranho. Tão estranho que não se pode hesitar em classificá-lo como um fato
milagroso, uma vez que acontecimentos milagrosos ocorrem quando o Intangível
interfere no curso normal da natureza. O homem primitivo, não
completamente destituído de razão, atribuía origem sobrenatural a certas anomalias do mundo natural. Os Livros Sagrados,
das mais diversas culturas, estão repletos de relatos de milagres e aparições e
determinados casos nos fazem crer que esta interferência no mundo físico
continuou através das diversas Idades atribuídas a nossa História – Antiga,
Média, Moderna, início e meados da Contemporânea – e continua na atualidade,
pois manifestações e aparições de Jesus e da Bem Aventurada Sempre Virgem Maria
têm aparecido em diferentes épocas, locais e materiais: a inexplicável imagem
do Santo Sudário, da tilma do índio Juan Diego e as incontestáveis aparições de
Nossa Senhora de Guadalupe, no México, de Lourdes, na França e de Fátima, em
Portugal são apenas alguns exemplos mundialmente conhecidos e famosos.
O que mais impressiona é o fato de que se
levarmos em conta o caráter rural, a complexidade do ambiente, o estímulo a
religiosidade, a consonância com a crença religiosa, a devoção a “Rainha do
Céu” e a existência de fenômenos paranormais em nosso mundo, o que Joannes de
Laet considerou como “fato admirável” obedece, rigorosamente, a alguns dos mandamentos
básicos das teofanias e aparições.
Portanto, salvo exagero
– já que não há nenhum motivo para fraude, pois Joannes de Laet era um rigoroso
protestante – não vejo nenhum absurdo em se rotular o ocorrido na ilha
pernambucana de Itamaracá como “O Milagre dos Pássaros”.
Os exércitos
holandeses e luso-espanhóis não sentiram o exuberante cheiro do perfume do
Transcendente e nem entenderam a sua doce e solene intervenção, pois
continuaram a se digladiar.
Por isso, não posso conceber
este acontecimento sem que nossa Divina Mãe, com lágrimas nos olhos, por ver
seus amados filhos se matando, não tenha exclamado o que escrito foi pelo
Profeta Jeremias em Lamentações 1, 12:
"Ó vós todos que passais pelo caminho,
parai e vede se há dor semelhante à minha dor".
PROFESSOR ALOISIO
VILELA DE VASCONCELOS
( UFAL)
http://www.aloisiovilela.com/
Boa tarde, Em nome de Aloisio Vilela de Vasconcelos, peço que por gentileza retire as fotos do mesmo e troque-as pela foto que encontra-se o perfil do facebook dele.
ResponderExcluirhttps://pt-br.facebook.com/aloisio.vasconcelos.1?hc_location=stream